Cayena: startup capta R$ 20 mi para apimentar o mercado de alimentação
Empresa conecta bares, restaurantes e hotéis com fornecedores; rodada foi liderada pelo fundo europeu Picus Capital
Publicado em 13 de setembro de 2021 às 11:30.
Última atualização em 13 de setembro de 2021 às 11:43.
Com a popularização dos cardápios digitais, pagamentos por QR Code, deliveries e dark kitchens, é difícil imaginar que há um lado do setor de alimentação que ainda não tenha sido profundamente transformado pela tecnologia. Mas, segundo a startup Cayena, a oportunidade existe e é grande: a digitalização do relacionamento dos estabelecimentos com seus fornecedores — mercado que movimenta R$ 570 bilhões por ano, segundo a ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos).
Com um marketplace que conecta cerca de 2.000 bares, restaurantes e hotéis a produtores e distribuidores, a empresa acaba de captar um aporte de R$ 20 milhões em uma rodada série A liderada pelo fundo europeu Picus Capital. Entraram na rodada também o fundo chinês MSA Capital (investidor do Nubank), o brasileiro Astella Investimentos (Clicksing, Kenoby), o americano FJ Labs (Alibaba, Uber), o mexicano Noa Capital, a Tap Development, o Grão VC e a Coca-Cola FEMSA. Os investidores anteriores da companhia, Canary e Norte Ventures, acompanharam o investimento.
Fundada pelos amigos de faculdade Gabriel Sendacz, Pedro Carvalho e Raymond Shayo, egressos do mercado financeiro, a Cayena nasceu para ser um marketplace que facilita a vida dos estabelecimentos e aumenta as vendas dos fornecedores parceiros. "As compras no setor de alimentação ainda são muito analógicas, feitas direto nos atacados ou por intermédio de distribuidores. Comparar preços fica difícil nesse sistema", diz Carvalho ao EXAME IN.
A proposta da empresa é garantir para os bares e restaurantes acesso a uma gama ampla de produtos — hoje são mais de 20.000 itens — e com entrega garantida em até 24 horas. Para isso, a startup se responsabiliza pela checagem dos fornecedores que operam na plataforma: em média, só 30% dos candidatos são aceitos. A operação atualmente está concentrada na grande São Paulo, mas deve ser expandida para o interior do estado e para outras capitais em breve.
Por ser totalmente digital e atuar em um mercado de tíquetes altos e grande recorrência (os clientes compram em média seis vezes por mês), a Cayena chamou a atenção de investidores desde o começo. Em 2020, a empresa conquistou um investimento de R$ 2,5 milhões, liderado pelo Canary e com participação da Norte, que garantiu estabilidade para o negócio nos primeiros meses de pandemia. Hoje, o susto com o início da quarentena ficou no passado e a operação da empresa cresce a passos largos — dobrando de tamanho a cada três meses, em média.
"Vemos a dinâmica de marketplaces B2B com muito otimismo, em uma tendência global. É um modelo complexo de ser tirado do papel, mas ficamos impressionados com o nível de execução da Cayena", afirma Julian Roeoes, sócio da
Picus Capital. "Nos últimos anos, vimos muitos mercados para consumidores finais serem digitalizados, uma vez que volumes menores e maior flexibilidade dos usuários e clientes finais reduzem em muito os pontos de fricção na jornada. No B2B, no entanto, indicadores de ticket médio e recorrência são muito mais atrativos. Além disso, o maior nível de exigência dos clientes no B2B criam oportunidades de serviços e monetização que vão muito além de comissões sobre volumes transacionados", diz o investidor em nota.
Segundo os fundadores, os R$ 20 milhões serão investidos nos times de produto, tecnologia, comercial e marketing da companhia. "Com o produto robusto, é hora de focar em marketing. Atuamos em um mercado bem offline, com vendas direta ou por indicação. Agora, vamos trabalhar para construir nossa máquina de vendas", diz Raymond Shayo. Para isso, a startup vai aumentar de tamanho. A equipe, hoje com 25 pessoas, deve contratar mais 100 nos próximos doze meses. A meta é terminar o ano que vem com pelo menos R$ 100 milhões em vendas transacionadas pela plataforma.
Espaço para crescer não falta. O Brasil, que é o quarto maior mercado do planeta no setor de alimentação fora do lar, tem cerca de 1,3 milhões de estabelecimentos, segundo a consultoria Food Consulting. O desafio para a startup continuar multiplicando a operação vai ser convencer os donos de pequenos negócios a digitalizerem suas operações enquanto se diferencia da concorrência — hoje, startups como Frubana (investida pelo SoftBank) e Menu (investida pela Ambev) também estão atuando nesse mercado.
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