Logo Exame.com
Fusões e Aquisições

Quem poderia levar os hospitais da Dasa? O Itaú BBA tem seu palpite

Rede D’Or é o comprador mais óbvio no caso de um M&A – com Cade como fiel da balança –, mas ativos também tem fit para a Bradesco Saúde, aponta o banco

Dasa: empresa da família Bueno é um dos ativos no alvo dos compradores (Dasa/Divulgação)
Dasa: empresa da família Bueno é um dos ativos no alvo dos compradores (Dasa/Divulgação)

Publicado em 17 de abril de 2024 às 11:08.

Num momento crítico para o setor de saúde, com a explosão da sinistralidade se traduzindo em margens cada vez mais apertadas para hospitais e outros prestadores, há diversos ativos à venda e o mercado vem especulando quais seriam os próximos movimentos de M&As.

Em um amplo relatório, o Itaú BBA desenhou algumas hipóteses para o xadrez de consolidação no setor – que, na sua avaliação, deve voltar com força em 2024.

Para o banco, a Dasa e a rede Américas, da Amil, são as candidatas a vendedoras mais relevantes, em meio à necessidade de levantar caixa, com uma rede de hospitais que tem um fit interessante para os dois maiores candidatos a compradores: Rede D’Or e Bradesco Saúde.

“A Rede D’Or é o consolidador mais óbvio, com expertise em integração de ativos e um balanço forte. Acreditamos que M&As significativos podem disparar um re-rating da ação e dar confiança aos investidores em relação a crescendo substancial nos próximos anos”, escreveu a equipe liderada por Vinícius Figueiredo.

“A Bradesco Saúde é outro competidor forte, mas enfrenta os desafios de não ter um histórico de operar hospitais”, acrescentam os analistas do banco.

Acionista antigo da rede de laboratórios Fleury, o Bradesco lançou a Atlântica para investir em hospitais e clínicas em 2021 e desde então comprou uma fatia minoritária no Grupo Santa, de hospitais, em Brasília e vem fazendo joint ventures em novos projetos greenfield, com o Mater Dei e o Albert Einstein em São Paulo.

Do lado vendedor, a Dasa é o candidato mais óbvio. Com uma dívida explosiva e queimando caixa trimestre a trimestre, fontes do setor dão praticamente como certa a necessidade de venda de ativos ainda neste ano.

“Nosso caso base é a hipótese de venda de alguns ativos hospitalares – junto com os ativos na Argentina e Uruguai – dado o perfil menos maduro dessa parte da companhia”, dizem os analistas.

Além do negócio de medicina diagnóstica, a Dasa tem uma rede de 15 hospitais, que somam ao todo 3 mil leitos.

Outro ativo relevante que pode vir à venda é a rede Américas, da Amil, que foi comprada no fim do ano passado por José Seripieri Junior, fundador da Qualicorp. Ao todo, são 13 hospitais no país, com 2,3 mil leitos.

Aqui, o cenário é mais incerto. “Um argumento é que o novo dono pode potencialmente otimizar os hospitais da marca Américas para melhorar a custo-efetividade dos planos de saúde da Amil”, pondera o Itaú.

“Contudo, há uma perspectiva diferente que sugere que o grupo Amil pode considerar vender pelo menos uma porção de seus ativos para fortalecer seu balanço, dadas as perdas operacionais da divisão de planos de saúde.”

Em ambos os ativos, uma potencial consolidação por parte da Rede D’or enfrentaria um escrutínio com lupa do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – e o Itaú BBA se dedicou a examinar possíveis sensibilidades para o órgão antitruste.

Rede D’Or + Dasa

No caso dos hospitais da Dasa, haveria uma sobreposição relevante em todos as regiões de atuação, aponta o Itaú BBA, com números que levam em consideração o market share de leitos num raio de 5 quilômetros de onde os hospitais são localizados, em números de leitos.

A maior concentração de uma empresa combinada, nesse caso, seria em torno do Hospital da Bahia, em Salvador, de 58%. Em São Luís, há uma concentração também relevante, de 56%. Em Brasília, as taxas de sobreposição com a Rede D’Or também são altas nos três hospitais da Dasa, de 30% a 40%.

Já na praça de São Paulo, onde a Dasa tem mais ativos, a concentração seria menor: no raio do Nove de Julho, um dos principais ativos da rede, a concentração combinada com a Rede D’Or seria de 11%; no caso do Santa Paula, de 16%, com a situação mais crítica no Leforte Morumbi, de 38%.

O Itaú BBA não descarta ainda que a Rede D’Or possa ter interesse pelo negócio de medicina diagnóstica da Dasa – ainda que a venda do negócio ou busca de um sócio aqui pareça mais improvável. “[A aquisição] aumentaria integração vertical ao aumentar a presença em pontos de contato da jornada do paciente”, apontam os analistas.

Não seria a primeira vez que a Rede D’Or tenta entrar no segmento. Em 2021, a companhia da família Moll chegou a fazer uma oferta pela Alliança, que acabou não progredindo.

Rede D’Or + Rede Américas

No caso de uma combinação de negócios entre Rede D’Or e Américas, o principal ponto de atenção seria praça do Rio de Janeiro, onde ambas as redes são fortes. A concentração num raio de cinco quilômetros do Samaritano Barra da Tijuca e no Vitória Barra da Tijuca, por exemplo, chegaria a 51%.

As menores sobreposições entre as duas companhias seriam em São Paulo: no Samaritano Higienópolis seria de 11%, no Samaritano Paulista, de 12% e o Alvorada Moema, de 10%. Outra praça com baixa concentração (8%) seria de Fortaleza, onde a rede Américas tem o hospital Monte Klinikum.

A ver os próximos capítulos dessa novela.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
Dejà vu: JBS bate (de novo) o consenso, puxada por Seara

Dejà vu: JBS bate (de novo) o consenso, puxada por Seara

Stone bate consenso, com avanço de 20% no TPV e take rate recorde

Stone bate consenso, com avanço de 20% no TPV e take rate recorde