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Tecnologia

A nova cidade no Vale Silício – e os bilionários de tech por trás dela

Empresa responsável, California Forever planeja uma comunidade com dezenas de milhares de residentes, energia limpa, transporte público e uma cidade tão caminhável quanto Paris ou o West Village em Nova York

Nova cidade: plano East Solano, como foi batizado, está sendo adiado por pelo menos dois anos para estudar o impacto do projeto no meio ambiente, diz a California Forever (Sarah Stierch/ Flickr/Reprodução)
Nova cidade: plano East Solano, como foi batizado, está sendo adiado por pelo menos dois anos para estudar o impacto do projeto no meio ambiente, diz a California Forever (Sarah Stierch/ Flickr/Reprodução)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 28 de julho de 2024 às 11:26.

Última atualização em 29 de julho de 2024 às 15:03.

Hoje, são ovelhas e moinhos de vento que ocupam uma grande área rural a pouco menos de 100 quilômetros de San Francisco, mas isso deve mudar em breve, se sair do papel o plano de alguns dos bilionários da tecnologia de construir ali uma nova cidade. Por enquanto, a startup city vai ter que esperar.

O plano East Solano, como foi batizado, está sendo adiado por pelo menos dois anos para estudar o impacto do projeto no meio ambiente, conta a California Forever, empresa que está por trás do desenvolvimento da cidade prevista para abrigar 400 mil pessoas.

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A ideia de uma nova cidade no Vale do Silício é de Jan Sramek, um ex-trader do Goldman Sachs. O plano, porém, logo ganhou apoiadores entre os bilionários da tecnologia. Em 2017, o plano se materializou em uma mensagem enviada pelo bilionário do venture capital Michael Moritz a um potencial investidor. O local estava em uma área da Baía de São Francisco onde a terra era barata.

Além de Moritz, embarcaram nessa: Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn; Marc Andreessen e Chris Dixon, investidores da firma de capital de risco Andreessen Horowitz; Patrick e John Collison, irmãos cofundadores da empresa de pagamentos Stripe; Laurene Powell Jobs, fundadora do Emerson Collective; e Nat Friedman e Daniel Gross, empreendedores que se tornaram investidores. Quanto cada um investiu não foi divulgado.

Eles tinham o sonho de transformar dezenas de milhares de acres em uma metrópole movimentada que, de acordo com a proposta, poderia gerar milhares de empregos e ser tão caminhável quanto Paris ou o West Village em Nova York.

Sramek, agora como CEO da empresa, aponta o plano como uma maneira de construir moradias de forma mais rápida, algo que a Califórnia precisa urgentemente. Para isso, a empresa fez, nos últimos sete anos, ofertas a todos os proprietários de terras por milhas, pagando várias vezes a taxa de mercado.

A ideia é pegar uma faixa árida de colinas marrons cortada por uma estrada de duas pistas entre subúrbios e terras rurais, e convertê-la em uma comunidade com dezenas de milhares de residentes, energia limpa, transporte público e vida urbana densa.

Mas a proposta criou tensão. A California Forever pagou cerca de US$ 900 milhões em terras agrícolas sem revelar nada sobre a identidade de seus patrocinadores ou planos para a nova cidade. À medida que suas propriedades de terras cresciam, a comunidade local se preocupava que a movimentação pudesse estar ligada a espiões estrangeiros. Talvez fosse um novo parque da Disney, especulavam os mais otimistas. A verdade sobre o plano e as pessoas por trás dele foi revelada pelo New York Times no fim do ano passado.

A revelação da identidade dos investidores e do objetivo não foi suficiente para reduzir o ruído. Há cerca de dez dias, um relatório encomendado pelo Condado de Solano estimou que todo o projeto exigiria dezenas de bilhões em investimentos em infraestrutura e alertou que os detalhes sobre o desenvolvimento permaneciam tão vagos que era difícil avaliar seu impacto total.

A empresa moveu uma ação antitruste de US$ 500 milhões, alegando que um grupo de agricultores que se recusaram a vender suas terras estava conspirando para aumentar os preços.

Neste mês, um relatório encomendado pelo Condado de Solano estimou que todo o projeto exigiria dezenas de bilhões em investimentos em infraestrutura, mas alertou que os detalhes sobre o desenvolvimento permaneciam tão vagos que era difícil avaliar seu impacto total. Embora a maioria dos grandes projetos geralmente passe por anos de estudo, o relatório observou que "isso foi apresentado ao Condado apenas alguns meses após o público tomar conhecimento das intenções dos proponentes".

A empresa esperava apresentar o projeto aos eleitores locais nas eleições deste ano, no mesmo pleito que elegerá o novo presidente dos Estados Unidos, mas pelo acordo com integrantes do Condado, a proposta só irá ao aval dos moradores da região depois. A California Forever passará o restante deste ano e o próximo preparando um relatório de impacto ambiental e tentando elaborar um acordo de desenvolvimento com o condado. O projeto ainda teria que ser submetido aos eleitores para obter a aprovação final.

A California Forever passou o último ano tentando conquistar os residentes do Condado de Solano para apoiar seu plano — erguendo outdoors, abrindo escritórios e realizando reuniões comunitárias com promessas de milhares de novos empregos. Mas ainda há muita oposição, o que motivou a postergação do projeto.

Até lá, a California Forever continua sendo um sonho do Vale do Silício.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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