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Publicado em 12 de janeiro de 2025 às 13h59.
E se os Jogos Olímpicos fossem disputados de maneira simultânea em cinco cidades situadas em cada continente? Essa é a "ideia louca" do japonês Morinari Watanabe, um dos últimos candidatos a suceder a Thomas Bach como presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI).
"Que se realize ou não, não é tão importante: temos que abrir a conversa, propor ideias novas", disse Watanabe, que desde 2017 dirige a Federação Internacional de Ginástica (FIG), em entrevista à AFP.
Aos 65 anos, o japonês parte com o status de "outsider" nesta carreira eleitoral, que será decidida entre 18 em 21 de março, na Grécia, na 144ª sessão do COI. Watanabe tem possivelmente o programa mais radical das sete candidaturas, com essa proposta como emblema: cada esportes estaria sediado em uma das cinco cidades pelo mundo.
"Apresentei pela primeira vez uma ideia local, mas pensei que os jovens tivessem ainda mais ideias. Meu trabalho consiste em abrir a porta", explica o japonês.
Para isso, a organização dos Jogos Olímpicos em única sede, princípio imutável desde os primeiros jogos da era moderna em 1896, tornou-se algo "asfixiante" e inacessível para muitos lugares que estariam interessados no evento, o que provocaria uma desconexão com uma parte do público, defende Watanabe.
Para Watanabe, uma expansão geográfica dos jogos permitirá ter "melhores condições para os atletas", adaptando suas disciplinas às melhores condições, "para que você não tenha que competir muito rápido pela manhã ou muito tarde pela noite", como ocorre em ocasiões para esquivar as horas de maior calor.
O dirigente japonês estima que um formato assim poderia multiplicar o número de patrocinadores potenciais. Para compensar a ausência de uma Villa Olímpica que reúne todos os competidores, sua proposta é a realização de um Fórum Olímpico único após a edição de cada olimpíada, para salvar a experiência tão querida pelos atletas.
No que se refere à governança do COI, Watanabe prometeu uma direção "mais aberta". Filho de uma sobrevivente da bomba atômica de Hiroshima, o postulante japonês estudou Educação Física em Tóquio e na Bulgária antes de se converter em diretor da divisão esportiva da gigante japonesa Aeon.
Watanabe também foi treinador de ginástica e foi nomeado presidente da Federação Japonesa dessa modalidade, sucesso ainda na Federação Internacional, entidade da qual é presidente atualmente. O posto permitiu que já tenha visitado 160 países e garante que aprendeu a "conhecer a gente, compreender e falar com ela".
Se ele for o vencedor da eleição presidencial do COI, será a primeira vez que o máximo organismo olímpico será comandado por uma pessoa asiática.
Junto a Watanabe na Grécia, em março, estarão outros presidentes de federações internacionais: o francês David Lappartient (ciclismo), o britânico Sebastian Coe (atletismo) e o sueco Johann Eliasch (esqui).
A disputa também tende a ter três membros da poderosa Comissão Executiva do COI: o príncipe jordano Faisal Al Hussein, o espanhol Juan Antonio Samaranch Jr (filho daquele que foi presidente do COI entre 1980 e 2001, de mesmo nome) e a ex-nadadora zimbabuense Kirsty Coventry, bicampeã olímpica e sete vezes medalhista nos jogos.