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Futebol feminino

A aposta de Bob Iger no futebol — e no novo momento dos esportes femininos

CEO da Disney e sua esposa Willow Bay estão perto de comprar o Angel City por um valuation de US$ 300 milhões, um novo patamar que sublinha o bom momento das mulheres no esporte

Angel City: desde a fundação time vem crescendo exponencialmente e se tornou o time de maior faturamento da liga nacional (HBO/Divulgação)
Angel City: desde a fundação time vem crescendo exponencialmente e se tornou o time de maior faturamento da liga nacional (HBO/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 9 de julho de 2024 às 08:05.

Última atualização em 9 de julho de 2024 às 09:31.

Bob Iger já era um dos maiores compradores de direitos de transmissão em esportes nos Estados Unidos e no mundo desde que a Disney adquiriu a ESPN, a Fox e mais uma dezena de canais em 2017. 

Agora, um dos CEOs mais aclamados do globo (talvez só não por Nelson Peltz) está entrando no mundo dos esportes na pessoa física, em um investimento conjunto com a sua esposa, Willow Bay.  

O casal está perto de fechar a compra de uma fatia majoritária no Angel City, uma equipe de futebol feminina de Los Angeles fundada em 2020 por um trio de mulheres que inclui a atriz Natalie Portman e que rapidamente se tornou um dos maiores casos de sucesso da liga americana.  

Segundo o Semafor, que trouxe a notícia em primeira mão, Iger e Bay vão aportar US$ 50 milhões um negócio que avalia o clube a US$ 300 milhões 

É, de longe, o maior valuation para um time de futebol feminino e um marco para as ligas de esportes formadas por mulheres em todo o mundo.  

Desde que foi fundado, o Angel City vem crescendo exponencialmente e se tornou o time de maior faturamento da National Women Soccer’s League (NWSL) – cuja estratégia e crescimento, por si só, vem sendo um benchmark para os esportes, femininos ou masculinos. 

Em entrevista ao The Athletic, ligada ao New York Times, no começo do ano passado, a CEO do Angel City, Julie Uhrman deixou clara sua ambição. “Queremos ser o primeiro time feminino a ser avaliado na casa do bilhão de dólares em cinco anos”, afirmou.  

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Com um time de investidores que inclui dezenas de atrizes de Hollywood e exponentes do futebol feminino como Mia Hamm, o Angel City recebeu também outras propostas – mas, além do currículo e da experiência do power couple, pesou o fato de que será uma mulher, Willow Bay, que terá ascendência sobre o investimento.  

Até o momento, o maior acionista do Angel City é o co-fundador do Reddit – e marido de Serena Williams – Alexis Ohanian. Diversos veículos internacionais apontam, segundo fontes anônimas, que ele não vinha contente com o ritmo de gastos do Angel City, que apesar do crescimento do faturamento, ainda segue bastante deficitário. 

O casal Bay-Iger parece ver mais propósito no clube – e tem um capital mais paciente para vê-lo crescer.  

“Esse é um investimento pessoal para nós, e seria nosso primeiro em esportes profissionais. Estávamos esperando pela oportunidade certa”, afirmam num pitch deck que se tornou público. “Queremos construir uma marca feminina com alcance global.” 

Um mercado de US$ 1 bi 

O investimento vem num bom momento para o negócio dos esportes de elite praticados por mulheres. Em 2023, a Copa do Mundo feminina teve recordes de público e de receita.  

A Deloitte estima que em, em 2024, os esportes femininos de elite vão gerar mais de US$ 1 bilhão de receita pela primeira vez, mais que o quádruplo do que foi registrado em 2021.  

Nos Estados Unidos, a NWSL vem na ponta de lança deste movimento. Nos últimos dois anos, sob o comando da advogada Jessica Berman, a liga vem passando por uma revolução. É fato que, nos Estados Unidos, o futebol feminino é culturalmente mais arraigado que no Brasil e em outros mercados. Mas enquanto muita gente argumenta que é preciso ter mais interesse dos torcedores para atrair mais investimentos, Berman seguiu a fórmula contrária.  

Os clubes da NWSL têm padrões em relação a equipe e recursos e o cap de salário foi elevado.   

“Há requisitos mínimos não apenas em relação a staff médico e de treinamento, mas também a outras ferramentas e recursos que estão disponíveis não apenas diretamente aos jogadores, mas às pessoas em volta dos jogadores cujo trabalho é maximizar e otimizar sua performance como atletas profissionais”, disse a executiva em entrevista ao Guardian.  

“Isso é um tanto quanto esperado e dado de barato do lado dos homens, porque é a forma como sempre foi feito. Para os esportes femininos, requer políticas específicas para que todos entendam as expectativas de como nós vamos levar nosso produto para outro nível, e assegurar que os jogadores sintam que tem o apoio necessário para prosperar.” 

As políticas já vêm se pagando. No ano passado, o público das partidas da temporada regular superou os 1,2 milhão de pessoas, um aumento de 26% em relação a 2022, quando esse número já tinha avançado em 50%.  

Um novo contrato de direitos de transmissão foi fechado por US$ 240 milhões por três anos com a CBS Sports, ESPN, Amazon Prime Video e Scripps Sports. O contrato anterior era de apenas US$ 4,5 milhões, e valia só para a CBS.  

Os valuations da liga são outro retrato do bom momento. Nos últimos dois anos, as vendas de clubes variavam entre US$ 2 milhões e US$ 5 milhões. Só neste ano, os recordes vêm sendo superados mês a mês.  

Em março, o San Diego Wave foi comprado por US$ 120 milhões. Em junho, o Seattle Sonders foi vendido para um consórcio de outro time local e o Carlyle por US$ 63 milhões. 

Agora, Bob Iger e Willow Bay estão levando as cifras para outro patamar.   

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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