NA SUA CESTA: Nos shopping centers, o futuro vai além das compras
Setor corresponde a 2% do PIB e continua crescendo mesmo com cenário macro mais complexo; mudança de perfil para mais lazer e gastronomia no mix ajuda na perenidade, diz presidente da Abrasce
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Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 07:47.
Sobram incertezas sobre a economia e temores sobre o impacto do seu arrefecimento sobre o varejo. Mas isso parece ser um problema (quase) distante para os shopping centers, um setor que, até agora, não dá sinais de que vai parar de crescer.
Com 95% de ocupação e a menor taxa de inadimplência da história, abaixo de 2%, os shoppings seguiram resilientes em 2024 e atraindo investimentos.
Nos grandes grupos, a inadimplência chega até a ser negativa (lojistas estão pagando pagamentos antigos que estavam em aberto), mostrando a confiança dos lojistas no modelo de negócios.
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O crescimento também se reflete nas inaugurações. Em 2024, foram nove novos shoppings, mantendo a média dos últimos anos.
Para 2025, a expectativa é de 10 a 12 novas aberturas, colocando o Brasil entre os mercados mais ativos do mundo. “Mesmo com um cenário econômico mais desafiador, o setor segue atraindo investimentos e se consolidando”, afirma Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), no novo episódio do Na sua cesta.
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O setor fechou 2024 com um crescimento de 1,9% nas vendas, alcançando R$ 200 bilhões em faturamento.
Apesar do avanço, o ritmo desacelerou em relação a anos anteriores, refletindo um cenário macroeconômico mais complexo, com juros altos e inflação pressionando o consumo.
Para 2025, a projeção é de um crescimento um pouco menor, 1,6%, ainda assim mantendo o setor em expansão.
“O segundo semestre deve ser mais difícil do que o primeiro, mas acreditamos na manutenção do emprego e da renda como fatores-chave para sustentar o consumo nos shoppings”, explica Humai.
Interior em alta e fusões mais pontuais
A interiorização dos shoppings continua sendo uma das grandes tendências do setor. Atualmente, já são 36 shoppings em cidades com até 100 mil habitantes, algo impensável anos atrás.
Esse movimento tem sido impulsionado pela melhoria da logística e pelo aumento da renda da população fora das capitais.
“Temos 27 capitais, mas mais de 5.500 cidades no Brasil. Era natural que essa migração acontecesse conforme o interior se tornasse mais rico e produtivo”, destaca Humai.
Já no campo dos investimentos, o setor viveu um 2024 marcado por grandes fusões e aquisições, com fundos comprando participações e redes ajustando seus portfólios.
Para 2025, a previsão é que esse movimento continue, mas em menor intensidade. “O ano passado foi atípico nesse sentido, e agora os negócios devem seguir mais pontuais e estratégicos”, avalia Humai.
Shoppings se reinventam com novo mix e comportamento do consumidor
Se no passado os shoppings eram sinônimo apenas de consumo, hoje eles se consolidam como centros de convivência e experiência. O mix de lojas mudou, com mais opções de lazer, gastronomia e serviços. O crescimento de operações ligadas à saúde e educação também tem sido uma tendência.
Além disso, a relação com o digital se fortaleceu. Se antes e-commerce e lojas físicas eram vistos como concorrentes, agora os shoppings investem em estratégias de O2O (online to offline), permitindo que os consumidores comprem online e retirem nas lojas físicas.
“O consumidor quer conveniência. Não existe mais essa disputa entre online e físico. O futuro do varejo é a convergência dos dois”, afirma Humai.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado