A volta dos shopping centers: Inaugurações aceleram e ganham espaço no interior do país
Enquanto grandes grupos concentraram-se em expansão, novos empreendimentos surgiram com investidores locais em cidades de até 500 mil habitantes
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Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 12 de fevereiro de 2025 às 06:00.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2025 às 07:27.
Desde a pandemia não se inaugurava tantos shopping centers no Brasil.
Em 2024, foram nove lançamentos, quatro a mais do que em 2023. Ao fim do ano passado, 648 shoppings estavam em operação e esse número deve crescer ainda mais neste ano.
O pipeline de inaugurações de 2025 é de 17 novos empreendimentos, mas a perspectiva da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) é de que algo em torno de 10 a 12 lançamentos de fato aconteçam até o fim de dezembro.
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O ritmo de lançamentos, porém, não significa que o setor cresce em vendas na mesma toada. O avanço das vendas foi de 1,9%, para R$ 198,4 bilhões, pouco acima do patamar de 1,5% de crescimento de 2023.
Por isso, embora ainda veja os indicadores de emprego e renda positivos, o presidente da Abrasce, Glauco Humai, prefere manter uma projeção mais conservadora para 2025.
O crescimento projetado é de 1,6%, totalizando receita bruta de R$ 201,6 bilhões. "O primeiro semestre deve ser mais forte do que o segundo, mas ainda esperamos um crescimento de vendas. O cenário é positivo e esperamos a manutenção de taxa de vacância", afirma.
A taxa de ocupação dos shoppings se manteve estável em 95,3%, e a inadimplência caiu para 3,8%, reforçando os números positivos que as maiores companhias, como Multiplan, Allos e Iguatemi, têm apresentado.
Para além dos fatores macroeconômicos, há mudanças no negócio de shopping center e nos hábitos de consumo.
A primeira tem a ver com o perfil do setor. Nos últimos 10 anos, 120 shoppings foram lançados, o que aumenta a participação de empreendimentos ainda em maturação no universo total de lojas.
Desses lançamentos, a maior parte foi por meio de investidores locais em cidades menores do que as grandes capitais – contrapondo ao movimento de M&As, expansões e revitalizações mais observado entre os grandes players.
Hoje, dos quase 650 shopping centers, 46% estão em cidades com até 500 mil habitantes. O primeiro lançamento de 2025 também foi numa cidade do interior, o Singapura Shopping, em Caldas Novas (GO), inaugurado em janeiro.
Menores, esses empreendimentos acabam sendo mais suscetíveis às oscilações econômicas, por estarem mais expostos à população de renda mais baixa, observa Humai.
Mas o perfil do consumidor também mudou. As visitas aos shoppings cresceram apenas 2,9% em 2024, para 476 milhões ainda abaixo dos 500 milhões de visitas do pré-pandemia.
O tempo médio de permanência, porém, subiu para 80 minutos em 2023, ante 72 minutos em 2018 – esse indicador não é atualizado anualmente.
Com o home office e um público jovem mais digitalizado, as idas aos shoppings se tornaram menos frequentes, mas mais objetivas. O tíquete médio subiu, e os consumidores visitam menos lojas antes de fechar uma compra. "Também estamos tentando entender o comportamento da geração Z, se será mais digital ou físico", acrescenta Humai.
Esse tempo maior gasto nos shoppings também tem a ver com a transformação do mix de lojas. O setor registra um crescimento maior em gastronomia, serviços e entretenimento, enquanto as tradicionais lojas satélites (comerciantes menores) perderam espaço.
Atualmente, 56,7% das lojas em shoppings brasileiros são satélites, uma queda de três pontos percentuais. O varejo de moda segue como protagonista, mas a alimentação lidera a abertura de novas unidades. "Esforços para trazer lojistas locais são grandes, e alimentação tem sido o segmento mais fácil de atrair", explica Humai.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado