Em meio à transformação de portfólio, CCR tem investimento recorde de R$ 7,2 bi em 2024
Maior parte dos aportes foi na plataforma de rodovias e em mobilidade urbana – que inclui trens e metrôs; expectativa do mercado é de desinvestimentos em aeroportos neste ano
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 14:00.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2025 às 14:18.
Em 2024, a CCR intensificou seu ritmo de investimentos. No total, foram R$ 7,22 bilhões aportados em projetos de rodovias, aeroportos e mobilidade urbana – o maior volume já investido pela companhia em toda sua história.
O movimento faz parte de um plano ainda mais ambicioso: a empresa está conduzindo um dos maiores programas de desenvolvimento de infraestrutura do país, com um investimento total previsto de quase R$ 50 bilhões pelos próximos dez anos.
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Com a recente conquista das concessões da Rota Sorocabana (SP) e do Lote 3 do Paraná, a CCR adicionou um capex estimado de R$ 19 bilhões ao seu portfólio.
Dos R$ 7,22 bilhões investidos em 2024, a maior parte (R$ 4,16 bilhões) foi direcionada à plataforma de rodovias.
Entre os destaques está o início da duplicação da Serra das Araras (RJ), um dos principais gargalos logísticos do país. O projeto inclui a construção de 24 viadutos, rampas de escape e melhorias nos acessos viários.
O Sistema Anhanguera-Bandeirantes também recebeu investimentos, com a recuperação de 2,1 mil quilômetros de pavimento entre São Paulo e o interior. Paralelamente, a CCR Rodovias avançou na duplicação da Rodovia Raposo Tavares e na ampliação de vias na Rodovia Castello Branco.
Do restante, o setor de mobilidade urbana recebeu R$ 1,57 bilhão, com modernização das Linhas 8 e 9 do sistema de trens metropolitanos de São Paulo, incluindo a aquisição de 36 novas composições da fabricante Alstom, com a última unidade prevista para entrar em operação no primeiro trimestre de 2025.
No Rio de Janeiro, a companhia inaugurou o Terminal Intermodal Gentileza (TIG), que integra o VLT Carioca, o BRT Transbrasil e diversas linhas de ônibus municipais. O terminal deve atender mais de 150 mil passageiros diariamente.
Por fim, investiu R$ 1,63 bilhão na modernização de 15 aeroportos, distribuídos entre os blocos Central e Sul. As melhorias incluem novas áreas de embarque e desembarque, esteiras de bagagens automatizadas e adequações nas pistas de pouso e decolagem.
Também está conduzindo a pré-engenharia para a construção de uma nova pista em Curitiba (PR) e a modernização do terminal de passageiros em Navegantes (SC).
Transformação de portfólio
O recorde de investimentos coincide com a visão de que o ano de 2024 foi de transformação para a CCR, segundo o analista Filipe Nielsen do Citi em relatório de 23 de janeiro. A empresa incorporou novos projetos e adotou uma “abordagem mais seletiva nos leilões".
Segundo o analista, empresa parece menos exposta a uma deterioração macroeconômica do que outras acompanhadas pelo banco. “A atual transformação do portfólio a coloca em uma trajetória positiva de longo prazo", escreve Nielsen.
O aumento o backlog de capex pode elevar a exposição à inflação de custos, além de afastar os dividendos no curto prazo – uma má notícia para investidores. Mas não o suficiente, acredita o analista, para deixar de lado a tese mais construtiva.
“Acreditamos que o reequilíbrio de ativos e as possíveis alienações podem se intensificar este ano, melhorando a estrutura de capital e potencialmente atuando como gatilhos caso se concretizem”, escreve.
Entre esses reequilíbrios, Nielsen lista o encerramento do contrato da ViaOeste, a transferência da concessão das Barcas para o futuro operador e uma possível solução para a concessão da MSVia.
Esses movimentos devem ajudar a trazer resultados mais limpos, com melhores margens de Ebitda ao longo do ano.
Há, ainda uma expectativa do analista do Citi (e de boa parte do mercado), para de que as discussões sobre desinvestimentos no setor de aeroportos ganhem força este ano.
Isso aliviaria os resultados e melhoraria a estrutura de capital caso sejam concretizadas. “O timing e a criação de valor dessas iniciativas são difíceis de estimar, mas as condições parecem favoráveis para esses desenvolvimentos”, diz Nielsen.
Segundo Nielsen, a CCR também demonstra maior seletividade nos leilões de novos projetos, em razão das condições macroeconômicas e da necessidade de preservar o balanço.
"A empresa ainda vê oportunidades atrativas, mas o espaço para novas aquisições está reduzido, o que pode resultar em uma estratégia mais cautelosa nos próximos anos", afirma o analista.
O Citi mantém recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 13,60, com um potencial de valorização de 25%. Em 12 meses, os papéis da CCR acumulam baixa de 14,65%. Mas, neste ano, os papéis avançam 10,25%, negociados a R$ 11,19 nesta segunda-feira, às 11h45.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado