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NA SUA CESTA: A C&A cresceu 16% em 2024 — e não tem medo da concorrência 

Análise de dados e o ganho de eficiência ajudaram a empresa a crescer mais que seus pares, afirma o CEO Paulo Correa

Paulo Correa: "O que nos diferencia é a capacidade de adaptar rapidamente o sortimento" (Leandro Fonseca/Exame)
Paulo Correa: "O que nos diferencia é a capacidade de adaptar rapidamente o sortimento" (Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 11 de abril de 2025 às 15:24.

Nem a chegada da H&M ao Brasil ou os investimentos de expansão da Shein com fornecedores locais preocupam Paulo Correa, CEO da C&A. Em 2024, a varejista de moda ganhou participação de mercado e viu as vendas crescerem 16%, revertendo o prejuízo de um ano antes e lucrando R$ 452 milhões. 

“A chegada de concorrentes novos faz parte do jogo. Vários já vieram, alguns já voltaram, e outros estão aqui disputando protagonismo, como a própria C&A. Então, no final do dia o vale são nossos 50 anos de Brasil. Isso dá muito conhecimento sobre a mulher brasileira e suas preferências. Ao mesmo tempo, temos uma competência de moda mundial. A C&A está muito bem posicionada”, diz Correa em entrevista ao Na sua cesta, podcast de varejo e consumo do INSIGHT. 

Se antes passava longe dos radares do mercado, em 2024 a C&A conquistou espaço entre as queridinhas dos analistas de varejo dos bancos de investimento, com vários deles, como BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), Citi e Santander recomendando compra do papel.

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O desempenho das ações das principais varejistas de vestuário também evidencia o bom momento da empresa. Enquanto a C&A saltou 53% no ano, as concorrentes Renner e Guararapes foram bem mais modestas. A Guararapes, dona da Riachuelo, avança 15% no ano, enquanto a Renner sobe 6%.  

A boa vontade do mercado com a C&A não é à toa. A companhia conseguiu dar tração aos planos do IPO, feito em 2019, como tirar do papel o C&A Pay (seu ecossistema digital de pagamentos) e aumentar as vendas por metro quadrado – o salto desse indicador foi de 14% contra 2023.  

Entre os acertos da companhia está o investimento na digitalização e no uso de dados para aprimorar a experiência do consumidor. A implementação de algoritmos de previsão e a análise de comportamentos nas redes sociais e sites de moda permitem que a empresa reaja rapidamente às mudanças do mercado, antecipando-se às tendências e adaptando suas coleções.  

“O que nos diferencia é a capacidade de adaptar rapidamente o sortimento e criar coleções que atendam as demandas de cada momento. Essa flexibilidade é essencial para manter nossa competitividade", afirma o CEO.  

Ele exemplifica: a C&A tinha uma coleção retrô com algumas camisetas da série “Entre Tapas e Beijos”, protagonizada pela atriz Fernanda Torres. À época da indicação para o Oscar, as camisetas começaram a explodir de vendas. O que fazer? Com base nos dados, a empresa criou um modelo preditivo e aumentou a oferta do produto nas lojas, numa resposta rápida à demanda.  

 Além do uso de dados e análises para as coleções, uma das maiores apostas da companhia está na assertividade das lojas físicas. O plano de aberturas está mais modesto diante da taxa de juros mais altas, mas a companhia quer intensificar a renovação do seu parque de lojas, com mais de 300 unidades.  

“As lojas reformadas têm apresentado um aumento considerável nas vendas por metro quadrado. Isso está diretamente relacionado à experiência de compra, à forma como os produtos são dispostos e à facilidade de encontrar o que o cliente procura", diz o executivo. 

A aposta em mais categorias também é um caminho. A C&A vê oportunidades no mercado de beleza, em que sua linha própria vem ganhando força, ou na categoria de esporte e bem-estar, para qual criou um modelo diferente de loja. 

Correa, reconhece, no entanto, que o ritmo de crescimento tende a ser menos intenso em 2025, por causa do “vento contra” vindo do cenário macroeconômico. “Se você simplesmente for com o flow, com velocidade natural do mercado, você vai ter mais dificuldade de crescer. No momento que a história está um pouco mais dura, a empresa precisa evoluir aos olhos da cliente. O vento contra deve vir mais no segundo semestre, mas estamos nos preparando para ficar mais atrativa aos olhos dos clientes.” 

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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