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ESG

Conexão Riad: Vale avança em mega hub verde na Arábia Saudita

Em guinada em direção à qualidade, mineradora quer unir sua tecnologia de produção de briquetes à oferta ampla de gás natural no reino para reduzir emissões na siderurgia

Briquete: Desenvolvido ao longo de 20 anos, produto é aposta da Vale para descarbonizar o aço (Vale/Divulgação)
Briquete: Desenvolvido ao longo de 20 anos, produto é aposta da Vale para descarbonizar o aço (Vale/Divulgação)
Lucas Amorim

Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 16 de janeiro de 2025 às 23:00.

RIAD* – Maior produtora de petróleo do mundo, a Arábia Saudita está tentando fazer uma guinada verde para diversificar sua economia, com avanços relevantes em mineração de lítio e siderurgia.

Com uma relação histórica com o reino – seu sócio na área de Base Metals –, a Vale aproveitou o Future Minerals Forum para avançar na parceira, com o anúncio de que decidiu onde será construído seu megahub verde, na cidade industrial de Ras Al Khair.

Previsto para ser desenvolvido em duas fases, o projeto tem potencial para produzir anualmente até 12 milhões de toneladas de briquetes de minério de ferro, principal aposta da mineradora para atender a demanda pela descarbonização da siderurgia – um dos setores mais intensivos em emissões do mundo.

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“Esse acordo é mais do que um marco para a Vale: representa nosso primeiro passo para remodelar como será o futuro da indústria siderúrgica no Oriente Médio”, afirma Rogério Nogueira, vice-presidente executivo comercial e de novos negócios da Vale.

O hub em Ras Al Khair se unirá a outros dois planejados na região, no Omã e nos Emirados Árabes.

Desenvolvido ao longo de mais de 20 anos pela Vale, o “briquete” foi lançado em 2021 e é a iniciativa mais concreta da mineradora para avançar na transição energética e se posicionar como um player inovador, numa indústria cada mais vez commoditizada e de preços pressionados.

Trata-se de um novo tipo de aglomerado de minério de ferro que usa temperaturas mais baixas na manipulação, o que permite a redução ou até mesmo a eliminação do consumo de carvão na produção de aço, substituindo o combustível por gás ou hidrogênio verde.

Para entender o impacto e a importância do Oriente Médio, é preciso compreender as rotas de produção de aço.

O processo via alto-forno é amplamente utilizado pelas siderúrgicas ao redor do mundo, porém é altamente intensivo em emissões devido à utilização do coque. Nessa rota, o briquete pode substituir a sinterização, etapa onde ocorre a aglomeração do minério de ferro, permitindo uma redução de 10% na produção de gases de efeito-estufa.

Na Arábia Saudita, a ideia é usar o gás natural – abundante e barato -- como matéria-prima para a siderurgia, numa rota conhecida como de redução direta. Nesse processo, briquetes e pelotas são utilizados para a produção de HBI (hot briquetted iron), que é colocado num forno elétrico, emitindo 50% a 70% menos que o método tradicional.

Com o avanço da produção mais escalável do hidrogênio verde a preços competitivos, a indústria acredita que será possível substituir o gás e produzir aço net zero.

A produção de briquetes pela Vale já está em operação em Tubarão, no Espírito Santo, onde a Vale quer fechar com hub com siderúrgicas e porto, usando parceiros locais.

Nova fase

O interesse na Arábia Saudita vem num momento em que a Vale quer mostrar que é a qualidade que vai levá-la adiante.

Após um momento focada em volume e preço e em questões internas, como os acidentes de Mariana e Brumadinho e a governança, a empresa se organiza para mostrar que pode ser uma solução global para a descarbonização da siderurgia e do cimento, indústrias que, juntas, respondem por 16% das emissões globais.

Isso acontece num momento em que os chineses estão perto de colocar em operação a mina de Simandou, na Guiné, com qualidade igual à da Vale – o que deve aumentar sobremaneira a oferta no mercado internacional.

A demanda, por sua vez, não crescerá na mesma proporção, com as dúvidas sobre a capacidade chinesa de manter investimentos nas siderúrgicas – ainda mais com o cerco previsto pelo governo Trump.

*Lucas Amorim viajou a convite do Future Minerals Forum

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Lucas Amorim

Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, começou a carreira no Diário Catarinense. Está na Exame desde 2008, onde começou como repórter de negócios. Já foi editor de negócios e coordenador do aplicativo da Exame.

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