TALK SHOW EXAME IN: CEO da Alpargatas prepara o negócio para mais 100 anos
Com R$ 1,2 bilhão de receita internacional, executivo conta como prepara o negócio para alcançar R$ 5,5 bilhões com presença global
Publicado em 24 de abril de 2022 às 13:53.
Última atualização em 18 de maio de 2022 às 10:02.
“Tenho trabalho para muitos anos pela frente com Havaianas e Rothy’s. Nesse momento, buscar outras oportunidades seria me distrair”, enfatiza Roberto Funari, presidente da Alpargatas, companhia com 115 anos de história, dona da marca brasileira e acionista relevante da companhia original de São Francisco (EUA). Beto, como é conhecido, é o entrevistado dessa quinzena do talk show EXAME IN. Na conversa, ele conta como a empresa cresceu nos últimos anos e quais são os planos de expansão para os próximos, com forte digitalização da empresa e dos canais, junto com forte internacionalização. "Meu projeto é tornar a Alpa um negócio para mais 100 anos", diz.
A Havaianas, que neste 2022 completa 60 anos de existência, conseguiu um feito em sua trajetória só comparável a duas marcas globais: Nike e Adidas. “Que eu tenha conseguido mapear”, afirma Beto, sobre a força da presença mundo afora. Embora em segmentos bem diferentes, só a Havaianas, nesse mercado altamente pulverizado que é o de calçados, conseguiu a mesma dispersão que as duas fabricantes de artigos esportivos. A marca brasileira de flip flops está presente em mais de 130 países, mais de 20 deles com operação direta. Na Itália, meca do design e das grandes marcas de moda, tem uma participação de 25% do mercado.
Beto chegou na Alpargatas como membro do conselho de administração, em 2018, pouco depois de a companhia ser adquirida pela Itaúsa e pela BW, da família Moreira Salles. Antes, foi um ativo histórico do grupo Camargo Corrêa e que ficou também por aproximadamente dois anos sob controle da J&F, holding da família Batista.
Após quase um ano no conselho, estudando o setor, Beto assumiu a cadeira de CEO e, desde então, diversas mudanças foram implementadas no negócio, como a venda das demais marcas e o foco absoluto em calçados. Nesse caminho, arrecadou mais de R$ 1 bilhão com a alienação dos negócios considerados fora do novo core business. A Havaianas se tornou o centro das atenções e então foi definido um plano de expansão internacional e de transformação da Alpargatas em uma plataforma de marcas globais de calçados confortáveis.
O projeto da companhia está calcado no que Beto chama de três “mega tendências”: casualização do uso de calçados confortáveis, mas com estilo, o fortalecimento das relações com consumidores a partir do universo digital e a expansão do consumo consciente. “Isso tudo vai revolucionar a indústria de calçados”, prevê o executivo. Confira a conversa na íntegra no link ao fim da matéria.
A companhia elegeu, a princípio, seis grandes mercados para expandir ainda mais a Havaianas: os dois maiores mercados do mundo, Estados Unidos e China, e ainda os países europeus Itália, Inglaterra, Espanha e França. “Conforme a evolução, vamos promover países para essa lista. Daqui cinco anos, a Havaianas terá 10 big bets.”
Além disso, a companhia agora prepara um plano de globalização para a Rothy's, a marca americana de calçados feitos a partir da fibra produzida com garrafas PET recicladas. “Temos 49,9% da Rothy’s e ainda temos que alcançar os 100%”, ressalta ele, quando fala sobre porque não fazer novas aquisições no momento. “Estamos inaugurando a loja de número 17 da marca. Quando fizemos o investimento, eram três ou quatro unidades, apenas.” A marca, que iniciou no mercado de sapatilhas, já tem uma lista de produtos e deve chegar ao Brasil e à Europa.
A Alpargatas pagou R$ 2,7 bilhões pela atual fatia na Rothy's, cuja aquisição foi anunciada em dezembro, e em janeiro levantou R$ 2,5 bilhões com uma oferta de ações. "Os investidores internacionais brilham os olhos com nossa força global. Falamos muito disso durante o road show."
O plano da Havaianas para os próximos anos é fazer sua participação no mercado global de flip flops passar de 3% para 10% ou acima. Contas feitas com os números usados pela empresa é uma fatia equivalente a pelo menos US$ 900 milhões. Em sandálias, mercado que a marca brasileira também está se posicionando, o plano é ter pelo menos 3% — “hoje, temos menos de 1%”. São outros US$ 270 milhões. Ao câmbio atual, são mais de R$ 5,5 bilhões em exportações. O objetivo não tem um prazo, mas é para isso que a companhia está sendo preparada. Em 2021, a Alpargatas teve uma receita líquida próxima de R$ 4 bilhões e, desse total, R$ 1,2 bilhão vieram das vendas internacionais.
Além do presidente da Alpargatas, já estiveram no programa Abilio Diniz (GPA), Felipe Miranda (Empiricus), Eduardo Mufarej (GK Ventures), Augusto Lins (Stone), Rodrigo Abreu (Oi), Cláudia Woods (WeWork), Dennis Herszkowicz, (Totvs), Daniel Silveira (Avon), Túlio Oliveira (Mercado Pago), Carlos Brandão (Iguá Saneamento), além da dupla de fundadores da OpenCo, Sandro Reiss e Rafael Pereira e de Fersen Lambranho, presidente do conselho de administração da GP Investimentos e da G2D. Também passaram pela mesa de conversa do programa Marcelo Barbosa, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Daniel Castanho, fundador e presidente do conselho de administração da Ânima Educação, Daniel Peres, fundador da Tropix, um market-place de NFTs de arte digitais, para destrinchar o metaverso, Ricardo Mussa, presidente da Raízen, e Ricardo Faria, o empresário que é o maior emergente do setor de agronegócios do país.
O programa recebe grandes personalidades do mundo corporativo e financeiro para um bate-papo descontraído sobre os principais desafios, aprendizados e oportunidades do mercado brasileiro em suas áreas de atuação. Os episódios podem ser conferidos no canal da EXAME no Youtube e também no Spotify.
O EXAME IN
O programa vem para complementar a produção de conteúdos do EXAME IN, a butique digital de notícias de negócios da EXAME e que conta também com uma newsletter desde março de 2020 (increva-se grátis para receber no email). Comandada por Graziella, a newsletter tem o objetivo de fornecer acesso a informações sobre mercado de capitais, negócios e startups.
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