No Aberto da Austrália é a vez de Naomi Osaka e Angelique Kerber, duas tenistas que já foram número 1 do mundo, retornarem a um Grand Slam. (Elodie SOINARD/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 15h11.
É cada vez maior o número de atletas que mostram que ser mãe não significa encerrar uma carreira esportiva de alto nível: no Aberto da Austrália é a vez de Naomi Osaka e Angelique Kerber, duas tenistas que já foram número 1 do mundo, retornarem a um Grand Slam.
Caroline Wosniacki, que tem dois filhos, um de dois anos e outro de um ano e três meses, também competirá em Melbourne. Aos 33 anos, a dinamarquesa, ex-número 1 do mundo e campeã do Aberto da Austrália em 2018, retornou após três anos e meio de aposentadoria há alguns meses, conseguindo rapidamente avançar às oitavas de final do US Open.
Jogadoras de alto nível e mães. No Aberto da Austrália haverá oito no quadro principal. Além das três mencionadas, estarão em Melbourne Elina Svitolina, Victoria Azarenka, Tatjana Maria, Taylor Townsend e Yanina Wickmayer.
"Estou muito feliz por ver as jogadoras voltarem. Eu disse faz tempo: acho que rompemos o estereótipo que dizia que não se pode ser jogadora de alto nível e ter uma família. Isso acabou. E está evoluindo cada vez mais. A prova é o número de jogadoras que estão conseguindo", disse recentemente Azarenka, número 22 do ranking da WTA, que retornou ao circuito em 2018, após dar à luz seu filho, Leo, no final de 2016, alcançando uma final de Grand Slam depois da maternidade, no US Opem de 2020.
"Eu acho ótimo, supera o esporte. Às vezes há setores que têm receio. Espero que isto mostre, além do esporte, que uma mulher pode administrar uma carreira e ter filhos. E que tudo acaba bem, que voltam bem. As atletas mostrarem isso é um bom exemplo", disse o tenista francês Gaël Monfils.
Sua esposa, a ucraniana Elina Svitolina (23ª), retornou em grande forma após ter tido um filho: empunhou as raquetes em abril, seis meses depois de dar à luz, e chegou às quartas de final de Roland Garros e às semifinais de Wimbledon.
"Como esporte feminino de primeiro plano, ainda temos muito a fazer para continuar avançando, não somente no mais alto nível", opina Azarenka, uma voz poderosa nas questões sociais. "É o nosso momento, espero que sejam criados os meios necessários", acrescenta.
"Nós nos inspiramos umas nas outras", continua Kerber, de 35 anos, de volta um ano depois do nascimento de sua filha, Liana.
"Elina e Caro [Wozniacki] voltaram no ano passado, Naomi e eu, agora. Acho que temos uma motivação diferente: já não somos a pessoa importante em nossas vidas, tem outra".
"Ainda tenho este fogo dentro de mim", avisa a alemã ganhadora de três Grand Slams. "Odeio perder, isso não mudou. O que mudou é que viro a página mais rápido, porque é preciso. Tento aproveitar isso, não complicar as coisas como antes".
"Ser mãe mudou muito a minha mentalidade, é assim mesmo. Eu me sinto uma pessoa diferente. Sou mais aberta, muito mais paciente e me sinto muito mais forte. Desde o meu retorno, não ando com fones de ouvido, é uma mudança de personalidade", descreve Osaka, que viajou à Austrália sem sua filha, Shai, de seis meses, em seu retorno às quadras.
"Tenho mais confiança em mim como pessoa. Não tentava conversar com outras jogadoras antes, tinha construído uma grande barreira. Hoje vejo que interajo com as pessoas", explica a japonesa de 26 anos.
"É como ter dois trabalhos em tempo integral. Encontrar o equilíbrio para poder fazer os dois é difícil. Alguns dias é sobrevivência, em outros está tudo bem", ressaltou Wozniacki.