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Balanços

Nas Casas Bahia, lojas físicas ganham força e prejuízo cai 55% no 4º tri

Vendas em mesmas lojas saltaram 17%; varejista viu fluxo de caixa chegar a R$ 1 bi em 2024

Casas Bahia: vendas em mesmas lojas (SSS) aumentaram nada menos que 17,1% no período (Casas Bahia/Divulgação)
Casas Bahia: vendas em mesmas lojas (SSS) aumentaram nada menos que 17,1% no período (Casas Bahia/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 12 de março de 2025 às 23:16.

Na Casas Bahia, o quarto trimestre ainda foi de prejuízo, mas as melhoras operacionais ganharam tração. As vendas em mesmas lojas (SSS) aumentaram nada menos que 17,1% no período, com ganho de fatias de mercado e impulsionando as vendas gerais da companhia.

A receita bruta alcançou R$ 9,52 bilhões no quarto trimestre, um crescimento de 8,1% em relação ao mesmo período de 2023. A receita líquida foi de R$ 7,98 bilhões, o que representa uma alta de 7,6% no trimestre. O GMV consolidado subiu 9,9%, impulsionado pelo crescimento também pela forte alta de 23,7% no marketplace (3P).

Já a margem bruta subiu para 30,8%, um aumento de 3,2 pontos percentuais em relação ao quarto trimestre de 2023, refletindo uma maior eficiência nas operações. A margem EBITDA ajustada foi de 8%, avanço de 5,8 pontos percentuais, com um EBITDA ajustado de R$ 640 milhões — quatro vezes o registrado um ano antes.

"Demos mais uma volta no parafuso, considerando o cenário macro mais desafiador", diz Renato Franklin, CEO da Casas Bahia. A empresa teve um prejuízo de R$ 452 milhões no quarto trimestre, uma redução de 54,8% em relação ao mesmo período de 2023. Para o acumulado de 2024, o prejuízo foi de R$ 1,04 bilhão, queda de 60,2% em relação ao ano anterior.

A virada da última linha do balanço só deve vir no ano que vem, segundo o executivo, dados os juros elevados, mas o quarto trimestre já marca o ponto de inflexão, diz ele. "A virada já aconteceu no fluxo de caixa livre, conseguimos sair de queima de caixa para R$ 600 milhões em 2023, para um caixa de R$ 1 bilhão em 2024. E vamos entregar um fluxo de caixa ainda melhor agora em 2025."

O saldo de liquidez, incluindo recebíveis, subiu para R$ 4 bilhões, um aumento de R$ 882 milhões em relação ao trimestre anterior.

No processo de recuperação do negócio, a gestão seguiu com disciplina: cortou 2,5% de despesas no 4º trimestre, totalizando uma redução de 5,4% em 2024. Parte da queda é explicada pela redução do quadro de funcionários e pelo fechamento de mais oito lojas no quarto trimestre.

"Não tem nada estrutural para fazer, mas mantemos aquela disciplina de toda semana repassar quais são as lojas com a pior rentabilidade. Se não está dando resultado, tem que fechar", diz ele, ponderando que, agora, esses movimentos devem ser mais pontuais. "Agora, se o juros subirem mais, vamos reavaliar e podemos, sim, ter mais fechamentos de loja.

Olhando para 2025, a companhia tem duas grandes frentes de trabalho para seguir na arrumação da casa. Uma frente é continuar o trabalho da operação, principalmente com a alavancagem operacional, crescimento de receita em loja física e crediário, "e um pouquinho mais de eficiência operacional", diz Renato.

A outra frente é avançar com as alavancas de monetização de ativos. As demandas judiciais trabalhistas caíram 14%, para R$ 196 milhões. "Depois que organizou a casa, a quantidade de entrada de novos processos caiu bastante. Ainda estamos provisionando, mas podemos ter surpresas positivas aqui no trabalhista."

O crediário, um dos pilares estratégicos do crescimento, bateu recorde ao alcançar R$ 6,2 bilhões em carteira ativa, um crescimento de R$ 824 milhões na comparação anual. Apesar da expansão, a inadimplência over 90 dias caiu 1,4 ponto percentual para 8,0%, demonstrando a qualidade e resiliência da carteira.

Além disso, a operacionalização do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), iniciada em fevereiro, deve fortalecer a diversificação do funding para sustentar essa expansão.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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