Paulo Guedes, ministro da Economia (André Borges/Getty Images)
Cointelegraph Brasil
Publicado em 5 de novembro de 2020 às 11h46.
Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 17h36.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que o Brasil fará a emissão de uma versão digital do real em breve. Guedes fez a afirmação na noite da última quarta-feira (4), durante a cerimônia alusiva à marca de 100 milhões de Poupanças Digitais da Caixa Econômica Federal.
"Com o Banco Central autônomo novamente, então isso é algo extraordinário, também na dimensão digital. O Pix, o open banking, as fintechs e a moeda digital. O Brasil terá a moeda digital. O Brasil está a frente de muitos países", afirmou o ministro.
Esta é a primeira vez que o Ministro fala sobre o assunto, embora não tenha fornecido mais detalhes sobre o projeto de CBDC que vem sendo conduzido pelo BC.
CBDC é a sigla para "Central Bank Digital Currencies", ou Moeda Digital de Bancos Centrais.
O BC anunciou, em agosto, que havia montado um Grupo de Estudo para uma possível emissão de uma moeda digital equivalente ao real.
Neste sentido, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vem declarando que o Brasil precisa de um "aperfeiçoamento" na moeda e que isto se dará no âmbito do Pix.
"No nosso caso, é muito importante o Pix, porque vemos daqui para a frente a união de uma forma de pagamento instantâneo, aberto e interoperável, com um sistema de dados aberto. Onde eles se encontram em algum momento lá na frente junto com uma moeda que tem que ser aperfeiçoada", disse.
Embora o BC não tenha divulgado como funcionará efetivamente a "versão digital" do real, Campos Neto já declarou que ela deve entrar em circulação já em 2022.
Esta é a primeira vez que Paulo Guedes fala sobre o assunto, mas ainda sem fornecer grandes detalhes sobre o projeto de CBDC que vem sendo conduzido pelo BC. Apesar disso, há diversas novidades sendo anunciadas pelo ministro no sentido da digitalização e modernização da economia brasileira.
Guedes já disse que planeja uma oferta pública de ações (IPO) do recém-criado banco digital da Caixa Econômica Federal, e que o Brasil "está prestes a entrar para a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)".
O Senado brasileiro aprovou, também na quarta-feira (4), a proposta para dar mais autonomia ao Banco Central, numa tentativa de desvinculá-lo do Governo Federal e blindá-lo de pressões político-partidárias.
Além disso, o debate sobre a CBDC acontece em um momento especial para a digitalização da economia brasileira. Na terça-feira (3), o sistema de pagamento digital instantâneo do Banco Central, o Pix, registrou suas primeiras transações — o lançamento oficial do novo sistema está marcado para o dia 16 de novembro.
Pelas declarações do BC, o "real digital" deve ser usado principalmente em operações de câmbio.
"A possibilidade de você fazer um Pix fora do Brasil está na agenda evolutiva do projeto, mas não para o ano que vem", destacou o diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC, João Manoel de Mello.
Nesta mesma linha, Aristides Andrade Cavalcante Neto, chefe-adjunto do departamento de tecnologia da informação do BC, também destacou que a CBDC do Brasil deve estar ligada a processos cambiais.
"Os bancos centrais têm estudado a importância sistêmica dos pagamentos digitais. Há jurisdições com oligopólios como na China, onde operam WeChat e Alipay, ou na Suécia, mercado dominado por um consórcio de bancos. No Brasil, a CDBC será um meio alternativo para o turista estrangeiro usar a moeda local sem precisar abrir uma conta para acessar o Pix”, explica Cavalcante.