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Gestores de fundos

A Absolute antecipou o rali do S&P 500. Agora, virou a mão: “Cresceu a chance de recessão nos EUA”

Ajuste fiscal de Trump deve frear a economia e pode trazer correção para juros e bolsa, além de fluxo para emergentes, diz Fabiano Rios

Rios: "Não questiono o excepcionalismo americano, questiono o quando disso está no preço" (Leandro Fonseca/Exame)
Rios: "Não questiono o excepcionalismo americano, questiono o quando disso está no preço" (Leandro Fonseca/Exame)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 23:04.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2025 às 23:20.

Um dos gestores locais que entrou mais cedo na tese do S&P 500 e fez mais dinheiro com a Bolsa americana nos últimos anos, Fabiano Rios agora virou a mão.

Para o gestor da Absolute, que tem mais de R$ 30 bilhões sob gestão, a contenção de gastos fiscais prometida pelo governo Trump pode colocar um freio na economia,  causando uma correção na taxa de juros, no dólar e nas ações – e provocando um movimento de rotação para outros países do globo, inclusive os emergentes.

Rios foi um dos primeiros a apostar na tese do excepcionalismo americano, entrando forte em ações nos Estados Unidos ao longo de 2022, em meio à alta brutal contratada para as taxas de juros no país.

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Enquanto boa parte do mercado acreditava numa freada brusca na economia à frente, Rios encheu a carteira num momento de ações descontadas, apostando que o motor fiscal garantido pelo domínio dos democratas nas duas casas do Congresso daria fôlego à atividade.

Dito e feito. Agora, está puxando de novo a fila dos contrarians, no sentido oposto.

“Eu não questiono o excepcionalismo americano, acho que os Estados Unidos têm vantagens competitivas enormes. Questiono o quanto disso está no preço”, disse o gestor em palestra durante a CEO Conference, promovida pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

Na visão dele, deve haver ao menos um descasamento entre as iniciativas de cortes de gastos do governo e de cortes de impostos, que podem dar mais ímpeto à iniciativa privada. "É difícil fazer isso concomitantemente, a chance de uma recessão técnica aumenta significativamente. Quando eu olho a margem de segurança, confesso que tenho algum receio de termos uma correção maior nos próximos meses.”

Em meio às diversas incertezas do governo Trump, Rios pondera que é difícil dizer o quanto do ajuste fiscal vai ser implementado. O mais provável é algo no meio do caminho entre a promessa de déficit de 3% do PIB – que vem sendo reforçada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent – e o patamar atual de 7%.

A direção, contudo, importa. E um dos poucos pontos claros no posicionamento do POTUS, no entanto, é o de transferir parte dos gastos feitos hoje pelos Estados Unidos para outros países. “Há uma pressão para que outros países façam fiscal, para que essa responsabilidade recaia sobre a Europa, sobre a China”, disse Rios.

A intenção da Alemanha, um dos países mais conservadores quando se trata de despesas fiscais, de aprovar um orçamento de 200 bilhões de euros para militares, é um bom exemplo dessa virada.

“Enxergamos uma mudança muito grande na dinâmica ente países. É difícil sabe qual vai ser esse novo equilíbrio, só vejo que está acontecendo um novo equilíbrio”, cravou.

Nessa nova ordem, China e países europeus podem crescer mais, invertendo o diferencial de crescimento entre os Estados Unidos. Mais um call contrarian: nesse cenário, o dólar teria uma correção.

“Acho que podemos ter tranquilamente o dólar caindo 10% e o euro voltando para a casa de US$ 1,15, scem que nada do plano de fundo para daqui a 10 anos tenha mudado.”

A perspectiva é melhor para países emergentes do que na última década.

“O pico para países emergentes [em valuation] foi em 2011, justamente o momento no qual a China resolveu arrumar a casa, arrumar o fiscal, arrumar o balanço das empresas, arrumar o balanço dos governos. Se a gente já tiver uma mudança nisso, tenho convicção de que será um mercado melhor para países emergentes", disse Rios.

Seria um alento para o mercado brasileiro.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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