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Research

A Marfrig saltou mais de 60% no último ano. Mas o rali pode não ter acabado 

Para os analistas do Morgan Stanley, mercado ficou extremamente cauteloso com o endividamento e o ciclo bovino nos EUA – mas não é para tanto 

Marfrig: Melhora operacional deve ser suficiente para controlar endividamento, diz o banco (Marfrig/Divulgação)
Marfrig: Melhora operacional deve ser suficiente para controlar endividamento, diz o banco (Marfrig/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 16:30.

Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 16:49.

Após uma alta de 63% ano passado – um raro respiro dentro do Ibovespa –, as ações da Marfrig abriram 2025 em queda de 7% por conta principalmente das preocupações em relação ao ciclo bovino nos Estados Unidos e à alavancagem da companhia.  

Para o Morgan Stanley, o pessimismo é exagerado. Em relatório publicado hoje, a equipe liderada por Ricardo Alves reiterou sua recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 19,50 para até o fim do ano, um potencial de valorização de 25%.  

Na prática, a tese é que o operacional forte deve ser suficiente para compensar a disparada no custo de capital e do câmbio, que pesa sobre as dívidas.

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Um dos principais argumentos do Morgan Stanley é de que a Marfrig sendo negociada a múltiplos descontados.  

Hoje, a companhia opera a 5,4 vezes EV/EBITDA para 2025, um nível alinhado à sua média histórica pré-BRF, mas que, segundo o banco, não reflete corretamente a nova estrutura da empresa.  

Com uma participação de 50% na dona da Sadia e da Perdigão, que tradicionalmente negocia a múltiplos entre 6x e 7x, a Marfrig passou a ter um perfil diferente.  

Ajustando a margem de carne bovina nos EUA para níveis médios de ciclo, os analistas apontam que a companhia estaria sendo negociada a 4,6x EV/EBITDA, um nível ainda mais atrativo.  

E, mesmo sem considerar a BRF, os negócios de carne bovina da Marfrig estariam sendo precificados a apenas 3,3x, um desconto de cerca de 40% em relação ao histórico pré-BRF. 

Not so bad 

A tese do Morgan Stanley não ignora os desafios da empresa, mas vê um cenário melhor do que o precificado pelo mercado.  

Nos EUA, a Marfrig deve continuar enfrentando um ciclo difícil, mas tem conseguido manter a rentabilidade acima das expectativas, beneficiando-se de ganhos de eficiência e de um portfólio mais defensivo, com maior exposição a cortes nobres.  

“Os números da Marfrig na América do Norte surpreenderam positivamente em 2024, e acreditamos que 2025 será o mesmo”, destacam os analistas. Eles elevaram a projeção da margem EBITDA do setor bovino dos EUA de 1,5% para 2,1%, reforçando a resiliência da empresa. 

Já na América do Sul, o ciclo do gado deve se reverter ao longo do ano, e a divisão regional da Marfrig pode entregar um desempenho ainda mais forte do que em 2024.  

Apesar da expectativa de alta nos preços do boi, a companhia deve compensar com maior volume de produção, exportações impulsionadas pelo real desvalorizado e um portfólio mais valorizado, que se beneficia da marca e distribuição da BRF. O MS estima que o EBITDA da divisão sul-americana deve crescer quase 30% este ano. 

Tudo na conta, o banco está elevando estimativa de EBITDA para 2025 e 2026 em 11%. 

Esse desempenho operacional deve ser suficiente para sustentar a alavancagem em patamares controlados.  A projeção é que a Marfrig encerre 2025 com uma relação dívida líquida/EBITDA de 2,9x, um aumento moderado em relação aos 2,6x de 2024 – um nível gerenciável, considerando o momento do ciclo. 

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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