Brasileiros nos EUA criam startup para proteger gamers e captam R$ 1,5 mi
Fundada pelo casal Maria Oliveira e Rodrigo Tamellini, a GamerSafer conquistou o jogo Minecraft como seu primeiro grande cliente
Publicado em 26 de abril de 2021 às 12:45.
Última atualização em 28 de abril de 2021 às 07:01.
Com faturamento global maior que o das indústrias de cinema e streaming de vídeo e de música somados, o mercado de videogames é um mar de possibilidades para novas empresas. Enquanto as desenvolvedoras se empenham em criar novos jogos para abocanhar uma fatia do mercado que movimentou US$ 126 bilhões em 2020, algumas funções periféricas que garantem o bom funcionamento dos games, como a moderação e gestão de áudio, são terceirizadas.
É nesse segmento que a startup americana GamerSafer, fundada pelo casal brasileiro Maria Oliveira e Rodrigo Tamellini, atua. A empresa, fundada há quase dois anos no Vale do Silício, é especializada em garantir a segurança e o bem-estar de jogadores profissionais e amadores em jogos online. Com sua tecnologia proprietária, ela conquistou seu primeiro grande cliente, o popular jogo Minecraft, e ainda captou R$ 1,5 milhão em rodada seed liderada pelos grupos de investidores-anjo GVAngels e Harvard Angels.
Segundo estudo do centro de tecnologia e sociedade da Anti-Defamation League, mais de 80% dos 3 bilhões de jogadores do mundo já passaram por problemas como assédio, sexismo, racismo, discurso de ódio, roubo de identidade e fraudes em jogos online.
Enquanto o mercado investe em ferramentas de monitoramento dos chats para banir usuários que causam problemas, a GamerSafer tenta evitar que as interações ruins aconteçam. "Nossa missão é tornar os jogos eletrônicos mais seguros, especialmente para jovens e crianças", diz Maria Oliveira Tamellini, cofundadora e diretora de operações da empresa.
A startup desenvolveu uma inteligência artificial que identifica os jogadores no login pela sua imagem em vídeo, garantindo que são quem dizem ser, e os coloca em salas com outros gamers de perfil semelhante, usando critérios como idade, nível de competitividade e uso de palavras ofensivas. Assim, tenta evitar os principais gatilhos de problemas das interações online. Pelo serviço, ela cobra das desenvolvedoras uma taxa mensal de centavos de dólar por usuário.
Trajetória da startup
A ideia do negócio surgiu de inquietações de Maria e Rodrigo sobre como garantir a segurança dos filhos em um universo de jogos que cada dia está mais baseado nas interações online. A experiência prévia do casal ajudou a dar base para o negócio: Rodrigo trabalhou na divisão de games da Intel no Vale do Silício e Maria fundou e presidiu uma consultoria de gestão de impacto social no Brasil por 12 anos.
Juntos, começaram a pensar sobre alternativas para prevenir problemas de interação social em games e, em 2019, foram aceitos no programa de incubação da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Em seis meses, desenvolveram o primeiro protótipo do produto e receberam apoio financeiro da Fundação Bill e Melinda Gates.
A GamerSafer concluiu a primeira versão do seu produto no ano passado e começou a testá-lo com ligas de eSports dos Estados Unidos. Já na frente de jogos online, o primeiro grande cliente é o Minecraft, jogo que ultrapassa a marca de 130 milhões de jogadores por mês.
A empresa passou o primeiro trimestre de 2021 fazendo testes de integração com o jogo e colocou a solução para rodar agora em abril. "Com a conquista de um cliente tão expressivo, esperamos avançar nas negociações com outras empresas nos próximos meses. Já vemos um efeito de boca a boca acontecendo", diz Rodrigo.
O aporte da GVAngels e Harvard Angels chega para dar fôlego para a startup investir em aquisição de talentos e tecnologia. O negócio, que agora tem 10 funcionários dedicados, deve abrir pelo menos mais quatro vagas até o meio do ano. A meta dos sócios é usar o capital recebido para ganhar tração, adquirir novos clientes e levar a companhia até seu ponto de equilíbrio.
"Ao conhecer a GamerSafer, fiquei impressionado com o tamanho do mercado e do problema que eles resolvem. A única questão era se a solução proposta por eles era copiável. Ora, hoje em dia tudo no mundo é. O grande diferencial é que eles saíram na frente, atuam em um nicho específico e já conquistaram um grande cliente", diz o investidor Marcelo de Castro Fernandes, ex-presidente da C&A Brasil e da C&C, que organizou a rodada com os grupos de anjos brasileiros.
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