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O que explica as pontuações recordes na temporada da NBA

Ascensão das bolas de três, ritmo da partida e menos tolerância a contato físico inflam números e aceleram quebra de marcas na liga

LeBron James, do Los Angeles Lakers: suas enterradas agora são eternizadas em NFTs que valem centenas de milhares de dólares (Thearon W. Henderson/Getty Images)

LeBron James, do Los Angeles Lakers: suas enterradas agora são eternizadas em NFTs que valem centenas de milhares de dólares (Thearon W. Henderson/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 6 de março de 2023 às 09h25.

Recém-coroado recordista de pontos da história da NBA, LeBron James nunca conseguiu marcar 70 pontos ou mais em uma partida, mesmo após 20 temporadas na liga. Nem mesmo Michael Jordan, que chegou aos 69 em 1990, atingiu a façanha alcançada, até janeiro deste ano, por apenas por seis jogadores.

Mas nos dois últimos meses, dois nomes da atual geração entraram abruptamente para a lista com performances de exatos 71 pontos: Donovan Mitchel e Damian Lillard são alguns dos personagens de uma temporada de números ofensivos fora do comum da NBA, com direito a partida de 351 pontos. O ataque virou o foco do jogo ou defender nunca esteve tão fora de moda?

Os números ajudam a explicar. Hoje, a melhor defesa da liga é a do Memphis Grizzlies, que sofre, em média, 109,4 pontos por partida. Há oito anos atrás, a pior defesa da NBA, do Minnesota Timberwolves, levava basicamente a mesma quantidade de pontos por jogo, 106,5. Nos últimos dez anos, a média das piores defesas da liga tende quase sempre a aumentar temporada a temporada. De 2013 para cá, subiu de 105,1 para os atuais 119,4 do San Antonio Spurs.

No ataque, a mudança é ainda mais perceptível. Em 2013, o Denver Nuggets tinha a melhor força ofensiva da temporada regular, com 106,1 pontos por partida. Na temporada atual, nem o pior ataque da NBA, do Miami Heat (108,1 por jogo) chega a esses números. O melhor, do Sacramento Kings, já tem a incrível média de 121,1.

Só bolas de 3 explicam?

Foram os próprios Kings que protagonizaram, no último dia 23, o segundo jogo com mais pontos da história da NBA. A vitória 176 a 175 sobre o Los Angeles Clippers, após duas prorrogações, foi também a segunda partida da liga a quebrar a marca dos 350 pontos, indo a 351.

Maior transformação pela qual o jogo vem passando nos últimos anos, a explosão dos arremessos de três fornece parte da explicação. Nos últimos dez anos, a liga viu uma crescente neles: os jogadores passaram de 20 tentativas de três pontos para 34,1 por jogo. Lillard (Portland Trail Blazers), que marcou os 71 pontos contra o Houston Rockets no último dia 26, quase quebrou o recorde de Klay Thompson de 14 bolas de três convertidas em um único jogo, chegando a 13.

Para o comentarista do Grupo Globo e ex-atleta Marcelinho Machado, a mudança tem a ver também com a dinâmica do jogo.

— O ritmo do jogo é mais acelerado, tem mais posse de bola. Os jogadores que têm mais volume acabam tendo mais arremessos e com mais recursos desenvolvidos por eles, conseguem criar situações para pontuar de maneira até mais fácil — explica.

Foi o caso de Mitchell, que marcou apenas 21 dos seus 71 no Chicago Bulls, em janeiro, em arremessos de três.

As mudanças nas regras da NBA, sempre visando a um jogo mais vistoso, também ajudam a construir esse novo cenário. A atual temporada marca uma postura mais rígida quanto às faltas em transição, aquelas que “matam” contra-ataques que normalmente terminam em lances de garrafão limpo. Agora, são punidas com lance livre de cobrador à escolha e posse de bola para quem sofre a falta.

Mudança de regra

A regulação é fruto de um ambiente de menor tolerância a contato físico, dificultando o trabalho (e o surgimento) de jogadores especializados em defesa, que já foram mais presentes na liga.

— Acredito que nós ainda temos grandes defensores, só não vejo eles conseguindo se impor da maneira que poderiam caso tivessem um critério de arbitragem mais permissivo. Nos playoffs, vemos um critério mais permissivo, o jogo muda e acaba valorizando as conquistas — analisa Marcelinho.

“Defender não é divertido”, disse Draymond Green, um dos mais experientes defensores de garrafão da NBA, em temporada em que seu Golden State Warriors sofre no quesito. Numa liga em que se destacam jogadores como o duas vezes MVP Nikola Jokic, um pivô com capacidade de distribuir dez assistências por jogo para companheiros ainda mais versáteis, atletas experientes tentam se adaptar à nova realidade.

— Do jeito que os jogos são apitados, os jogadores de ataque levam vantagem. É difícil. Quando cheguei na liga, os jogos era mais físicos, você podia enfrentar o jogador ofensivo, tentar chegar na bola, tentar pará-lo, evitar bloqueios — reclamou Paul George, dos Clippers, em entrevista ao The Athletic.

A problemática chegou até ao All-Star Game, o jogo das estrelas. Há duas semanas, a partida terminou em placar tradicionalmente elástico (184 a 175 para o time de Giannis Antetokounmpo sobre o time de LeBron James) , mas as performances defensivas praticamente nulas no jogo festivo constrangeram até quem participou da festa.

— Foi o pior jogo de basquete já disputado — sentenciou um sincerão Michael Malone, técnico do Denver Nuggets e comandante do time LeBron, na ocasião

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