Augusto Melo, presidente do Corinthians (Ricardo Moreira/Getty Images)
Repórter
Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 09h45.
Última atualização em 21 de janeiro de 2025 às 09h53.
O Conselho Deliberativo do Corinthians voltou a se reunir para discutir o impeachment do presidente Augusto Melo nesta segunda-feira, 26. A reunião, interrompida em dezembro por decisão judicial, teve momentos de tensão, brigas e polêmica, mas conseguiu avançar na admissibilidade do processo.
A votação sobre o impeachment de Augusto Melo foi interrompida, após mais de quatro horas de discussões. A suspensão foi motivada pelo longo tempo de duração do processo.
A apuração foi finalizada às 23h16, e seguir com a votação prolongaria a reunião madrugada adentro. Conselheiros alegaram cansaço, e questões de segurança também foram levantadas. A suspensão foi acordada entre a defesa de Augusto Melo e o presidente da Comissão de Ética, Roberson Medeiros.
Com 240 membros presentes, o Conselho aprovou a abertura do processo de impeachmente por 126 votos contra 114. O resultado permite que a votação sobre o afastamento ocorra em uma etapa futura. Se o “não” tivesse vencido, o processo seria arquivado.
A reunião, realizada no ginásio do Parque São Jorge, foi marcada por tumultos dentro e fora do local. Faltaram cédulas para a votação secreta, gerando atrasos e descontentamento. Alguns conselheiros foram hostilizados, e houve até agressões, como no caso do ex-diretor Sérgio Janikian.
Ainda não há data para a continuidade da reunião, mas sabe-se que não ocorrerá na próxima segunda-feira. O local também está indefinido, com a Neo Química Arena sendo cogitada por segurança. Uma votação virtual foi descartada.
Na retomada, Roberson Medeiros e Augusto Melo (ou sua defesa) terão 30 minutos cada para apresentar seus argumentos. Após isso, o afastamento será decidido em votação secreta, com cédulas de papel.
Há divergências sobre quem poderá votar. Enquanto Romeu Tuma Jr acredita que todos os conselheiros estão aptos, outros defendem que apenas os presentes na última reunião tenham direito a voto.
Apesar da derrota inicial, Augusto Melo ainda tem chances de reverter a situação, pois a diferença foi de apenas 12 votos. Por outro lado, o inquérito policial relacionado ao contrato com a VaideBet pode complicar sua posição.
A relação entre Augusto Melo e Romeu Tuma Jr está deteriorada. Durante a reunião, houve confronto direto entre os dois, com troca de acusações. Tuma chamou Melo de ditador, enquanto Melo criticou a condução do processo.
Organizadas manifestaram apoio a Melo do lado de fora do Parque São Jorge, considerando o impeachment um “golpe”. A adesão foi menor que na reunião de dezembro, mas torcedores infiltrados chegaram a abordar conselheiros.
Se a maioria dos conselheiros votar pelo impeachment, Melo será afastado imediatamente, mas a decisão precisará ser confirmada por assembleia dos sócios. Nesse caso, o vice-presidente Osmar Stábile assumiria o comando interinamente. Caso contrário, o processo será arquivado.
O mandato de Augusto Melo vai até 2026, mas o desenrolar do “caso VaideBet” e a próxima votação definirão seu futuro no Corinthians.