Inter fecha 2024 com quase R$ 1 bi de lucro; ROE atinge 13,2% no 4º tri
“Vemos uma oportunidade muito boa de manter o patamar de crescimento em 2025, mesmo com ambiente mais desafiador”, diz CFO
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 6 de fevereiro de 2025 às 08:17.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2025 às 08:54.
O banco Inter entregou um quarto trimestre em linha com as expectativas do mercado, com lucro de R$ 295 milhões, um avanço de 84% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em 2024 com um todo, o lucro chegou a um recorde de R$ 973 milhões, o triplo do ano anterior – e equivalente a toda a lucratividade histórica combinada do grupo.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) no trimestre foi de 13,2%, uma evolução expressiva em relação ao 11,9% registrados no terceiro trimestre e muito acima dos 8,5% dos últimos três meses de 2023.
No acumulado do ano, o indicador chegou a 11,7%, posicionando o principal indicador rentabilidade do banco de vez no patamar dos dois dígitos.
Apesar do ambiente mais difícil neste ano, com juros mais elevados e uma desaceleração econômica já apontando, o Inter não pretende perder o apetite de crescimento e quer aproveitar “com cautela”, diz o CFO Santiago Stel.
“Vemos uma oportunidade muito boa de manter aproximadamente o patamar de crescimento que temos, mesmo que o ambiente seja um pouco mais desafiador. Porque nosso crédito é colateralizado e nossas despesas são mais baixas. Então se os concorrentes ficam mais conservadores, nós conseguimos ser mais competitivos e ganhar um pouco mais de share”, diz.
No fim do ano passado, o Inter repetiu a dose do terceiro trimestre e adicionou mais de 1 milhão à base de clientes, encerrando o ano com 36 milhões de clientes. Desses, 20,6 milhões são ativos.
O índice de eficiência, o mede o quanto das receitas são consumidas por despesas, voltou a recuar no quarto trimestre, e passou a 50,1%, 0,6 ponto percentual a menos do que no trimestre imediatamente anterior.
No terceiro trimestre, o Inter tinha interrompido uma sequência de reduções nesse indicador por conta da aquisição da Granito, rebatizada de InterPag, e investimentos em branding e marketing.
O Inter tem guidance de levar esse índice de eficiência a 30% em 2027, dentro de um plano batizado de 60/30/30, que inclui ainda a metade e 60 milhões de clientes e 30% de ROE.
Segundo Stel, o Inter está avançando mais rápido que o esperado no quesito eficiência. Em 2023, quando lançou seu plano estratégico, esse indicador era de 75% e a estimativa era de chegar a 50% apenas em meados de 2025.
A melhora veio principalmente pelo crescimento da receita, que avançou 10% no trimestre, enquanto as despesas cresceram 7%.
Também houve melhora na margem financeira líquida (NIM), que passou a 9,7% no último trimestre do ano, ante 9,0% no mesmo período do ano anterior.
Os principais motores de crescimento da carteira foram o home equity, que cresceu 52% no ano; o adiantamento do FGTS, com alta de 56%; e os cartões de crédito, que aumentaram 25%.
A inadimplência do banco seguiu controlada. O percentual de atraso de 90 dias caiu de 4,5% no terceiro trimestre para 4,2% no quarto, mantendo uma tendência de melhora na qualidade dos créditos.
"Melhoramos nossos modelos e algoritmo de concessão de crédito para a entrada de novos clientes e estamos trabalhando mais no controle de crédito a clientes existentes. Os cartões, por exemplo, que são nosso principal driver de inadimplência, melhoram safra a safra”, explica Stel.
Apesar de ainda não haver muitos detalhes sobre como ele deve funcionar, o novo crédito consignado anunciado pelo governo federal também entrou no radar do Inter.
"Se o consignado privado for regulamentado, seremos um dos primeiros a capturar essa oportunidade, pois já temos toda a estrutura digital pronta", afirmou o executivo.
De acordo com o CFO, o novo modelo de crédito ao trabalhador privado abriria um mercado endereçado “gigante”, superando de longe o consignado público e se tornando uma “boa notícia” para o setor.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado