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Braskem: oferta de R$ 9 bi em ações PNs sai ainda neste mês

Objetivo é que controladores vendam todas as preferenciais — após renegociar com bancos, Novonor tem três anos de prazo para vender ordinárias

Braskem: sócios começam a pulverizar capital em um dos melhores momentos da história da empresa (Braskem/Divulgação)
Braskem: sócios começam a pulverizar capital em um dos melhores momentos da história da empresa (Braskem/Divulgação)

Publicado em 4 de janeiro de 2022 às 18:41.

Última atualização em 5 de janeiro de 2022 às 21:04.

A Braskem colocou o pé no acelerador, pois pretende realizar a oferta de venda das ações preferenciais detidas pela Novonor e pela Petrobras ainda com o balanço do terceiro trimestre de 2021. Na prática, isso significa que nas próximas semanas já devem começar as apresentações aos investidores e que a definição de preço ocorre até o fim do mês, conforme fontes próximas ao tema. Oficilmente, a janela vai até 11 de fevereiro. Juntas, as controladoras possuem um total de 155 milhões de ações preferenciais, equivalentes a mais de R$ 8,8 bilhões ao preço atual de bolsa. Esse bloco representa 20% do capital total da petroquímica.

O objetivo dos acionistas, que antes tentaram encontrar um comprador estratégico para o controle, é vender em uma só tacada todas as ações preferenciais na bolsa. Com isso, querem transmitir duas mensagens: sem pressão de novas vendas de ações no curto prazo e, sim, os controladores estão mesmo de saída da empresa.

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Novonor e Petrobras já alcançaram um consenso de que a companhia irá para o Novo Mercado, com um acordo de acionistas revisado. Nesse momento, todos os esforços estão concentrados na preparação para a oferta, mas em seguida, ato contínuo, começam as definições sobre os detalhes para a conversão das ações preferenciais em ordinárias.

Portanto, na prática, quem estiver comprando as ações preferenciais está adquirindo uma ordinária futura e de uma companhia de controle pulverizado. O novo acordo deverá reger sobre os direitos dos acionistas hoje controladores e seus direitos, conforme avançar a saída gradual — as ordinárias não devem ser vendidas em um só lote. E ainda há chance de participarem em um dividendo interessante, considerando o que promete o balanço fechado de 2021: a geração livre de caixa de janeiro a setembro somava nada menos do que R$ 7,6 bilhões.

Apesar de estarem vendendo juntas, as companhias controladoras têm motivos diversos para sair da petroquímica justamente agora, em de seus melhores momentos da história. A ação está próxima de sua máxima histórica, mesmo com o mau-humor generalizado do mercado — e, dessa vez, não é motivada pela perspectiva de uma transação de aquisição de controle.

Em 2018, no outro único momento em que a Braskem superou R$ 45 bilhões na B3, havia grande expectativa que a LyondellBasell comprasse a participação da então Odebrecht, operação que foi frustrada.

A Novonor precisa vender os papéis porque eles foram dados em garantia para cinco instituições financeiras para dívidas que, somados principal e juros, alcançam R$ 15 bilhões. Já a Petrobras, há tempos, decidiu que seu foco de atividade é a exploração do petróleo.

Com a explosão do preço das resinas, a receita líquida da Braskem saltou 94%, para R$ 77,4 bilhões de janeiro a setembro de 2021, ante igual intervalo de 2020. O resultado operacional cresceu ainda mais nessa base de comparação: 272%, para R$ 24 bilhões. Depois de amargar um 2020 cheio de notícias complicadas, a companhia reorganizou seus compromissos e prazos e sua nota de crédito pelas agências de classificação de risco voltou a ser “grau de investimento”.

Mais três anos para vender as ONs

Durante o road show para investidores, ficará claro que a pressão para novas vendas diminuirá após a operação com as preferenciais. Ao mudar do modelo de venda de controle para uma companhia estratégia para saída via mercado de capitais, a Novonor negociou novos prazos com os bancos credores. A ex-Odebrecht terá cerca de mais três anos para vender por completo as ações restantes.

Após a venda das ações preferenciais, Novonor e Petrobras ficarão com 55% do capital da Braskem. Serão ainda acionistas majoritárias, mesmo em uma conversão com equivalência entre ações sem voto e com voto. A expectativa é que o mercado consiga absorver toda a transação das preferenciais, mesmo em um momento de reduzido interesse por ações. Não há, no radar, nenhuma outra grande oferta no curto prazo que possa concorrer por recursos.

Novo Mercado

Também haverá um reforço na apresentação a respeito da evolução da governança após a migração para o segmento com as mais altas exigências de transparência e direitos aos acionistas da bolsa brasileira. A petroquímica caminha para se tornar o que chamam de true corporation, uma empresa sem nenhum acionista majoritário ou mesmo de referência.

A Braskem, historicamente, é negociada com um desconto relevante em relação às suas pares internacionais. Enquanto a companhia é avaliada em cerca de 4,5 vezes o Ebitda, as demais valem nas bolsas perto de 6,5 vezes a geração de caixa. A expectativa de especialistas é que a saída de Novonor e Petrobras melhorem a percepção do mercado e reduza um deságio histórico por governança.

Onda verde

Outro tema que deve ser bastante explorado com investidores é o potencial da produção do chamado “plástico verde”, feito a partir do etanol, e não do petróleo. A companhia tem desde 2007 tecnologia para essa produção e a rentabilidade — que por anos foi negativa — atingiu níveis recordes durante a pandemia. O interesse da indústria por esse tipo de material mudou de patamar e é crescente. Pioneira, a Braskem acredita que essa frente tem grande potencial e poderia, no futuro, até ser segregada.

A companhia anunciou, em setembro, um memorando para estudar um investimento conjunto com a SCG Chemicals, uma companhia tailandesa líder no abastecimento da Ásia, em uma nova planta de desidratação de bioetanol na Tailândia para produzir bioeteno e o polietileno I'm green bio-based — selo lançado pela empresa em 2010, com soluções de fonte renovável e reciclada.

Pouco antes de 2021 acabar, outra novidade: memorando conjunto com a Lummus Technology, líder global em tecnologias de processos envolvendo eteno, petroquímicos, transição energética, entre outras, para o licenciamento conjunto da tecnologia de eteno verde da Braskem para dois projetos em diferentes regiões do mundo: um projeto em desenvolvimento na América do Norte; e também o projeto em análise na Tailândia.

Tudo indica que a Braskem vai testar bastante rapidamente o espaço e a receptividade do mercado para ofertas.

 

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