Logo Exame.com
Vinhos

Grupo Wine cria joint venture com Miolo e lança seus primeiros vinhos autorais

Com investimentos de R$ 18 milhões, varejista nascida on-line e maior produtora de vinhos do país criam vinícola Entre Dois Mundos, com sete rótulos

Entre Dois Mundos: vinícola em parceria com Miolo é a primeir joint venture da Wine (Wine/Divulgação)
Entre Dois Mundos: vinícola em parceria com Miolo é a primeir joint venture da Wine (Wine/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 17 de julho de 2024 às 16:00.

Última atualização em 17 de julho de 2024 às 22:12.

O Grupo Wine e a Miolo, uma das maiores produtoras do país, se juntaram não para lançar um rótulo exclusivo, mas uma vinícola inteira. Depois de dois anos de trabalho, as duas estão lançando a Entre Dois Mundos, uma vinícola com investimento inicial de R$ 18 milhões.

A Wine já tinha, sim, lançado rótulos em parceria com vinícolas, mas nunca participado do desenvolvimento dos vinhos. A primeira experiência de joint venture da empresa de e-commerce surgiu como uma espécie de resposta à demanda crescente do consumidor brasileiro. A Wine nasceu e cresceu com um consumidor brasileiro ainda tateando o que era o mercado de vinhos, mas o cenário mudou. Hoje, a atividade no site de informações sobre rótulos no mercado, o Vivino, dá uma pista: o brasileiro é o segundo que mais utiliza a plataforma.

SAIBA ANTES: Receba as notícias do INSIGHT pelo Whatsapp

"O consumidor brasileiro já não é mais um consumidor desinformado, como se dizia. Hoje o consumidor de vinho brasileiro é alguém muito atualizado, que sabe o que está acontecendo a nível de vinhos mundial", diz Adriano Miolo, superintendente do Grupo Miolo. As sócias estavam buscando um projeto autêntico e que internacionalize, "um pouco", o estilo brasileiro, conta German Garfinkel, vice-presidente corporativo da Wine.

A varejista fez valer, então, a fortaleza de dados de consumo dos clientes (420 mil assinantes): mais de um milhão de avaliações de vinhos na plataforma – o bastante para criar uma vinícola e novos rótulos com base nas preferências do brasileiro. O tempero final veio com a participação do enólogo espanhol Alberto Pedrajo Perez, para trazer o paladar internacional ao sabor dos vinhos que estavam sendo criados.

No total, são sete rótulos: quatro de vinho fino, da linha Kaipú, e três de espumantes, da linha Maraví. Mais de 80% do investimentos estão direcionados ao desenvolvimentos dos produtos, segundo Garfinkel. A Miolo entrou com investimentos na parte produtiva, incluindo os custos de produção como compra de sementes, maquinário e insumos secos (garrafas, rolhas e caixas, por exemplo).

LEIA TAMBÉM: Na Aura Minerals, um vinho que vale ouro

A Wine, com os recursos de markenting, a força de distribuição e o posicionamento de mercado – em que entra em jogo a atuação da Cantu, importadora e distribuidora comprada pelo grupo em 2021 e que fortaleceu o braço da Wine no B2B (supermercados e restaurantes), indo além do e-commerce e clube de assinaturas pela qual ficou famosa. Esse será o primeiro rótulo brasileiro distribuído pela Cantu, que tem mais de 450 títulos em seu portfólio. No total, serão 233 mil garrafas da Kaipú e 100 mil da Maraví das safras 2023 e 2024 para serem distribuídas.

A linha Kaipú é produzida no Almaden, que fica na Campanha Gaúcha e é o maior vinhedo do país, com 450 hectares de produção. Por lá, a Miolo fez investimentos em prensa pneumática descontínua, para conseguir uma melhor qualidade com a maceração da uva chardonnay, uma tecnologia que não possuía ainda. Os rótulos de vinho fino trazem consigo a diversidade de solos, desde argilosos até arenosos. O clima temperado, influenciado pela altitude e pela proximidade ao oceano Atlântico, promove uma maturação lenta e completa das uvas, conta Miolo.

Já os espumantes Maraví têm o frescor dos vinhedos do Vale de São Francisco, no sertão Nordestino. É lá que a Miolo mantém a Terra Nova, uma de suas quatro unidades produtivas. Com mais de 300 dias ensolarados por ano, altas temperaturas e baixa umidade a região tem condições que favorecem uma maturação uniforme das uvas e reduzem o risco de doenças. Os solos são franco-arenosos, bem drenados. Para a Terra Nova, a Miolo importou uma nova linha de envase isobárica para os espumantes da Entre Dois Mundos.

"Se o mercado de vinho brasileiro fosse um país, seria maior que a Argentina e Portugal. Então há um mercado endereçado muito relevante e por isso nós demoramos muito em fazer esse trabalho. Por isso estamos brigando por um market share justo para o nosso tamanho", diz Garfinkel. Em um segundo momento, o objetivo das companhias é exportar também os rótulos das linhas Kaipú e Maraví, depois de um processo comum no setor de colocar seus vinhos nos principais concursos internacionais.

"O Brasil é um país do novo mundo, é um país que pode seguir a rota de sucesso que a Argentina, a África do Sul e a Austrália seguiram. É questão de continuar trabalhando bem e inovando", define o vice-presidente corporativo da Wine, um argentino que chegou ao país em 1998 e viu o mercado brasileiro de vinhos se transformar.

No primeiro trimestre deste ano, a Wine reportou um avanço de 6,5% da receita líquida, para R$ 149,2 milhões, com o aumento da base de assinantes no Brasil e no México, mercado que entrou em 2022. A última linha, porém, continuou no prejuízo: R$ 20,7 milhões, 223% acima do que tinha registrado um ano antes.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Acompanhe:

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
Líder em whey protein no Brasil, Supley vai às compras para ganhar mais musculatura

Líder em whey protein no Brasil, Supley vai às compras para ganhar mais musculatura

Log, de galpões, turbina dividendos: “Estamos no nosso melhor momento”, diz CEO

Log, de galpões, turbina dividendos: “Estamos no nosso melhor momento”, diz CEO