Mercado de baixa não é exclusividade do setor cripto (D-Keine/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2022 às 14h04.
O mês de dezembro costuma ser de calmaria para os mercados globais, vamos nos despedindo de um 2022 de muitas dificuldades. O ambiente de queda nos índices de ações e fortalecimento do dólar prejudicou os ativos de risco, formando um contexto em que o investidor se viu bem remunerado na renda fixa, sendo desestimulado a correr riscos nos mercados.
A perspectiva para 2023 deve ser melhor, apesar de ainda não encontrarmos vetores significativos de recuperação. É importante ressaltar que o movimento de queda que acompanhamos em praticamente todos os criptoativos não é exclusividade desse ecossistema, partiu de um movimento global de pressão inflacionário e um ritmo de aumento de taxa de juros pelo Fed nunca visto antes.
O gráfico do rendimento dos títulos de renda fixa de 10 anos dos EUA é muito importante para entendermos essa dinâmica, em que os momentos de escalada dos juros representaram um aumento de pressão vendedora no S&P 500 e no bitcoin.
Existem diversos “macro temas” que estão em pauta para 2023, dentre eles, temos a diminuição de taxa de juros pelo Fed para o segundo semestre e possível reabertura de China, o que representaria um aumento expressivo na demanda global e estímulo à atividade. Muitos analistas já comentam sobre boas oportunidades no mercado com uma premissa de “pior do que está, não fica”.
Exergamos que o momento ainda não é de compras, mas observamos uma piora na relação risco/retorno das posições vendidas. O anúncio de que o Goldman Sachs vai investir em algumas empresas que se prejudicaram com a queda da FTX parece animar o mercado, apesar de ser uma fatia pequena do patrimônio total do banco norte americano.
A análise dos dados on chain apresenta leitura extrema de alguns indicadores. Segundo William Suberg, o dado de “percentual de volume no lucro” – quantidade de volume em bitcoins negociados acima do seu preço de compra – é um bom indicador de movimentos de alta. O indicador está em tendência de baixa e devemos ter uma melhora no preço do bitcoin quando o indicador arrefecer, assim como aconteceu em 2016, 2019 e 2020.
O mês de novembro foi difícil para o bitcoin, bastante impactado pela falência da FTX. A tendência é de baixa no médio e curto prazo, com vendedores ganhando após o rompimento do último fundo em US$ 17.500. O movimento de queda não teve continuidade e acompanhamos uma contração de volatilidade, com diminuição do deslocamento do preço, que não forma novos topos, mas também não renova mínimas.
As nossas projeções de Fibonacci ainda são US$ 15.150 (141,4%) e US$ 14.000 (161,85) para o movimento de queda, caso o preço falhe em romper a média móvel de 50 períodos. O cenário de recuperação deve ganhar força se a resistência dos US$ 17.570 for superada, abrindo espaço para o teste do topo anterior acima dos US$ 20.000
O ether, criptomoeda nativa da rede Ethereum, não apresenta novidades, apesar de esforços contínuos da comunidade em vocalizar que a rede da segunda maior cripto está em uma crescente do seu desenvolvimento tecnológico.
O preço ainda trabalha abaixo da média móvel 200 períodos, que é um importante balizador das tendências maiores. A resiliência do ether é notável, dado que por sua maior volatilidade, deveria ter sido mais impactado do que o bitcoin nos movimentos de queda recentes, mas mesmo assim continuou trabalhando acima do último fundo em US$ 1.030. Acompanhamos o traçado de Fibonacci entre o fundo dos US$ 870 e topo em US$ 2.050, com próximos suportes em US$ 1.070 e US$ 875.
*Lucas Costa é mestre em administração e economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora, atuou como pesquisador acadêmico e professor nas temáticas de blockchain, criptomoedas e comportamento de consumo, sendo um dos fundadores do grupo de pesquisa Blockchain UFJF. Foi operador de câmbio em mesa proprietária com foco em análise técnica, e trader pessoa física em mercado futuro. Atualmente, é analista técnico CNPI do BTG Pactual digital, e apresenta a sala ao vivo de análises de maior audiência do Brasil.
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