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Contra colapso, hospital público da Paraíba adota solução em blockchain

Hospital Universitário da Paraíba utiliza solução em blockchain para consultas à distância de pacientes recorrentes e evitar superlotação durante a pandemia

 (Piranka/Getty Images)

(Piranka/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 15 de março de 2021 às 17h41.

Última atualização em 17 de março de 2021 às 11h08.

Para tentar driblar o colapso que se aproxima do sistema público de saúde em todo o Brasil, devido à explosão de casos de coronavírus, o Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba (HULW-UFPB) anunciou a adoção de um sistema em blockchain para a realização de consultas online.

A plataforma de telemedicina TelerRim integra tecnologia desenvolvida pelo Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (Lavid), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), ao projeto Video for Health (V4H), uma plataforma de videocolaboração para telessaúde, que possibilita o registro dos atendimentos remotos de forma mais segura.

O projeto Video for Health é coordenado pelo professor Guido Lemos, do Centro de Informática (CI) da universidade. Ele atuou no desenvolvimento do middleware Ginga — adotado como padrão no Sistema Brasileiro de Televisão Digital e em vários outros países da América Latina e da África.

Por meio do TelerRim, o paciente pode ser atendido via telefone celular ou computador. Inicialmente, entre 10% e 20% da agenda médica dos nefrologistas do Hospitakl Lauro Wanderley, que vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh/MEC) desde 2013, será dedicada a essa modalidade.

Posteriormente, esse percentual deve chegar a 50% das consultas. As chamadas de vídeo contam com certificação digital, gravação dos atendimentos e preservação dos conteúdos em uma rede criptografada.

Além do vídeo do atendimento, essa plataforma traz a possibilidade de que sejam enviados exames, receitas e atestados.

Blockchain

O primeiro teste com a nova plataforma foi realizado com uma paciente de Patos, na Paraíba, que é assistida pela nefrologista Cristianne da Silva Alexandre.

Ela foi diagnosticada com síndrome nefrótica e é acompanhada pelo Hospital Universitário desde 2016. No início do tratamento, ela se deslocava ao HULW todos os meses. Depois, quando passou a tomar a medicação prescrita pela especialista, as consultas passaram a ser a cada dois meses.

Ao ser atendida de forma remota, por meio do V4H, a paciente contou que teve um grande benefício porque a viagem para o hospital é muito cansativa, com 5 horas de estrada. “Ter essa tecnologia ajudou bastante. Quando a médica me propôs o teleatendimento, eu achei uma proposta maravilhosa”, comentou Odésia Dantas Costa.

Segundo a médica Cristianne Alexandre, Odésia sempre teve dificuldade para se deslocar de Patos à capital João Pessoa (que fica a 300 quilômetros da cidade sertaneja) para ser atendida no HULW.

“Esse serviço nasce com o objetivo de reduzir a distância entre o médico e o paciente. No nosso caso, o paciente portador de doença renal”, disse a nefrologista do HULW. Inicialmente, os pacientes que já fazem acompanhamento no Hospital Universitário vão poder marcar seu retorno e serem atendidos por teleatendimento através da plataforma desenvolvida pelo Lavid.

TelerRim

O TelerRim é um piloto de um projeto maior, que está sendo desenvolvido pela Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP) do Hospital Universitário. A expectativa é que, de forma progressiva, a plataforma V4H contemple outras especialidades.

"Nosso objetivo é expandir o projeto para outras especialidades, trazendo inovação tecnológica e qualidade no atendimento. O maior sonho é levar o HULW além dos muros e, em parceria com a Ebserh, conectar nossa rede de hospitais, facilitando o acesso através de canais seguros e ágeis”, afirmou Eduardo Fonseca, gerente de ensino e pesquisa do HULW.

A plataforma desenvolvida pelo Lavid/UFPB inclui funcionalidades de gerenciamento de chamadas de vídeo, gestão e autenticação dos usuários, captura e processamento de áudio e vídeo, confidencialidade no tráfego dos dados, gravação segura (com criptografia), autenticação da mídia pelos participantes, registro na blockchain e preservação pelo tempo que for necessário para recuperação dos vídeos gravados.

Além das questões de segurança e preservação do vídeo, o sistema permite o envio de documentos oficiais, como receitas e atestados.

O projeto é apoiado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) em parceria com pesquisadores do Lavid/UFPB, do Telessaúde São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de São Paulo (USP), do Incor-SP e da startup Dynavideo.

Além do Hospital Universitário Lauro Wanderley, o projeto V4H está sendo testado no núcleo de Telessaúde SP da Unifesp, no Incor-USP, na Faculdade de Odontologia da USP, no Hospital Militar São Paulo, e na Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba. O sistema pode ser uma ferramenta importante em um momento no qual os hospitais sofrem com superlotação e déficit de vagas por causa da pandemia.

por Cointelegraph Brasil

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