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IPCA+ ‘Plus’: O refúgio na Bolsa para bater os juros altos, segundo o BTG

De volta à cobertura de utilities no banco, Antonio Junqueira elege Equatorial, Sabesp, Eletrobras e Orizon como suas top picks

Pós-privatização, Sabesp deve entregar mais eficiência e pode crescer para novos municípios (Mônica Andrade/Governo do Estado de SP)
Pós-privatização, Sabesp deve entregar mais eficiência e pode crescer para novos municípios (Mônica Andrade/Governo do Estado de SP)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 30 de outubro de 2024 às 14:57.

Última atualização em 30 de outubro de 2024 às 15:03.

Num Brasil marcado por juros estruturalmente altos, a Selic vem superando consistentemente o desempenho da Bolsa – e as NTN-Bs, ou os títulos ‘IPCA+’ dão de lavada nos dois.

Num mercado que virou praticamente uma grande corrida das Bs, um canto específico do mercado acionário, no entanto, é o que vem trazendo um maior conforto: o das empresas de utilities, de elétricas ou saneamento, com contratos corrigidos pela inflação e, portanto ‘bond proxies’ – e, na sua maior parte, estão com o valuation descontado.

Na sua estreia de volta na cobertura do segmento do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), Antonio Junqueira fez suas apostas para o que batizou de IPCA+ ‘Plus’: as empresas capazes de entregar proteção e crescimento, gerando retorno acima das Bs.

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O setor de utilities foi (e continua ser) um lugar onde é possível superar o retorno do IPCA+. Se procurarmos de maneira cautelosa, podemos achar histórias capazes de entregar ERP [prêmio de risco de equity] positivo”, escreveu o analista, um dos mais respeitados e experientes do setor, com 14 anos de cobertura.

Uma de suas principais apostas é na Sabesp, mesmo após a alta de 60% nos últimos doze meses, após o processo de privatização que tornou a Equatorial sua acionista de referência.

O preço-alvo é de R$ 132 para o fim do próximo ano, um potencial de alta de 43% em relação ao patamar atual, considerando a expectativa de redução de despesas e de investimentos mais robustos que vão se traduzir numa maior base de ativos (RAB).

A grande questão, contudo, são as opcionalidades que não estão sendo consideradas no preço, aponta. Entre elas, estão melhorias na regulação para permitir o reconhecimento de investimento em base de ativos mais rápido e o crescimento para novos municípios no Estado de São Paulo.

“Apesar do quanto as ações andaram, achamos que a Sabesp é a nova compounder no pedaço”, diz.

A segunda top pick é a própria Equatorial, com preço-alvo de R$ 48 (potencial de alta de 50%).

Dado o bom histórico de alocação de capital, ainda que este ano a companhia deva digerir a aquisição da Sabesp, a expectativa é que, em algum momento, volte a achar novas oportunidades de crescimento: seja em saneamento seja em concessões de distribuição que precisem de mudanças.

“Com um bom retorno implícito, contudo, dá para esperar a companhia encontrar as boas oportunidades de alocação de capital”, diz Junqueira, lembrando que a Equatorial entregou um retorno anual de IPCA+20% de 2010 a 2023.

Dividendos e small caps

Nenhuma empresa é uma ‘compounder’ para sempre, reaplicando o valor que gera em outras oportunidades com retornos mais suculentos. Algumas delas se tornam grandes demais – e acabam se tornam grandes pagadoras de dividendos.

É o que Junqueira acredita que vai acontecer com a Eletrobras, sua outra aposta no setor.

Na visão dele, questões como o acordo de governança com o governo, o futuro de Angra 3 e, principalmente, a quantidade de energia descontratada que carrega no balanço, devem ser resolvidas nos próximos três anos, convertendo a companhia numa ‘cash cow’, com boa distribuição de proventos.

Para o analista, hoje a Eletrobras está negociando como se os preços de energia fossem ficar baixos para sempre, no nível de R$ 112 por MWh. Boas pagadoras de dividendos tendem a ser mais valorizadas pelos acionistas – como mostram os TIR das demais elétricas hoje – e a antiga estatal deve fechar esse gap.

Fechando o rol das top picks, está a Orizon, de gestão de resíduos, no espaço das small caps. Além no crescimento no core business de aterros sanitários, o mais interessante são as opcionalidades.

“A empresa tem uma TIR alta, opera num setor fragmentado e pode verticalizar muitos de seus ecoparques para outros negócios [como biogás e biometano], acionando valor presente líquido”, diz. O preço-alvo é de R$ 59, potencial de valorização de 27%.

Numa temática que se tornou quase consensual entre os fundos locais, o BTG dá ainda outras alternativas para alocação em utilities.

Para a temática de compounders, elenca Energisa e Alupar. “Quando se trata do segmento de distribuição, só favorecemos a Equatorial por conta de seu histórico mais agressivo de alocação de capital”, diz Junqueira.

Em dividendos, Copel também é uma boa opção, com características parecidas como a Eletrobras, mas menos risco – e, portanto, também menos retorno.

No universo das small caps, a alternativa à Orizon é a Serena, antiga Omega, de energia renovável.

“Com um DNA agressivo de alocação de capital, a companhia tem um endividamento elevado, o que adiciona risco, mas tem a vantagem de potencialmente transferir valor da dívida para o equity nos próximos anos, com um processo natural de desalavancagem”, pontua.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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