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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2020 às 22h37.
Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 19h33.
O blockchain é considerado por alguns especialistas como a inovação tecnológica mais importante desde a criação da internet. Ele pode ser descrito como uma rede de registros de informações distribuídos que sofrem alterações através de blocos de transações protegidas por criptografia, conectados uns aos outros, e que não podem ser alterados ou excluídos depois de sua verificação. Essa tecnologia tem tudo para representar uma grande disrupção na economia global.
Muita gente enxerga o blockchain apenas como uma das tecnologias que possibilita o funcionamento do Bitcoin. No começo, essa era de fato a principal aplicação. No entanto, com sua evolução, essa tecnologia mostrou um potencial de uso muito maior do que somente transacionar criptomoedas.
Para se ter uma ideia, a estimativa é que o mercado global de aplicações da tecnologia blockchain acumule US$ 20 bilhões em receita até 2024. Mas como ela vai acumular esse valor? Como funcionam efetivamente as redes blockchain?
Não há somente um blockchain. E esse é o primeiro e principal ponto a ser compreendido. Para muita gente isso ainda é confuso, mas blockchain é apenas um termo para as tecnologias de registros distribuídos (em inglês chamadas de distributed ledger technology, ou DLT) e cujas alterações desses registros são efetuadas por transações que são organizadas em blocos conectados.
A primeira rede blockchain foi a do Bitcoin, depois foram criadas outras criptomoedas, como o Litecoin e o Dogecoin, por exemplo. Porém, essas redes podem ser programadas para rastrear e registrar qualquer tipo de valor, não apenas transações financeiras, mas também escrituras de imóveis, ações da bolsa de valores, identidades digitais, registros de uma cadeia de suprimentos, gestão de dados, etc. As possibilidades são imensas.
De forma geral, o blockchain pode reduzir os custos de instituições bancárias com infraestrutura, podendo gerar uma economia expressiva, principalmente pela eficiência operacional que a tecnologia traz para os processos de confirmação e autenticação de transações.
O blockchain armazena periodicamente informações de transações em lotes, chamados blocos. Esses blocos recebem uma impressão digital chamada hash – um código matemático único – e são interligados em um conjunto em ordem cronológica, formando uma linha contínua de blocos – uma corrente (daí o termo “chain”).
Se alguém tentar fazer alguma mudança em um dos blocos passados, ele não é reescrito. Mas pode ser enviada uma nova transação, que será analisada e incluída em um novo bloco de informações.
Vamos a um exemplo para tornar esse conceito mais claro:
Uma empresa agrícola fez a compra de um trator em três parcelas de R$ 50 mil, de um fabricante internacional que aceita pagamentos por uma criptomoeda criada utilizando-se a tecnologia blockchain. Para o pagamento da primeira parcela, a empresa irá enviar uma ordem de transferência da sua carteira para a carteira do fabricante, no montante correspondente.
Esta informação será propagada pela internet e todos os participantes desta rede blockchain validarão se esta transferência é válida. Isto é, se a carteira da empresa possuía, no momento do envio da ordem, saldo na sua carteira. Caso positivo, esta transferência será validada e adicionada a um bloco futuro. As informações da transferência ficarão então registradas neste bloco. A segunda parcela, será realizada numa nova transação, e não adicionada ao mesmo bloco da primeira, mas em um novo bloco, que pode ser muitos blocos no futuro.
Esse método é baseado em um formato tradicional de contabilidade financeira registra todas as mudanças de informação de transações de valores, que pode ser em registro analógico, em papel, ou até mesmo em um banco de dados digital. As principais diferenças residem no fato de que agora, com o blockchain, esse processo é descentralizado, 100% digital, tem um consenso de rede e é totalmente criptografado.
Isso garante mais confiança, eficiência e segurança. Por quê? Bom, cada transação é verificada ao mesmo tempo por vários computadores diferentes, sendo praticamente impossível adulterar dados por algum interesse criminoso. Isso abre caminho para novas formas de negociação de bens e serviços em uma economia digitalizada e interconectada.
Como falamos acima, um bloco possui uma identidade digital única chamada hash. Ele identifica um bloco e o que ele contém e não pode ser copiado ou duplicado, assim como uma impressão digital humana. Qualquer mudança dentro do bloco gera um novo hash. Isso significa que o hash é importante para detectar tentativas de mudanças nos blocos.
Mas o que isso tem a ver com SHA-256? SHA-256 é um mecanismo que gera um hash a partir de um conjunto de dados. SHA é a abreviação de “secure hash algorithm” (algoritmo de hash seguro) e o 256 e a quantidade de bits do hash. O importante aqui é entender que SHA-256 é uma das formas mais seguras de se encriptar um conjunto de dados, o que torna as redes que utilizam blockchain bastante seguras neste aspecto.
Explicaremos como o blockchain do Bitcoin funciona. Em poucas palavras, as transações transcorram da seguinte forma:
Entender o funcionamento do blockchain do Bitcoin é um passo essencial para entender o conceito por trás dessa tecnologia revolucionária que pode realmente mudar a sociedade, a política e a economia do planeta.
Agora o próximo passo consiste em entender como as empresas, organizações governamentais, ONGs e outras instituições podem aproveitar a força disruptiva da tecnologia blockchain para criar novas realidades, com maior segurança digital e confiabilidade entre as partes envolvidas em transações.