BTG sobre Gerdau: "Cubram seus shorts"
Banco recomenda sair de posições vendidas, apostando na queda, já que quarto trimestre pode ter marcado o fundo do poço para a rentabilidade
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 23 de fevereiro de 2024 às 10:23.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2024 às 11:19.
Após quase dez anos recomendando compra, o BTG Pactual cortou em dezembro seu call das ações da Gerdau para 'neutro', em meio ao aumento da concorrência chinesa e deterioração nas margens do Brasil, que voltaram aos patamares de 2015, quando o país estava em franca recessão. Desde então, as ações caíram 9% e o papel se consolidou como um short consensual, com muitos investidores apostando na queda.
Agora, ainda que não esteja otimista o suficiente para voltar ao buy, o banco acredita que os lucros da siderúrgica possam ter chegado ao piso no quarto trimestre. “Acreditamos que é apropriado cobrir os shorts, pelo menos”, aconselha a equipe liderada por Leonardo Correa.
O banco espera uma recuperação gradual no EBITDA por conta da normalização dos resultados na América e da resiliência do negócio nos Estados Unidos. Além disso, apesar da cobrança cada vez mais dura da companhia por aumento de tarifas de importação para fazer frente à enxurrada do aço chinês, a empresa vem tentando emplacar aumentos de preços no mercado interno, aponta o BTG.
"A direção da Gerdau está trabalhando com um abordagem realista em relação aos aumentos de preços (e não esperam nada relevante)", aponta Correa. Para o analista, a rentabilidade no país continua um ponto de interrogação, mas provavelmente já chegou ao seu menor nível.
O CEO Gustavo Werneck sinalizou que a Gerdau ainda não está com as operações otimizadas para o cenário mais deprimido para a indústria siderúrgica no país, e que ainda pode fazer mais ajustes, com novas demissões e fechamento de capacidade. O investimento de R$ 6 bilhões para este ano, anunciado no começo da semana, vem dentro da estratégia de aumentar a competitividade dentro desse cenário.
Outro ponto relevante sobre o resultado do quarto trimestre é que os ajustes referentes ao ciclo hiperinflacionário na Argentina, que tiraram R$ 526 milhões do balanço no período, não devem se repetir nos próximos trimestres, aponta o BTG.
Nas operações da América do Norte, que já representam mais de 50% da receitas da Gerdau e vem se destacando do lado positivo, o cenário benigno deve se manter. "Novas tendências de demanda nos Estados Unidos devem manter o consumo em níveis elevados, com aumentos de capacidade muito limitados dentro de seus segmentos", diz a equipe do banco, apontando que as margens na região devem seguir estáveis, em níveis elevados, nos próximos trimestres.
O BTG tem preço-alvo de R$ 27 para a Gerdau ao fim de 2024, enquanto os papéis negociam a R$ 21,65, com queda de 20% em 12 meses.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.