Santander e Banrisul: as novas apostas do Itaú BBA para o setor financeiro na Bolsa
Apostando ‘mais em bancos e menos mercado de capitais’, banco revê suas recomendações – e rebaixa BB e BTG
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 8 de julho de 2024 às 15:37.
Diante de um inverno longo no mercado de capitais, o Itaú BBA decidiu revisar suas apostas para as empresas do setor financeiro na Bolsa. Para o time de Pedro Leduc – um dos mais respeitados analistas da área –, o momento está mais favorável a bancos do que a players voltados ao mercado de capitais.
“A curva de juros mais alta do Brasil e a incerteza devem impactar os mercados de capitais e a atividade de investimento de forma mais direta (mais do que o crédito ao consumidor)”, disse o analista relatório divulgado hoje.
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Os spreads corporativos se apertaram significativamente, enquanto um ambiente de taxas mais altas é geralmente negativo para a inadimplência. Por outro lado, o crédito ao consumidor está atualmente o melhor ponto do setor, puxado pela criação de empregos, salários mais altos e menor inflação.
Diante desse cenário, os analistas do BBA elegeram o papel do Santander Brasil como uma de suas principais apostas, elevando a ação de neutro para compra.
“[A mudança] refletindo nosso contínuo otimismo com o negócio de crédito ao consumidor e avanços internos significativos que impulsionarão o crescimento dos lucros.”
O BBA prevê um avanço de 45% no lucro por ação neste ano e de 25% ainda em 2025, com um retorno sobre patrimônio (ROE) de volta à casa dos 17% no ano que vem.
“O Santander vem limpando seus dutos de crédito desde 2022 em termos de provisões e clientela, tornando-o mais preparado para acelerar neste ciclo”, ressalta o Itaú.
Junto com uma nova abordagem de go-to-market e atendimento ao cliente, o primeiro trimestre já mostrou ganhos de participação de mercado em áreas-chave como cartões de crédito, folha de pagamento, veículos e PME, destacam. O preço-alvo passou a ser de R$ 33, um prêmio de 22% sobre o fechamento de sexta-feira.
Outro papel elevado para compra foi o do Banrisul, banco gaúcho cujos papéis sofreram forte desvalorização em meio ao temor dos impactos das enchentes. “Acreditamos que as preocupações em qualquer lado do ativo ou passivo são exageradas. O portfólio de crédito é principalmente folha de pagamento ou agro”, afirmam.
Além disso, afirmam os analistas, a atividade voltou rapidamente na região, e várias medidas de alívio de crédito provavelmente diluirão (ou até mesmo compensarão) o potencial risco de crédito corporativo. “Os próximos resultados devem aliviar as preocupações e desencadear uma reprecificação.”
Na contramão, Leduc e sua equipe rebaixaram as ações do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) de compra para neutro, com preço-alvo de R$ 35 por unit. Depois de revisões de lucro para cima, o time do BBA passou a prever um período mais difícil para o banco, com redução no faturamento das divisões de Sales & Trading, IB e Crédito Corporativo.
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“Continuamos gostando do nome a longo prazo, com alavancas de participação de mercado e eficiência nas despesas gerais e administrativas para impulsionar um crescimento de lucro por ação de 10% a15% na base anual nos próximos anos”, ponderam.
Outro papel rebaixado pelo BBA foi o do Banco do Brasil, de compra para neutro. Embora vejam o papel negociando com desconto, Leduc e seu time acreditam que pode haver menos catalisadores, dado que tem menos exposição à carteira de pessoas físicas do que o Santander, devido ao seu maior portfólio agro e corporativo.
De acordo com o BBA, os problemas de empréstimos inadimplentes no BB estão persistindo mais tempo do que em seus pares, provavelmente devido ao portfólio renegociado crescente, e as provisões para este ano devem exceder as projeções.
“Os investidores estão cada vez mais sensíveis aos riscos políticos, o que poderia dificultar a expansão dos múltiplos.”
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado