Assaí: JP Morgan rebaixa a ação e recomenda aumento de capital
Endividamento elevado limita expansão e coloca varejista em “espiral negativa” de crescimento, aponta o banco; ação cai 2%
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 9 de setembro de 2024 às 12:34.
Diante de um balanço muito alavancado, o Assaí não deve ter outra alternativa a não ser reduzir seu plano de expansão, abrindo mão de crescimento para conseguir reduzir sua dívida, aponta a equipe do JP Morgan em relatório divulgado hoje pela manhã.
Com a expectativa de redução de abertura de lojas para este ano e o próximo e o aumento da taxa de juros contratado para o próximo ano, o banco rebaixou sua recomendação para as ações da varejista de compra para neutra, com um corte expressivo no preço-alvo para o fim de 2025, de R$ 18 para R$ 11,50 por ação.
“Para desalavancar, o Assaí tem cortado seu potencial de crescimento e tomado o risco de que competidores ocupem espaços em branco antes deles”, escreveu o analista Joseph Giordano em relatório.
Por volta das 12h, as ações caem pouco mais de 2%, num dia positivo para o Ibovespa, ampliando a queda no ano para 29%.
O Assaí encerrou o segundo trimestre com uma relação entre dívida líquida e EBITDA de 3,8 vezes. Nesse contexto, o JP Morgan revisou a expectativa para abertura de lojas de 15 para 8 lojas em 2025, reduzindo os investimentos para R$ 1,3 bilhão, abaixo do patamar típico anual de R$ 1,8 bilhão a R$ 2 bilhões.
“E, dada a baixa visibilidade para geração de caixa, já vemos risco para a nossa expectativa de abertura de 15 lojas em 2026”, afirma Giordano.
Não seria uma estratégia nova. Nos últimos dois anos, o Assaí tem frustrado constantemente as expectativas em meio ao ambiente competitivo mais pressionado, canibalização da conversão de Extras em Assaís e faseamento das expansões, diz o JP Morgan. Em 24 meses, as ações caem 50%, contra avanço de 22% do Ibovespa.
Nesse cenário, o banco defende que a melhor alternativa para o Assaí seria um aumento de capital – possibilidade que tem sido aventada pelo mercado, mas descartada publicamente pela companhia.
Ainda que as ações estejam descontadas, diminuindo o incentivo para levantar equity, uma oferta primária de R$ 2 bilhões a um desconto de 10% do valor de tela seria capaz de gerar valor, adicionado alta de 2% ao lucro por ação para o ano que vem, calcula o banco.
“Mas, mais do que isso, um aumento de capital seria chave para melhorar a percepção de risco sobre seus planos de crescimento, ao mesmo tempo que suportaria menor custo de capital”, diz Giordano.
As novas estimativas o Assaí colocam o JP Morgan abaixo do consenso. Sua projeção para lucro por ação em 2025 está 20% abaixo da média do mercado, com um múltiplo de 11 vezes preço/lucro para o fim do próximo ano – abaixo das 13 vezes que o papel é negociado atualmente.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.