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Varejo

No Brasil, o efeito Shein chegou até na Zara

Produtos da marca espanhola, que costuma comandar preços no fast fashion nacional, estão 6% mais baratos do que em 2024, aponta o BTG Pactual

Zara: produtos da marca estão 7% mais baratos no Brasil do que nos EUA (Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Zara: produtos da marca estão 7% mais baratos no Brasil do que nos EUA (Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 11:44.

Última atualização em 30 de janeiro de 2025 às 12:12.

Não é moda na Zara, mas a marca do grupo espanhol Inditex está baixando os preços no Brasil, evidenciando que o ‘efeito Shein’ ainda está presente no vestuário brasileiro, a despeito da taxação das encomendas cross-border pelo governo.

O movimento reflete a crescente pressão da concorrência e as mudanças no comportamento do consumidor — e diz muito sobre o ambiente de preços de todo o varejo de moda no país.

Entre as grandes nacionais, os CEOs da C&A, da Renner e da Riachuelo têm sido vocais quanto à estratégia de ter um portfólio com mais peças a preço de entrada.

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Segundo o último Zara Index, levantamento anual do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), os produtos da marca estão 7% mais baratos no Brasil do que nos EUA — um contraste significativo com a edição anterior, que apontava um custo 3% superior no país.

E isso, a despeito da brutal desvalorização do câmbio no ano passado, que, em tese, deveria puxar os preços para cima.

A redução também se confirma ao comparar o próprio histórico da varejista: a cesta de produtos analisada está 6% mais barata do que em 2024.

Ajustando os valores pelo poder de compra, os produtos da Zara ainda custam 135% mais no Brasil do que nos EUA.

“O Brasil segue sendo um dos mercados mais caros para a Zara, mas a empresa claramente teve de ajustar sua estratégia de precificação diante do ambiente competitivo”, destacam os analistas.

Historicamente, a Inditex se diferencia pela capacidade de resposta ágil ao mercado. Com mais de 50% da produção concentrada na Espanha e em países vizinhos, a empresa opera com um dos menores níveis de estoque da indústria, reduzindo a necessidade de descontos agressivos.

Mesmo com essas vantagens, a pressão do e-commerce e a mudança na percepção do consumidor brasileiro obrigaram a marca a adotar uma postura mais competitiva.

“A concorrência intensa e a crescente sensibilização do consumidor ao preço forçaram até mesmo players premium a repensar sua estratégia”, destaca o estudo do BTG.

Apesar da pressão sobre preços, a Zara ainda se posiciona como uma marca premium em relação aos concorrentes de fast fashion no Brasil.

O levantamento do BTG Pactual sugere que o cenário para 2025 continuará desafiador, principalmente para redes voltadas para o público de média e baixa renda, que sofrem mais com a concorrência de plataformas internacionais.

Segundo o BTG Pactual, os produtos da Shein são 9% mais baratos que os da Renner, 3% mais baratos que os da Riachuelo e 2% mais baratos que os da C&A.

A Inditex, por outro lado, segue explorando sua flexibilidade para manter margens saudáveis, mesmo em um ambiente de alta competição. Resta saber se vai ser suficiente para manter seu espaço nas sacolas de compras dos brasileiros.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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