NA SUA CESTA: O recomeço da Americanas
Depois de turbulência com a fraude bilionária e a reestruturação do processo de recuperação judicial, varejista ajusta mix, foca no físico e busca crescimento sustentável
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Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 17:25.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2025 às 19:44.
Poucas marcas no Brasil têm um impacto tão profundo no imaginário popular quanto a Americanas e essa foi uma tese testada ao máximo depois do rombo bilionário revelado em janeiro de 2023.
“O cliente da Americanas é um torcedor. Ele nunca se afastou”, defende Leonardo Coelho, CEO da Americanas no novo episódio do Na sua cesta.
Coelho veio para o comando da varejista em fevereiro de 2023, vindo a Alvarez Marsal, consultoria contratada para reestruturar a empresa em meio à crise. Ao lado da CFO Camille Faria, ex-TIM e Oi, liderou o processo de recuperação judicial.
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Agora, depois de um dos maiores escândalos financeiros do varejo nacional, a rede começa a enxergar um horizonte. O ano de 2024 já foi melhor que 2023, e a meta da companhia é clara: crescer de forma sustentável, sem os artifícios do passado e com foco na rentabilidade.
Ajustar o mix da loja física foi uma das estratégias centrais dessa nova fase. Produtos de baixa margem e logística complexa, como linha branca e eletrônicos, foram gradualmente retirados das lojas físicas e passaram a ser vendidos apenas no digital.
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No lugar deles, itens com maior giro e aderência ao público da Americanas ganharam espaço, como utilidades domésticas, higiene, limpeza e bombonière. "O físico hoje continua com a proposta de ser um varejo de variedades centrado na indulgência da classe média e da classe média baixa brasileira", explica Leonardo Coelho, CEO da companhia.
O digital também foi reformulado. Antes, o marketplace da Americanas apostava em produtos de margem reduzida, vendidos em múltiplas parcelas sem juros, com frete grátis e cashback. Essa estratégia, no entanto, se mostrou insustentável no novo momento da empresa.
Agora, a plataforma aposta na parceria com grandes sellers e no modelo O2O (online to offline), em que o cliente compra pelo site, mas retira o produto na loja. "A gente não quer mais um digital anabolizado. Queremos um digital que funcione como complementaridade da jornada do consumidor", diz Coelho.
O desafio do equilíbrio na experiência da loja
Outro ponto importante da reestruturação é a melhoria da experiência dentro das lojas físicas. Durante anos, uma das críticas recorrentes à Americanas era a desorganização de suas unidades.
A rede tem trabalhado para padronizar o layout, tornando a navegação mais intuitiva para os clientes. "Hoje, você entra na Americanas do Ibirapuera e ela é completamente diferente da do metrô Tatuapé. Queremos melhorar isso, para que o cliente saiba exatamente onde encontrar cada departamento em qualquer loja", afirma o CEO.
Ao mesmo tempo, a Americanas busca um equilíbrio delicado: modernizar suas unidades sem perder a identidade popular. "Não pode ser uma loja bagunçada, mas também não pode ser uma loja muito impecável, porque o nosso público pode associar isso a um aumento de preço. Tem que ter cara de Americanas", explica.
Com 1.600 lojas espalhadas por mais de 850 municípios, a rede tem um ativo poderoso: a recorrência. Todos os meses, cerca de 50 milhões de consumidores passam pelas unidades da Americanas.
"O cliente que compra um celular só volta para a loja depois de dois anos. O cliente que compra um chocolate hoje volta amanhã. Essa recorrência é um diferencial gigante", diz Coelho.
Venda de ativos para consolidar a reestruturação
Parte do trabalho na nova Americanas também envolve a venda de ativos considerados não essenciais ao seu core business – movimento previsto no processo de recuperação judicial.
A empresa está conduzindo processos de desinvestimento em três frentes: a fintech AME; a rede de hortifruti Natural da Terra; e a Uni.co, dona das marcas Puket e Imaginarium.
A AME, que originalmente funcionava como uma fintech independente, está sendo reintegrada à Americanas como um canal de serviços financeiros e fidelização. "Vamos devolver a licença de instituição de pagamento ao Banco Central e focar no que realmente gera valor para a Americanas", explica o executivo.
No caso do Natural da Terra e da Uni.co, a estratégia é encontrar compradores dispostos a pagar um valor justo pelos ativos. "Não temos pressa. A obrigação é conduzir um processo de venda até 2026, não vender de qualquer jeito", diz Coelho. Enquanto isso, as empresas seguem operando normalmente, com gestão independente.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado