Instituição também desenvolve o Real Digital (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
O Banco Central do Brasil (BC) não vê nenhum problema nas instituições financeiras oferecendo negociações de bitcoin e criptomoedas para seus clientes, segundo declarou o Diretor do Banco Central do Brasil, Fábio Araújo, durante palestra em um curso promovido pelo Mercado Pago e a escola de negócios Saint Paul.
Segundo Araújo, os bancos são regulados e já atendem diversas diretivas do BC e de outros reguladores, portanto, eles são seguros e não devem oferecer investimento em criptoativos para clientes sem o devido aviso sobre os riscos e volatilidade do mercado.
"Se os bancos vão lançar negociações de criptoativos, não vemos problemas nessa questão, pois essas são instituições reguladas e seguras", declarou.
Araújo afirmou ainda que as instituições financeiras devem aguardar a aprovação da Lei das Criptomoedas para 'entrar de vez' no mercado de criptoativos. Atualmente a Lei aguarda votação na Câmara dos Deputados antes de ir para sanção presidencial.
Entre os bancos, atualmente BTG Pactual, Nubank e Mercado Pago oferecem negociações diretas de bitcoin e criptomoedas para seus clientes. Além deles, Santander e Itaú já anunciaram planos de entrar neste setor.
Embora o cenário aponte para um concorrência direta entre bancos e exchanges de criptomoedas, recentemente o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) declarou que não há qualquer indício de competição entre bancos tradicionais e empresas de criptoativos e mandou arquivar o processo aberto na instituição em 2018.
Sem mencionar a 'briga' entre bancos e exchanges pela venda de criptomoedas, o CADE apenas argumentou que o Banco Central autoriza as instituições financeiras a encerrar contas de clientes quando bem entenderem.
Durante sua palestra o diretor do BC também destacou que o bitcoin trouxe uma revolução para o setor financeiro e, após ele, o Ethereum ajudou a inaugurar uma nova era nas finanças ao instituir os contratos inteligentes que deram origem às aplicações descentralizadas de finanças, entre outras.
“A gente começou a acelerar isso em 2009, com o lançamento do bitcoin, com a tecnologia de banco de dados distribuído que facilita a criação da Web3. A aplicação do bitcoin traz a solução de Prova de Trabalho, que é uma coisa fundamental para os serviços que a Web3 traz para a população. Depois tivemos um avanço muito importante, que foi a inclusão dos smart contracts, que basicamente segue o padrão definido pela Ethereum, que com isso você consegue além de incluir valor de forma criptografada e segura”, afirmou.
Segundo ele, tudo isso funcionou como fatores chaves para que os bancos centrais iniciassem as conversas para emissão de CBDCs (Moeda Central do Banco Central), como é o caso do Real Digital.
Já sobre o CBDC nacional, Araújo, que é coordenador do projeto do Real Digital dentro do BC, voltou a afirmar que os primeiros testes com a moeda digital serão feitos em 2023 com previsão de um lançamento em 2024.
“O Real Digital é uma oportunidade para trazer inteligência e programabilidade para os sistemas de liquidação e fazer uma ponte entre as finanças tradicionais e as finanças Web3 que a gente vê que está crescendo e se tornando importante”, finalizou.
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