‘Bull crash’: A decepção dos investidores com Donald Trump, em quatro gráficos
Redução de alocação de investidores nos EUA bate recorde e pessimismo com a economia global tem maior aumento desde o estouro da Covid, mostra pesquisa do BofA

Publicado em 19 de março de 2025 às 14:07.
A pesquisa mensal do Bank of America Merrill Lynch (BofA) com gestores globais é um dos termômetros mais acompanhados do sentimento do mercado.
E a foto trazida na edição de março é um exemplo claro da volta de 180 graus na percepção sobre a economia e as bolsas americanas em meio às incertezas trazidas por Donald Trump.
Segundo o banco, os investidores cortaram sua alocação nos Estados Unidos no maior nível já registrado na série histórica que começa em 1999 (incluindo o 11 de setembro).
A alocação em ações americanas despencou 40 pontos percentuais, saindo de 17% overweight – ou seja, com peso acima da média, apostando na alta – em fevereiro para 23% underweight (abaixo da média, ou apostando na baixa).
Mudança na alocação em ações nos EUA

Fonte: Bank of America Merrill Lynch
Temores de estagflação e a guerra comercial estão entre as razões apontadas pelo banco para o que intitulou de “bull crash”. Confrontados com a pergunta “O excepcionalismo americano chegou ao pico?”, 69% dos respondentes disseram que sim.
O excepcionalismo americano chegou ao pico?

Fonte: Bank of America Merrill Lynch
Hoje, o maior risco de cauda, segundo eles, é de que a guerra comercial resulte em recessão, a principal preocupação para 55% dos respondentes. O medo de uma bolha de IA caiu de fevereiro para março e hoje é apontado como o maior risco por apenas 2% dos investidores.
As incertezas se traduziram no segundo maior aumento no pessimismo em relação à economia global na comparação mês a mês em 31 anos. O recorde anterior tinha sido em março de 2020, com a Covid. O principal gatilho da mudança é em relação à economia americana.
A economia global vai se enfraquecer nos próximos 12 meses?

Fonte: BofA. (Mudança % na comparação mês a mês)
A mudança na alocação dos investidores mostra que se trata de um reequilíbrio na alocação de recursos, mais que um risk-off total em que se vende todo tipo de ativo.
A Europa tem sido a maior beneficiada pelo movimento. As alocações em ativos na Zona do Euro avançaram 27 pontos percentuais de um fevereiro para março, para o maior nível desde julho de 2021. De acordo com o BofA, trata-se de maior rotação de recursos dos Estados Unidos para o continente europeu de toda a série histórica.
O Reino Unido e mercados emergentes também tiveram aumento relevante na alocação, assim como a posição em cash. A pesquisa do BofA foi conduzida em 13 de março, cobrindo 171 participantes, com US$ 477 bilhões em ativos sob gestão.
Mudança de posionamento dos investidores (em pontos percentuais)

Fonte: Bank of America Merrill Lynch
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

Carolina Ingizza
Redatora na ExameRepórter freelancer. Antes, trabalhou na revista EXAME, no jornal Financial Times e no site JOTA.