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Energia elétrica

Com maior impacto de cortes de energia, UBS rebaixa Engie para venda – e faz preço

Banco considera uma redução de despacho de 10% para geração eólica e solar e alavancagem maior com investimentos em transmissão

Gerador eólica da Engie: Expectativa de redução de despacho por conta de segurança nos horários de pico deve afetar resultados, diz UBS (ENGIE /Divulgação)
Gerador eólica da Engie: Expectativa de redução de despacho por conta de segurança nos horários de pico deve afetar resultados, diz UBS (ENGIE /Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 11 de novembro de 2024 às 16:28.

As ações da geradora de energia Engie operam em baixa de pouco mais de 2% nesta segunda-feira, 11, entre as maiores quedas do Ibovespa, depois que o UBS rebaixou sua recomendação de “neutra” para “venda”.

O banco fez um corte relevante de preço-alvo, de R$ 50 para R$ 38 por ação ao fim de 2025.

O principal fator por trás da redução foi a expectativa de cortes mais relevantes no despacho de energia das fontes eólica e solar, que vem acontecendo a taxas cada vez mais relevantes no sistema elétrico brasileiro, desde o apagão de agosto de 2023.

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Para atender a demanda de pico no fim do dia, o Operador Nacional do Sistema (ONS) tem aumentado o despacho das térmicas nesses horários, reduzindo o despacho das renováveis, especialmente no Nordeste, para evitar sobrecarga nos sistemas de transmissão.

Agora, o UBS estima um corte de 10% do despacho das renováveis da Engie, que devem somar 1,6 GW até o fim de 2025 – em linha com a redução de 9% no acumulado do ano e de 14% no terceiro trimestre. Esse fator sozinho, considerando um preço de energia de R$ 154 por MWh, reduziu a previsão de receita e de EBIT em R$ 221 milhões, respondendo por 5% do lucro estimado até então para o próximo ano.

"Na nossa visão, as geradoras de energia eólica e solar serão mais afetadas pelos 'curtailments' pelo menos até que haja uma solução mais viável e escalável de armazenamento de energia (como baterias)", escreveu o analista Giuliano Ajeje.

Antes, o banco não levava em conta os chamados “curtailments”. De acordo com o UBS, o consenso de mercado parece estimar um corte mais modesto, próximo de 5%.

Nas suas contas, o analista também está levando em conta o impacto dos juros mais altos sobre os investimentos volumosos necessários para construir o pipeline de transmissão já contratado pela companhia – e ajustando suas previsões para levar em contar as despesas financeiras maiores que o estimado nos últimos trimestres.

“O alto capex a ser feito em nova linhas deve ou reduzir os dividendos no curto prazo, diminuindo a atratividade da ação, ou aumentar sua alavancagem – apostamos nessa última hipótese”, afirma Ajeje.

Além disso, apesar dos preços de energia terem subido 32% na comparação anual, a Engie é menos beneficiada que outras geradoras, pondera Ajeje, já que tem um menor volume de energia descontratado para alocar sob novas condições.

A Engie tem 19% da energia descontratada para 2026, contra 28% da Copel e 50% da Eletrobras.

Outro fator levado em conta na revisão das estimativas foi a redução das receitas que devem vir após a venda de 15% na rede de gasodutos TAG, que era um cash-cow.

Sob o novo preço-alvo, o UBS estima uma taxa real de retorno para as ações da Engie de 9,6%, abaixo da média de 11,4% das empresas de utilities sob a sua cobertura.

No ano, as ações da Engie acumulam baixa de 12%, contra recuo de 7% do Índice de Energia Elétrica (IEE).

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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