Tokenização ainda enfrenta desafios, mas traz vantagens que favorecem crescimento (Getty Images/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 10 de maio de 2023 às 09h38.
Os ativos tokenizados vão representar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) global até 2030, chegando a US$ 16,1 trilhões, segundo uma projeção de pesquisa da BinaryX. O valor é 50 vezes maior em relação aos US$ 310 bilhões registrados em 2022. O documento aponta commodities, arte e imóveis como os principais ativos do mundo real que serão tokenizados.
A tokenização pode ocorrer através de dois processos: a criação de uma versão digital, registrada em blockchain, de um ativo real, ou a inclusão direta em blockchain de um ativo antes emitido no mundo real. No primeiro caso, um exemplo seria a tokenização de um imóvel, dividido em tokens de valores menores. Já o segundo caso de uso pode ser representado pela emissão de títulos, como debêntures, diretamente em um blockchain.
A inclusão desses ativos do mundo real no blockchain ganhou a sigla RWA, representando o termo em inglês Real-World Assets, ou ativos do mundo real. A BinaryX divide os RWA em tangíveis e intangíveis, sendo o primeiro grupo composto de veículos, commodities e imóveis, e o segundo de debêntures, créditos de carbono e ações.
Citando um relatório publicado em janeiro pela CoinShares, a BinaryX avalia que os RWA serão uma das áreas de maior crescimento dentro do ecossistema de criptomoedas em 2023. Como exemplo do potencial desse movimento, a empresa menciona os testes feitos por bancos tradicionais com ativos tokenizados.
“JPMorgan, Deutsche Bank e SBI negociaram moedas tokenizadas e títulos soberanos em novembro de 2022, usando a solução de escalabilidade em segunda camada da Ethereum, a Polygon, para o experimento”, aponta o relatório. “A MakerDAO também está explorando tokenização de ativos do mundo real ao propor a colateralização da DAI com estes ativos”, completa.
Além disso, a BinaryX indica que os empréstimos tomados em aplicações descentralizadas usando ativos reais como garantia cresceram nos últimos meses. Recentemente, a marca de US$ 140 milhões em empréstimos foi atingida. “Esse aumento ressalta a demanda por tokens de RWA como forma de financiar ativos do mundo real", diz o relatório.
O mundo está mudando, e seu dinheiro também precisa acompanhar essa evolução. Invista em criptomoedas com a Mynt!
O relatório aponta outros cinco indicadores de um possível aumento no interesse em RWA: aumento no volume negociado, melhora do sentimento dos detentores desses ativos em diferentes países, reconhecimento por reguladores e autoridades monetárias, tokenização de cada vez mais classes de ativos e crescente número de desenvolvedores dedicados ao setor.
A BinaryX avalia que o crescente interesse é motivado também por cinco grandes vantagens que a tokenização de ativos reais trazem para investidores e instituições. A primeira é o aumento na liquidez, ligado à possibilidade de fracionamento de ativos, o que facilita a compra e venda dos mesmos.
A redução nos custos transacionais é a segunda vantagem apontada no relatório, possível através da eliminação de intermediários e desburocratização de processos. A redução nos custos de aquisição e o barateamento de transações são responsáveis pela terceira vantagem apresentada, que é a redução das barreiras nos investimentos.
A transparência, viabilizada pelo uso de blockchains, é a quarta grande vantagem. A quinta é a criação de um sistema mais eficiente de angariação de capital. A BinaryX menciona como exemplo um desenvolvedor independente que, ao criar tokens que servem como tickets de investimento, pode receber financiamento de diferentes entidades.
Apesar das previsões ambiciosas envolvendo o setor de RWA, o relatório também identifica desafios que deverão ser enfrentados pelo setor. O primeiro é a barreira regulatória, já que, diferente do Brasil, muitos países ainda não forneceram um conjunto de regras claras para tokenizadoras sediadas em seus territórios. A BinaryX cita a China e a Índia como exemplos de países importantes ainda sem regulação.
Outro desafio ligado às questões regulatórias é a obrigatoriedade de identificação de usuários através do processo de “Conheça seu Cliente”, ou KYC, na sigla em inglês. Essa exigência faz com que plataformas não consigam manter um serviço de tokenização semelhante às aplicações descentralizadas, que não obrigam usuários a se identificarem.
O terceiro desafio listado pelo relatório está ligado à falta de infraestrutura nos processos de identificação. “A necessidade de controles de permissão granulada depende de soluções robustas para determinar identidades e perfis de risco”, diz o documento. As soluções apontadas são identificadores descentralizados e outras soluções de preservação de identidade, que ainda não são suficientes para sustentar processos de maior complexidade.
A interoperabilidade, ou ausência dela, é o quarto desafio. Diversos ecossistemas têm florescido dentro do mercado de criptomoedas, muitos deles localizados em diferentes blockchains. Conectar essas redes, dando fluidez à negociação de diferentes ativos, é uma dor atual do segmento de RWA.
Além disso, a segurança também é apontada como um obstáculo a ser vencido. “A tecnologia blockchain pode ser segura, mas hackers tentam violar os contratos inteligentes. Geralmente, existem brechas nesses contratos, que se tornam um terreno fértil para hackers”, conclui o relatório.
Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok