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78% das empresas reconhecem que não conseguem responder de forma eficaz a fraudes

Para CEO da BioCatch, pesquisa mostra que" há muito a fazer em termos de integração da tecnologia certa aos processos bancários"

Fraudes ainda são um grande desafio para instituições financeiras (Yuichiro Chino/Getty Images)

Fraudes ainda são um grande desafio para instituições financeiras (Yuichiro Chino/Getty Images)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 28 de julho de 2023 às 17h19.

As fraudes digitais têm sido uma das principais ameaças para usuários tanto no Brasil quanto no mundo e um grande desafio para as instituições financeiras. E uma pesquisa da BioCatch e da Forrester divulgada com exclusividade pela EXAME mostra que 78% das instituições financeiras globais acreditam que ainda não conseguem responder de forma eficaz a tentativas de fraude.

Esse grupo de companhias admite que está preocupado sobre sua capacidade atual para responder a ameaças de fraude de uma forma rápida e eficaz. Ao mesmo tempo, 80% dizem que estão se dedicando para fornecer experiências digitais que sejam "seguras e sem atrito" para os seus clientes.

O levantamento mostra ainda que 83% dos líderes dessas empresas acreditam que o mercado exige atualmente que eles "mantenham as melhores abordagens para responder ao crime financeiro". Um dado que corrobora com essa visão mostra que 75% das instituições entrevistadas relataram que os riscos financeiros aumentam "significativamente a cada dia adicional de investigação".

Por isso, se tornou essencial conseguir responder de forma rápida e eficiente a esses casos. Entretanto, apenas 8% das empresas entrevistadas avaliam se sentir à vontade para dizer que integram ferramentas, processos e pessoas para combater fraudes.

Em entrevista à EXAME, Gadi Mazor, CEO da BioCatch, diz que esse dado mostra que "há muito a fazer em termos de integração da tecnologia certa aos processos bancários. É impossível entender melhor os clientes e, também, lidar com tantos dados sem ferramentas que te ajudem a tomar a decisão certa na hora certa".

Desafios no combate a fraudes

Uma dessas tecnologias, aponta, é a análise de biometria comportamental, que permite que os bancos possam "prever e agir antes que a transação seja concluída". "E no Brasil isso é ainda mais crítico, com pagamentos em tempo real com o Pix. Em questão de segundos, as transações são concluídas e os clientes podem estar perdendo seu dinheiro e sua confiança no banco", destaca.

"A perda não está apenas nas transações, mas também no atrito que isso pode causar no relacionamento com o cliente e, às vezes, no risco de perdê-lo para outras instituições", ressalta.

Na visão do executivo, o principal desafio que as empresas enfrentam atualmente para lidar com fraudes e lavagem de dinheiro é a capacidade de "lidar com os dados, tomar a decisão certa e agir antes que o dinheiro seja transferido. E isso não é responsabilidade de um único banco. Ninguém combate a fraude sozinho. Então, é realmente necessário envolver os bancos em discussões maiores do que suas instituições para colaborar como comunidade".

"Eu sei que o Brasil está conduzindo essas discussões, já que o Banco Central está exigindo que as instituições financeiras compartilhem informações sobre atividades suspeitas de “laranjas”. Este é um grande começo nessa direção", comenta Mazor.

Nesse sentido, ele acredita que é essencial que as instituições financeiras aprimorem as formas de identificar as chamadas contas laranja, que geralmente estão "no centro das fraudes e geralmente envolvem, levam a golpes ou são iniciadas por golpes e engenharia social. Os fraudadores movimentam milhões em dinheiro ilegal por meio de contas laranja a cada segundo".

"Por trás de uma conta laranja, sempre há uma extensa rede oculta, então é hora de tomar ações mais ofensivas, impedir fraudes e proteger os clientes. Os fraudadores aproveitam todas as oportunidades para executar novos esquemas, golpes e estratégias que exploram as pessoas, em vez das salvaguardas de segurança cibernética da tecnologia bancária", avalia.

Para ele, os desafios atuais das empresas envolvem muito mais uma tecnologia ultrapassada do que falhas próprias: "Atualmente, a prevenção de fraudes requer um conjunto reinventado de ferramentas de inteligência e visualização, modelos de ciência de dados e mecanismos de Machine Learning para combater fraudes e crimes financeiros que exploram a bondade, emoção, ganância, ingenuidade e confiança humanas".

O CEO da BioCatch aposta que os bancos precisão investir em ferramentas de inteligência artificial para alinhar modelos de ciência de dados e mecanismos de aprendizado de máquina que permita tornar as operações preditivas de fraudes, impedindo-as antes que elas aconteçam.

"Os algoritmos de IA mais avançados geram métodos eficazes de proteção, pois buscam identificar possíveis diferenças no comportamento da pessoa, a fim de identificar se ela está sendo vítima de um golpe. Assim, quanto menor o desvio dos padrões comportamentais, menos os bancos precisam se preocupar com a legitimidade e intenção do usuário, melhorando assim a experiência do cliente", explica.

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Cenário no Brasil

Especificamente no caso brasileiro, Mazor opina que o cenário financeiro do Brasil é "muito avançado", o que também gera especifidades em relação aos crimes financeiros praticados. "Por causa do Pix, as instituições financeiras foram obrigadas a buscar medidas para prevenir e proteger seus clientes de diversas situações de perigo muito próprias do Brasil".

"Isso abre oportunidades para que os fraudadores sejam muito criativos, especialmente em golpes de engenharia social e até forçando violentamente os clientes a abrir contas laranjas em seus próprios nomes. Esses crimes aumentaram significativamente", comenta.

Ao mesmo tempo, ele destaca que vê o Brasil "caminhando na direção certa para unir forças com as instituições, compartilhando informações para prevenir atividades de mulas. Isso é fundamental para construir uma comunidade mais forte para evitar fraudes".

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