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Na Natura (NTCO3), uma surpresa negativa – e um crash; ação cai 25% após balanço

Investidores esperavam que bom desempenho da Natura impulsionasse a geração de caixa; mas margens surpreenderam para baixo

Loja da Natura: "Empresa guiou muito mal o mercado", pondera gestor (Leandro Fonseca/Exame)
Loja da Natura: "Empresa guiou muito mal o mercado", pondera gestor (Leandro Fonseca/Exame)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 14 de março de 2025 às 12:16.

Última atualização em 14 de março de 2025 às 16:15.

As ações da Natura (NTCO3) caem mais de 25% no pregão de hoje, após a divulgação de resultados do quarto trimestre que ficou – obviamente – muito abaixo das expectativas do mercado.

Mais uma vez, a companhia trouxe um balanço muito poluído e de difícil leitura pelos analistas, por conta da reconsolidação dos resultados da Avon Internacional, que tinha sido descontinuada e apresentada em linhas separadas em meio ao processo de recuperação judicial da companhia.

Mas o que chamou atenção foi principalmente a pressão de margens na companhia, tanto pelo lado dos custos quanto das despesas.

“Isso pode se traduzir numa revisão mais ampla dos consensos para resultados”, apontou o Citi em relatório.

O tamanho do tombo denota o tamanho da expectativa.  No mercado, começava a crescer a visão de que o pior da arrumação da casa após a internacionalização frustrada dos últimos anos tinha passado e que o bom desempenho da marca Natura no Brasil deveria começar a se traduzir numa geração de caixa consolidada mais robusta.

De fato, as vendas da Natura no Brasil vieram fortes, com alta de 21% na comparação anual, mas o crescimento foi muito fraco na Avon Latam.

O que ninguém esperava era uma queda significativa na margem bruta da operação e tampouco uma disparada nas despesas gerais e administrativas e com pesquisa e desenvolvimento, que levaram o EBITDA da operação a ficar estável no período.

“Eles guiaram muito mal o mercado e não conseguiram clarear as dúvidas que apareceram no call de resultados”, ponderou um investidor que estava comprado no papel. "É impressionante como quase todo o balanço tem uma surpresa muito negativa."

No release, a Natura&Co disse que a margem bruta deve se beneficiar do processo de “Onda 2”, que envolve a consolidação das força de vendas entre Natura e Avon, melhoras de preços e melhor mix de marcas.

“Contudo, a direção também notou um risco de uma desaceleração no mercado de beleza brasileiro no contexto de ventos contrários do macro e volatilidade na América Latina com a implementação da Onda 2 no México e na Argentina”, ponderou o Goldman Sachs.

Outra decepção veio nas indicações a respeito da Avon Internacional.

A companhia vinha falando que estava avançando no processo, mas depois que divulgou que se encerrou o período de exclusividade com a gestora IG4, falhou em dar mais detalhes, deixando os investidores no escuro a respeito do futuro da operação, que queima muito caixa.

No consolidado do quarto trimestre, a Natura registrou prejuízo de R$ 438,5 milhões, contra perdas de R$ 2,6 bilhões no ano passado.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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