NFL na Espanha: saiba mais sobre como o campeonato funciona no país (Nelson ALMEIDA/AFP)
Redação Exame
Publicado em 17 de janeiro de 2025 às 17h46.
A Espanha receberá pela primeira vez uma partida da National Football League (NFL), que acontecerá durante a temporada 2025 no estádio Santiago Bernabéu, do Real Madrid. Um dos times já está garantido e será o Miami Dolphins, de acordo com comunicado divulgado nesta sexta-feira, 17, em conjunto com o time madrilenho.
O projeto de conquistar novos mercados, especialmente na Europa e América do Sul e Central, vem se intensificando por parte dos organizadores da liga, que enxergam alguns países como estratégicos na captação de mais recursos, receitas e público.
Na Europa, somente Inglaterra e Alemanha já receberam jogos da NFL, e mais recentemente, foi a vez do México e o Brasil, este o último fora dos Estados Unidos e que foi considerado de enorme sucesso.
De acordo com dados da Prefeitura de São Paulo, cidade onde ocorreu o jogo entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, o faturamento com a partida foi de R$ 337,7 milhões, superando a expectativa inicial, que era de R$ 327,4 milhões. Os números, por exemplo, foram maiores do que na Cidade do México, que tradicionalmente recebe esses jogos desde 2016 e tem movimentado, anualmente, R$ 246 milhões. A projeção extraoficial para 2025, caso se confirme o retorno, é de quase meio bilhão em receitas.
"A NFL, há algumas décadas, deixou de ser um liga esportiva somente. Cada um de seus jogos é visto pelos norte-americanos como uma celebração de cultura competitiva. É a principal atração da mais rica e próspera economia do mundo, e seguirá sendo a mais valiosa liga do planeta, no mínimo, por mais algumas décadas", explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana.
A NFL é considerada uma das principais ligas esportivas do mundo, com um valuation de R$ 803 bilhões, e o Brasil é o segundo país com a maior base de fãs da liga fora dos Estados Unidos, atrás apenas do México. Não à toa, todos os 47 mil ingressos colocados à venda, incluindo camarotes de luxo, que variavam entre R$ 5 mil a R$ 30 mil, se esgotaram em poucos minutos, com 1/3 de estrangeiros presentes no evento.
De acordo com números divulgados, os turistas gastaram R$ 3.355,73 em média, e ficaram três dias na cidade. Também foi confirmado um aumento de 133% na emissão de passagens aéreas dos Estados Unidos.
“Foi uma oportunidade incrível poder contar com um evento tão grande quanto a NFL em nossos espaços, além de ter sido uma oportunidade excelente do ponto de vista financeiro. O jogo da NFL no Brasil provou ser um produto mais rentável que final da Copa Libertadores. Por isso, fizemos o nosso melhor para oferecer experiências únicas ao público. Tenho certeza que esse mesmo sucesso vai acontecer em Madrid”, comenta Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, que no jogo contou com o Camarote FielZone, que contou com espaços premium no jogo da NFL, com jacuzzi, cardápio especial de chefs com estrela Michelin e show exclusivo.
Outro dado extremamente relevante é a NFL foi o segundo evento que mais movimentou dinheiro em São Paulo, ficando atrás apenas da Fórmula 1, que movimentou 1,2 bilhão de reais. Carnaval, com R$ 201 milhões, e Réveillon, com 140 milhões, ficaram para trás.
Joaquim Lo Prete, country manager da Absolut Sport no Brasil, agência que comercializou pacotes de viagem para o duelo entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, e que também atua com serviços de hospitalidade para o GP São Paulo de Fórmula 1, a vinda inédita da NFL para o Brasil já era muito esperada pela comunidade esportiva há alguns anos.
"Essa realização de jogos em outros países, como Brasil e agora a Espanha, é uma estratégia que expande o alcance da competição e gera milhões para a economia local”, explica.
Inegavalmente a National Football League (NFL) é considerada a maior liga do mundo. Pelo menos nos números, o total de receitas obtidas com a competição em 2023 foi de 18,7 bilhões, de acordo com dados da Deloitte Annual Review of Football Finance. As que mais se aproximam, ainda que distantes, são outras duas ligas norte-americanas: a Major League Baseball (MLB) e a National Basketball Association (NBA), ambas com 10,9 bilhões.
"Imagine que além da NFL, temos ainda outras duas ligas americanas, de baseball e de basquete. De alguma forma, é um recado para o futebol que ainda existe a necessidade de mudança, pois outros esportes criaram ao longo dos anos uma forma de entretenimento superior, isto é inegável, e consequentemente, resulta em uma receita infinitamente superior", aponta Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.
A primeira e única liga de futebol que aparece no Top-5 é a Premier League, da Inglaterra, com receitas de 7,4 bilhões, a frente da National Hockey League (NHL), com 6,9 bi. Por outro lado, as quatro principais ligas de futebol do mundo, somadas, não superam a NFL. Bundesliga, da Alemanha, teve receitas em 2023 de 4,1 bi, seguido pela La Liga, da Espanha, com 3,8 bi, e Série A Italiana, com 3 bi.
Deste montante da liga de futebol americano, US$ 2,35 bilhões foram arrecadados em receitas somente com patrocínio nesta temporada, um aumento de 15% em relação à campanha anterior, de acordo com um estudo da SponsorUnited.
"Essas partidas em outros países e continentes têm se mostrado uma nova alternativa de esporte em lugares bem projetados, com palcos excelentes para receber um evento desta magnitude, como foi o caso do Brasil e agora do Santiago Bernabéu, e uma grande oportunidade para aprender com quem mais sabe fazer marketing esportivo", afirmou o presidente da Recoma Sergio Schildt, atualmente parceiro oficial dos esportes olímpicos do Corinthians e Flamengo.