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Bitcoin completa 14 anos: ainda vale a pena investir?

Chamado de white paper, documento que marcou o lançamento do bitcoin em 2008 completa 14 anos em 31 de outubro; apesar de volatilidade alta, a 1ª criptomoeda apresentou valorização surpreendente no período

O bitcoin chegou a valer US$ 69 mil em 2021 (Reprodução/Unsplash)

O bitcoin chegou a valer US$ 69 mil em 2021 (Reprodução/Unsplash)

Em um mundo cada vez mais digital, uma moeda adequada para a era da internet se fez necessária. Pioneiro, o bitcoin deu início a uma classe de ativos completamente nova. Mas tudo começou com um protesto contra o sistema financeiro tradicional.

Há pouco mais de uma década, ninguém esperava que uma moeda digital fosse existir. 14 anos depois, elas existem e já se tornaram um mercado de trilhões de dólares. Tudo mudou em 31 de outubro de 2008, quando o bitcoin foi lançado.

Antes disso, fóruns da internet já discutiam sobre a possibilidade de uma moeda digital. Então, nesta data, uma personalidade anônima sob o pseudônimo Satoshi Nakamoto publicou o que ficou conhecido como o white paper do bitcoin.

Um white paper é um documento que detalha um projeto e seus objetivos. No caso do bitcoin, foram apenas 9 páginas explicando a ideia do que viria a ser a primeira criptomoeda do mundo.

Definido por Satoshi Nakamoto como um “sistema de dinheiro eletrônico ponto a ponto”, o bitcoin foi desenvolvido como um protesto ao sistema financeiro tradicional.

A ideia foi criar um dinheiro totalmente digital que pudesse ser transacionado sem a necessidade de um intermediário ou autoridade central, como os bancos e governos.

(Mynt/Divulgação)

Com a ajuda de um desenvolvedor chamado Hal Finney, em 2009 o projeto do bitcoin foi colocado em prática. O primeiro bloco da rede Bitcoin, chamado de “bloco gênese” foi minerado no dia 3 de janeiro de 2009.

No código do bloco gênese, o criador da primeira criptomoeda do mundo deixou um recado oculto: a capa do jornal britânico The Times do dia 03 de janeiro de 2009, que dizia que Alistair Darling, então chanceler do exército do Reino Unido, estava considerando um segundo resgate para os bancos da região, o que realmente aconteceu um ano depois.

Ou seja, o projeto do que veio a se tornar a primeira criptomoeda e a primeira implementação bem-sucedida e em massa da tecnologia blockchain surgiu a partir de um protesto contra o sistema financeiro tradicional, em meio a crise do subprime.

Naquela época, cada bitcoin valia 0, um valor bem diferente de sua máxima histórica, atingida em novembro de 2021, quando a criptomoeda chegou a ser cotada a mais de 69 mil dólares.

Atualmente, a primeira criptomoeda do mundo opera em queda de quase 60% em 2022 e faz pessoas em todo o mundo se questionarem se ainda vale a pena investir no ativo. Cada bitcoin é cotado a US$ 20.414 no momento, segundo dados do CoinMarketCap.

Por que o bitcoin valorizou tanto?

Desde seu lançamento, a valorização de 31056% pode ser explicada por uma série de razões.

O bitcoin é a primeira implementação bem sucedida e em massa da tecnologia blockchain. É por meio dessa tecnologia que a transparência e imutabilidade das transações é garantida e o problema do gasto duplo é solucionado.

Ou seja, quando uma pessoa manda bitcoins para outra, o blockchain registra a transação e evita que essa pessoa volte a gastar novamente o mesmo dinheiro, fator que impedia a utilização de moedas digitais até então.

Na rede do Bitcoin, as transações são validadas por meio da mineração em um mecanismo chamado de Proof-of-Work, ou prova de trabalho em português.

Desta forma, vários computadores extremamente potentes usam o seu poder computacional para resolver problemas matemáticos complexos, chamados de hash. Os que conseguirem resolver primeiro, ganham recompensas financeiras – em bitcoin.

Isso quer dizer que a própria rede utiliza a matemática e a tecnologia para dispensar intermediários, eliminando assim uma série de riscos de fraude e garantindo a segurança das transações.

Mesmo com o valor alto, o investimento em bitcoin se popularizou a partir dos “satoshis”, que são frações da criptomoeda, assim como os centavos.

Além disso, o bitcoin tem um limite de 21 milhões de unidades e a cada quatro anos a emissão de novos bitcoins é cortada pela metade em um processo chamado de halving. Isso garante a escassez, fator importante para a valorização.

O bitcoin também e a primeira moeda puramente digital, feita para a era da internet. Ele não tem país, governo ou instituição por trás e todo mundo pode fazer transações com ele, inclusive entre países, de forma instantânea.

Tudo isso conquistou uma legião de investidores e entusiastas, fazendo com que o valor de mercado do bitcoin chegasse aos atuais US$ 391 bilhões.

Ainda vale a pena investir?

Para especialistas, o fato de a tecnologia ainda estar em seus primeiros passos abre margem para que muitas oportunidades de investimento sejam criadas. No mundo das finanças e da tecnologia, 14 anos podem representar muito pouco tempo.

De acordo com Vitalik Buterin, criador da Ethereum, 2º maior blockchain do mundo depois do Bitcoin, o setor de criptoativos ainda não estaria “maduro o suficiente”.

“Com poucos anos de existência, ainda é muito cedo para entender quais podem ser os limites para a aplicação do Bitcoin. Ao longo dos anos, a narrativa em torno do criptoativo evoluiu muito, saindo de um sistema eletrônico de dinheiro ponta a ponta para uma possível reserva de valor em poquissímo tempo, de forma bem diferente do que houve com o ouro, que demorou séculos para se consolidar como tal”, explicou Lucas Josa, analista do BTG Pactual, em entrevista à EXAME.

“No fim das contas, o mercado financeiro tradicional enxerga cada vez mais possibilidades para a aplicação do Bitcoin e de sua tecnologia, que podem ser utilizados para trazer mais dinamicidade para o funcionamento de sistemas tradicionais e, até mesmo, ser utilizado como parte de uma estratégia de tesouraria. E quando olhamos para tudo isso, caso a demanda pelo ativo continue crescendo, podemos ter um aumento em seu preço”, concluiu.

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