Repórter do Future of Money
Publicado em 16 de outubro de 2024 às 17h13.
Uma nova pesquisa divulgada nesta semana aponta que 92% da população de El Salvador não usa criptomoedas para realizar transações financeiras. O baixo uso desses ativos ocorre mesmo após o governo do país adotar o bitcoin como moeda de curso legal, defendendo o potencial da moeda digital desde então.
O levantamento, realizado pela San Salvador Universifty Francisco Gavidia, aponta ainda que apenas 7,5% dos entrevistados disseram que usam criptomoedas para realizar transações. A pesquisa está em linha com levantamentos anteriores que chegaram a dados semelhantes.
Na prática, os números indicam que, mesmo com o governo elogiando e incentivando a adoção do bitcoin, a população ainda não usa o ativo para suas atividades no dia a dia. O bitcoin foi transformado em moeda de curso legal em El Salvador em 2021, após uma proposta do presidente Nayib Bukele.
Pela lei aprovada, qualquer estabelecimento comercial é obrigado a aceitar o ativo digital como forma de pagamento, caso tenha as condições tecnológicas para isso. A possibilidade, porém, não se refletiu em um desejo da população de usar o ativo para pagamentos.
Recentemente, Bukele reconheceu em uma entrevista que a criptomoeda "não teve uma adoção em massa" pela população como ele e seu governo esperavam. Mesmo assim, ele defendeu a medida, citando os benefícios em termos de atração de turistas e capital para o país.
O levantamento indica ainda que apenas 1,3% da população acredita que o bitcoin deveria ser a "principal aposta" do governo do país para o futuro. Mesmo assim, 58% disseram que o país "está indo na direção certa" com o governo de Bukele, indicando que a adoção da criptomoeda não afeta a popularidade do político.
Uma outra pesquisa, divulgada em junho deste ano, apontou que 80% da população do país avalia que a adoção da criptomoeda contribuiu "pouco" ou "nada" para melhorar o nível de vida dos habitantes de El Salvador.
A pesquisa perguntou: "o quanto você acha que o bitcoin ajudou a melhorar a situação econômica de sua família?" "Nada" foi a resposta mais comum, compartilhada por 66,6% dos entrevistados; 13% disseram que melhorou "um pouco", 5,9% optaram por "alguma coisa"; e apenas 4,9% consideraram que o bitcoin melhorou "muito" seu nível de vida.