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Bitcoin contraria expectativas e apaga ganhos após Fed aumentar taxa de juros nos EUA

Banco central norte-americano anuncia redução em postura agressiva contra a inflação no país; expectativa era que medida poderia beneficiar cotação do bitcoin

Bitcoin apaga ganhos da semana (imagem/Shutterstock)

Bitcoin apaga ganhos da semana (imagem/Shutterstock)

Em dia de superquarta, o bitcoin e as principais criptomoedas apagam ganhos dos últimos dias. A expectativa era que o otimismo de investidores aumentasse ainda mais com a confirmação de um alívio monetário nos Estados Unidos. No entanto, a notícia não teve o impacto esperado na tarde desta quarta-feira, 14.

A taxa de juros norte-americana subiu 0,50%, indicando uma postura menos agressiva do banco central norte-americano contra a inflação no país, que chegou a bater o recorde dos últimos 40 anos no início de 2022.

“O mercado já contava com o aumento de 0.50% na meta de juros básicos nos EUA, o que realmente se confirmou hoje à tarde. O aumento de hoje marca uma desaceleração no aumento de juros nos EUA em relação aos últimos quatro aumentos em 2022 que foram de 0.75%. Com a elevação de hoje, a meta de juros básicos nos EUA passa a ser uma taxa entre 4.25% e 4.5% ao ano – o maior nível da taxa de juros em 15 anos”, explicou Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad.

Cotado a US$ 17.802, o bitcoin sobe 0,7% nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinGecko. No início do dia, este número era significativamente maior. Apenas na última hora, o preço da maior criptomoeda do mundo caiu 0,2%.

Já o ether, criptomoeda nativa da rede Ethereum, é cotada a 1.306, com queda de 0,6% nas últimas 24 horas.

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Historicamente, aumentos agressivos na taxa de juros geram aversão ao risco e prejudicam a cotação de ativos do gênero, como ações e criptomoedas, que passam por um mau momento em 2022. Por isso, ainda se espera que ativos de risco como ações e criptomoedas se beneficiem com o aumento menos agressivo anunciado pelo Fed.

Conforme foi muito especulado por especialistas e investidores, o otimismo gerado pelo aumento menor que os últimos já estava sendo precificado pelo mercado há alguns dias.

“Agora há um estresse, porque essa alta foi precificada antes, e houve um comentário onde se espera que os juros permaneçam altos até 2024. Essa informação gera um leve estresse no mercado, porque o mercado já havia precificado desde que saiu o SPI ontem, o mercado se antecipou a esse anúncio de hoje, ou seja, já estava precificado, e agora há uma leve correção em todos os mercados, inclusive nas criptomoedas”, explicou Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move.

O Índice de Medo e Ganância, que serve para medir o sentimento do mercado cripto e auxiliar em decisões de compra e venda, está em – pontos, sinalizando “medo” por parte de investidores.

Com a próxima reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto dos EUA (FOMC) agendada apenas para fevereiro de 2023, a última decisão monetária do ano abre espaço para que o otimismo possa retornar ao mercado cripto, conforme outros problemas do setor, como a queda da FTX, vão ganhando uma resolução com a prisão do ex-CEO, Sam Bankman-Fried.

“Com isso, com a estabilização dos juros, a gente tende a ter um 2023-2024 levemente mais positivo para os mercados e acredito que uma nova onda de alta, uma nova recuperação e novos topos históricos possam vir em 2025-2026, apenas. Os próximos anos serão para evitar uma possível recessão de mercado, uma possível recessão econômica, que seria pior”, disse Tasso Lago.

Análise técnica, por Lucas Costa*

"O bitcoin tem leve recuperação nas últimas quatro semanas, após a queda expressiva de novembro, já amplamente discutida. O movimento de recuperação se intensificou no dia de ontem com os últimos dados de inflação ao consumidor.
Segundo a equipe de Macro e Estratégia, o CPI de novembro teve uma alta de 0,10% na comparação mensal, uma leitura de 20 bps abaixo do que o mercado esperava. A surpresa vem pelo segundo mês consecutivo. Na leitura anual, o indicador saiu de 7,7% a/a para 7,1% a/a. A leitura do núcleo do CPI (excluindo os bens mais voláteis) teve uma alta abaixo do esperado de 0,20% m/m.

(BTG Pactual Digital)

Os dados de inflação abaixo do esperado trouxeram um alívio para o mercado essa semana, ainda que pontual. O gráfico abaixo mostra a reação animadora do S&P500 e do Bitcoin durante o dia de ontem (gráfico de 15 minutos).

(TradingView)

O movimento de ontem pode ser visto como algo pontual, apesar de trazer um sentimento melhor do que o da semana anterior. Enquanto o S&P500 estiver em um movimento de queda no gráfico semanal, fica difícil ter um bom cenário para os ativos de risco como o bitcoin. A melhora deve vir no segundo semestre de 2023, com o movimento de corte de taxa de juros nos EUA.

O mês de dezembro começou com uma alta de 5% para o bitcoin, correção ainda tímida depois da queda de aproximadamente 16% no mês de novembro. A tendência é de baixa no médio e curto prazo, mas perdeu força com a superação do último fundo perdido em US$ 17.500.

O movimento de queda não teve continuidade e acompanhamos uma contração de volatilidade, com diminuição do deslocamento do preço, que não forma novos topos, mas também não renova mínimas. O movimento de recuperação pode ganhar força caso a principal cripto volte a trabalhar acima dos US$ 19.100, com objetivo na média móvel de 200 períodos e na retração de Fibonacci em US$ 23.150. O cenário dos prazos maiores é de baixa, mas podemos ter algumas oportunidades no tático, caso o preço forme um fundo mais alto que o anterior."

(TradingView)

*Lucas Costa é mestre em administração e economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora, atuou como pesquisador acadêmico e professor nas temáticas de blockchain, criptomoedas e comportamento de consumo, sendo um dos fundadores do grupo de pesquisa Blockchain UFJF. Foi operador de câmbio em mesa proprietária com foco em análise técnica, e trader pessoa física em mercado futuro. Atualmente, é analista técnico CNPI do BTG Pactual digital, e apresenta a sala ao vivo de análises de maior audiência do Brasil.

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