Ser capta 35% mais alunos para 2022 com posicionamento de ecossistema
Companhia vê retomada da demanda por cursos híbridos e presenciais
Publicado em 25 de março de 2022 às 07:47.
Última atualização em 25 de março de 2022 às 11:47.
Depois de dois anos sofridos no setor de educação, mais do que o balanço de 2021, que já traz recuperação no desempenho em algumas linhas, a Ser Educacional quer mostrar ao mercado seus dados de captação de alunos. Os números para o primeiro trimestre de 2022 apontam expansão de 35,2% na base captada, ou 0,5% sem considerar aquisições. “Estamos vendo o retorno dos alunos, em especial nos cursos híbridos presenciais”, disse Jânyo Janguiê Diniz, presidente da empresa, em entrevista ao EXAME IN. No ensino híbrido, a captação aumentou 25,4% e no puramente digital, 43,5% (fruto essencialmente de aquisições).
A companhia fechou o ano passado com quase 224 mil alunos, um aumento de 16,9% em relação ao encerramento de 2020. Mas no começo deste ano, ao consolidar a Fael, a Ser alcançou 310 mil alunos. Um investimento de quase R$ 300 milhões, a Fael veio para reforçar a presença no mercado digital.
Os movimentos realizados pela Ser mudaram a composição e o perfil do negócio nos últimos dois anos, com os segmentos de medicina e ensino online, inclusive de educação continuada e especialização, conquistando terreno. Juntos responderam por mais de 60% da geração de caixa de 2021, medida pelo Ebitda — quase o dobro na comparação com 2020. E esses dados não incluem nem a Fael, nem integralmente sinergias de movimentos realizados ao longo do ano.
Apesar de o setor estar se recuperando de dois grandes baques — a redução do programa do FIES e a pandemia — , o ano de 2021 ainda traz reflexos desses tempos difíceis. A Ser Educacional terminou o ano passado com lucro líquido de R$ 109 milhões, uma queda de 9% frente ao ano de 2020. A receita líquida teve aumento de 12,5%, para R$ 1,4 bilhão, enquanto o Ebitda ajustado ficou praticamente estável, em R$ 317 milhões. Na linha de receita, as deduções frutos de bolsas e descontos seguem ainda uma conta salgada: subiram quase 21,5% na comparação anual, para R$ 1,1 bilhão. Portanto, o cenário de evasão continua um desafio para o setor.
Ao longo dos últimos dois anos, a Ser realizou movimentos para se adequar aos novos tempos do setor. “O aluno mudou. Ele não faz mais uma graduação e, alguns anos depois, uma pós. Agora, ele tem vários empregos na vida e precisa voltar a estudar várias vezes”, afirma Diniz. Por isso, segundo ele, a Ser se articulou para desenvolver um ecossistema educacional, que possa estar próximo do aluno com cursos após a graduação (inclusive B2B, vendidos diretamente para empresas) e também nos momentos em que os profissionais não estão na escola. “As pessoas vão estudar várias vezes na vida, mas não vão ser alunos o tempo todo”, afirmou ele, para explicar as iniciativas de permanecer próximo.
No centro dessa estratégia está, por exemplo, a decisão de montar uma espécie de aplicativo de recursos humanos, para acompanhar o aluno em sua trajetória profissional e, além disso, uma fintech, que possa suprir demandas por crédito do público estudantil — não apenas em fase de formação mas para aqueles que quiserem fazer outros cursos, de especialização, por exemplo.
Com discurso modernizado, Diniz fala em ser um marketplace da educação, com uma oferta de diversos tipos de formação. Os resultados desses esforços, porém, devem ficar para os próximos anos. O objetivo, com isso, também é otimizar a estrutura física, de forma que cursos online possam oferecer aulas práticas presenciais e que alguns campi sejam pólos regionais para a empresa. "Criamos o modelo Ubiqua, que eu chamo de sistema de educação onipresente. Pode ser do jeito que o aluno quiser e onde ele quiser."
Ao longo desses dois anos, a Ser também correu atrás da galinha dos ovos de ouro do setor de ensino superior, que são os cursos de medicina — não apenas pelo tíquete médio elevado, mas também pela relação de continuidade que esse estudante pode manter dado o perfil da profissão. Os resultados da Ser de 2021 consolidam a Unifacimed e Unijuazeiro, a Unesc e Unifasb, mais as edtechs (de conteúdos digitais para educação e o hospital veterinário.
Na comparação, os cursos de medicina dobraram sua participação na receita total, de 8% para 16%. O ensino puramente digital viu sua fatia crescer de 9% para 15%. E quando a companhia desdobra essas mesmas divisões na formação do Ebitda, os motivos dos caminhos escolhidos ficam claros: o ensino de medicina já representa 39% da geração de caixa, ante 22% em 2020; e a contribuição dos sistemas digitais subiu de 12% para 23%.
O objetivo da companhia, com o desenvolvimento de soluções e pontos de contato com os alunos para além da sala de aula, é garantir a recorrência, explicou Rodrigo Alves, diretor financeiro e de relações com investidores.
Depois de dois anos marcados por eventos extraordinários, em especial fruto de aquisições, Alves afirma que daqui para frente, a Ser não vê mais necessidade de fazer movimentos significativos para expansão de carteira de alunos. “É possível que novas aquisições sejam realizadas, mas no sentido de reforçar nosso conceito de ecossistema. A partir de um determinado ponto, escala não é mais vantajosa. O que faz mesmo a diferença é como eu trabalho meu nome e minha franquia de marcas." A empresa encerrou dezembro com R$ 385 milhões em dívida líquida, equivalente a uma relação de 1,2 vez o Ebitda gerado em 12 meses.
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