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Brasil lidera adoção de novos meios de pagamento com Pix; carteira digital ganha espaço

Pesquisa da Accenture mostra que país tem uma alta adesão à ferramenta do Banco Central, mas ainda tem oportunidade com carteiras digitais

Pix faz com que Brasil lidere na área de inovação de meios de pagamento (alengo/Getty Images)

Pix faz com que Brasil lidere na área de inovação de meios de pagamento (alengo/Getty Images)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 13 de julho de 2023 às 09h00.

A Accenture, uma das principais empresas do mundo na área de consultoria digital, realizou um estudo que mostra que o Brasil é um dos líderes globais na adoção de novos meios de pagamento, graças ao sucesso do Pix. O levantamento, divulgado com exclusividade para a EXAME, também mostra o sucesso das carteiras digitais, que são a "opção de meio de pagamento de próxima geração mais popular" no momento.

O estudo entrevistou pessoas no Brasil e em outros países para entender os atuais hábitos de uso de meios de pagamento. O Brasil superou a média global de uso de cartão de débito - 70% contra 64% -, cartão de crédito - 72% contra 48% - e conta a conta (A2A) - com 69% contra 10%. É nessa última categoria que entra o Pix, lançado há menos de três anos.

Em entrevista à EXAME, Edlayne Burr, diretora executiva e líder de Estratégia para Pagamentos da Accenture na América Latina, destacou que "o Brasil ocupa uma posição de destaque, estando entre os maiores mercados de pagamentos eletrônicos mundiais e registrando um crescimento consistente de dois dígitos ao longo dos últimos anos".

Ela explica que o Brasil "também apresenta maior representatividade em comparação com a média mundial na utilização de cartões de crédito, débito e pagamentos instantâneos. Esse desempenho é impulsionado principalmente pela consolidação da utilização de cartões - crédito, débito e pré-pago - e a ampla e rápida adoção de novas soluções", incluindo o Pix e carteiras digitais.

Os dados da Accenture mostram que, atualmente, o Brasil possui o segundo maior mercado do mundo em adesão a ferramentas de pagamentos instantâneos, perdendo apenas para a Índia. Ele também está na segunda colocação nas áreas de volume financeiro transacionado e número de transações por habitante, atrás do Reino Unido e Tailândia, respectivamente.

"Existem diversas causas que contribuem para esse desempenho expressivo do Brasil no uso de meios digitais para pagamentos. O brasileiro se mostra mais propenso a experimentar e adotar novas soluções e tecnologias, sendo que o Brasil aparece juntamente com China e Índia à frente no cenário mundial na adoção de novos meios de pagamentos", destaca a executiva.

Além disso, ela avalia que os brasileiros têm níveis de confiança mais elevados em relação às instituições financeiras não tradicionais, o que ajuda na adesão maior a novos meios de pagamento. Graças a essa combinação de fatores, o Brasil antecipou a tendência global de adoção de meios de pagamento entre contas, que ganha espaço apenas agora no resto do mundo.

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Carteiras digitais

A nível global, as carteiras digitais são classificadas pela Accenture como a nova opção de pagamento mais popular entre usuários. A adoção a essa ferramenta no Brasil é um pouco menor que a média global: 56% contra 50%. Já a China lidera esse segmento, com soluções como o WeChat e o Alipay.

O estudo define uma carteira digital como "uma aplicação que permite a você pagar a partir de um dispositivo móvel, e assim dispensar as pessoas de portarem seus cartões.  Ela armazena com segurança suas informações de pagamento e senhas. Você entra e armazena seu cartão de crédito, débito ou dados de sua conta bancária no seu smartphone ou tablet. A partir daí, você pode usar seu aparelho para realizar os pagamentos".

Burr explica que "o crescimento do uso de carteiras digitais pode ser atribuído a diversos fatores. A pandemia de Covid-19 acelerou a digitalização dos pagamentos pela demanda dos consumidores por pagamentos sem contato físico, impulsionando o uso de tecnologias como NFC e carteiras digitais".

"Somando o desenvolvimento da tecnologia, que permitiu a utilização de carteiras digitais embarcadas, e a evolução das formas de identificação, como autenticação digital e reconhecimento facial para pagamentos", a experiência de pagamento com carteiras digitais está "cada vez mais fluída e conveniente para os usuários".

A executiva da Accenture observa ainda que "a maioria das carteiras digitais está vinculada a um cartão de crédito ou débito e utiliza as mesmas redes tradicionais de cartões para processar as transações. Assim, ocorreu a digitalização dos cartões de débito ou crédito existentes dos consumidores".

A pesquisa da Accenture mostra ainda que rapidez, segurança e conveniência são os atributos mais citados pelos usuários de carteiras digitais para explicar o seu uso. Mesmo assim, Burr avalia que ainda existem desafios que precisarão ser superados para expandir a adoção no Brasil.

"Um dos principais obstáculos é o de segurança. Embora tenham ocorrido melhorias significativas nesse tema, o surgimento constante de novos golpes e fraudes representa uma preocupação latente por parte dos usuários, o que acaba impactando na adoção das soluções", afirma.

Outros pontos identificados pela Accenture incluem uma experiência de pagamento lenta ou com falhas, falta de infraestrutura para aceitar o meio de pagamento, dificuldade de associar carteiras digitais com cartões e uma complexidade alta para fazer compras online.

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Criptomoedas

Os entrevistados também foram questionados sobre a compra de criptomoedas. Entre os que investiram nesses ativos, 28% disseram que a razão foi para ter um investimento de longo prazo, enquanto 22% citaram curiosidade sobre esses ativos e 21%, especulações de curto prazo e propósitos comerciais.

Já 17% afirmaram que realizaram o investimento para ter acesso a métodos de pagamento alternativos, e 12%, para uso em pagamentos no exterior. Na avaliação da Accenture, "a recente volatilidade das criptomoedas poderia diminuir o ritmo de sua adoção, ao menos até o mercado se tornar mais regulamentado".

"As moedas digitais dos bancos centrais (CBDCs) poderiam eventualmente emergir como uma alternativa, mas a implantação em larga escala ainda vai demorar anos", pondera a empresa. Atualmente, o Brasil desenvolve uma CBDC própria, o Real Digital. Mas, a nível global, o estudo cita uma "falta de padronização e a complexidade para harmonizar regulamentações entre jurisdições podem impedir o uso de CBDCs em transações internacionais".

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