Brasil pode integrar vanguarda do mercado cripto em 2023 (Madrolly/Getty Images)
Cointelegraph Brasil
Publicado em 26 de dezembro de 2022 às 09h09.
O ambiente regulatório favorável, a sinergia entre os reguladores e as empresas privadas e o crescimento sustentado da adoção fazem do Brasil um dos países mais amigáveis às criptomoedas em todo o mundo, destacou uma publicação da gestora global VanEck sobre as perspectivas do mercado para 2023.
Intitulado "11 Previsões sobre as criptomoedas para 2023", o texto assinado pelo head de pesquisa de ativos digitais da VanEck afirma ainda que o Brasil pode se tornar o pioneiro na tokenização de parte de sua dívida soberana, visto que o país tem se mostrado um dos mais inovadores e receptivos à digitalização de ativos através da tecnologia blockchain.
Siegel destacou ainda o papel relevante que a regulação pode desempenhar para criar as condições necessárias para o desenvolvimento do setor:
"Os reguladores brasileiros têm sido agressivos e têm oferecido às empresas privadas um Sandbox para experimentação nesta área."
O especialista faz referência direta à entrada de grandes instituições financeiras nacionais no mercado para expandir a oferta de produtos financeiros tradicionais através da tokenização:
"O Itaú Unibanco planeja lançar uma plataforma de tokenização de ativos para transformar produtos financeiros tradicionais em tokens e oferecer serviços de custódia [de ativos digitais ] para os seus clientes.
Além do Itaú, citado por Siegel, na semana passada o braço brasileiro do banco Santander faz primeira emissão mundial de debêntures tokenizadas no segmento de parking.
O BTG Pactual, maior banco de investimentos da América Latina, também foi pioneiro do setor de tokenização no Brasil ao lançar o ReitBZ em 2019. Trata-se de um secutiry token, ou seja, um token em blockchain garantido por valores mobiliários. O ReitBZ foi a primeira iniciativa do tipo a ser realizada por uma grande instituição financeira da América Latina e também o primeiro do setor bancário no mundo, além do primeiro token a pagar dividendos de imóveis.
A abertura da população brasileira e latino-americana a novas modalidades de produtos e serviços financeiros, assim como a precariedade da economia dos países da região, também têm tido uma contribuição decisiva para o crescimento do mercado de criptomoedas por aqui, destacou o especialista:
"Com inflação persistente e uma população jovem, a América Latina está registrando taxas de adoção de criptomoedas e stablecoins mais aceleradas do mundo."
Siegel também traça um possível cenário de altos e baixos para o desempenho do preço do bitcoin no ano que vem. Uma nova onda de falência de mineradores deve ocorrer nos primeiros meses de 2023, desencadeando novas desvalorizações até que o preço do bitcoin forme um fundo entre US$ 10.000 e US$ 12.000, de acordo com o especialista.
Outro fator que deve contribuir para que o mercado atinja as mínimas do atual ciclo de baixa é a provável vitória da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) sobre a Ripple nos tribunais. Segundo Siegel, o precedente aberto pela vitória da SEC sobre a LBRY – uma rede de compartilhamento de arquivos baseada em blockchain e serviço de pagamentos cujo token nativo foi declarado como um valor mobiliário em novembro deste ano – indica que as chances de que a Ripple saia vencedora diminuíram sensivelmente.
No entanto, a partir da segunda metade do ano que vem podem ser restabelecidas as condições para uma reversão da atual tendência de baixa rumo a um novo ciclo de alta das criptomoedas.
A partir do início do verão no Hemisfério Norte, Siegel visualiza um cenário macroeconômico e geopolítico de inflação controlada, com afrouxamento da política monetária do Fed e sem gargalos energéticos, além de uma possível trégua na guerra da Rússia contra a Ucrânia.
"A mera falta de más notícias intrínsecas à indústria de criptomoedas diante do cenário descrito acima, pode fazer com que o preço do Bitcoin suba novamente para a faixa de US$ 30.000", previu o especialista.
Embora o colapso do ecossistema Terra (LUNA) possa ser considerado o mais retumbante fracasso da indústria em 2022, desencadeado pela perda da paridade com o dólar da stablecoin algorítmica TerraUSD (UST) – agora TerraUSD Classic (USTC) –, um novo experimento neste sentido tende a ser bem sucedido, segundo Siegel.
Ressalte-se que o caso do UST não foi o único. Diversas outras stablecoins algorítmicas falharam ao longo do atual inverno cripto, incluindo o AcalaUSD (aUSD), o Neutrino USD (USDN) e o USN, do Near Protocol, entre outras menos eminentes.
Siegel cita a GHO, stablecoin lançada pelo protocolo de empréstimos DeFi Aave (AAVE) como uma das candidatas a alcançar ao menos US$ 1 bilhão em capitalização de mercado. Segundo o especialista, existe uma demanda do mercado por uma stablecoin verdadeiramente descentralizada e, portanto, resistente à censura e à apreensão por parte de reguladores ou entidades governamentais.
Siegel prevê também que o atual presidente da SEC, Gary Gensler, deixará o cargo depois que sua proposta de regulação do setor não receba amplo suporte nem do Congresso e nem da indústria.
Os jogos em blockchain saltarão de 2 milhões para 20 milhões de usuários assim que novos jogos focados na jogabilidade e no entretenimento forem lançados. O Twitter deve avançar com seus planos de implementar um sistema de pagamentos alternativo para concorrer com o Venmo e o CashApp.
A rede Ethereum vai habilitar o saque do ether mantido em staking na Beacon Chain. E, por fim, alguma nação, adotará o bitcoin ou outros ativos digitais ao seu fundo soberano de reservas internacionais.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, entre todas as previsões da VanEck, a mais próxima de se concretizar diz respeito aos saques da Beacon Chain. A implementação da atualização Shangai, que vai habilitar as retiradas, está agendada para ocorrer em março de 2023, de acordo com os desenvolvedores da rede.
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