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Negociação de atletas da MLS para o Brasil se multiplica nos últimos cinco anos

Ida de Messi ao Inter Miami pode ter contribuído para 'vitrine' norte-americana

Lionel Messi, jogador do Inter Miami  (Omar Vega/Getty Images)

Lionel Messi, jogador do Inter Miami (Omar Vega/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 7 de março de 2025 às 20h28.

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A transferência de jogadores da principal liga norte-americana de futebol, a Major League Soccer (MLS), para o Brasil, se multiplicou nos últimos cinco anos. Na temporada 2019/20, por exemplo, apenas dois jogadores saíram dos Estados Unidos para o país: os atacantes Jefferson Savarino, que se transferiu para o Atlético MG, e Lucas Venuto, para o Santos.

Na atual temporada 2024/25 norte-americana, 16 atletas saíram da MLS para o Brasil, com um montante que chegou a 76 milhões de euros (R$ 463 milhões de reais). Entre as principais, destacaram-se a vinda de Thiago Almada (Atlanta United para o Botafogo), na última temporada, por 19,5 milhões de euros, do atacante Santiago Rodriguez (New York City ao Botafogo), por 14,3 milhões de euros, e Facundo Torres (Orlando City ao Palmeiras), por 11,5 milhões de euros.

"Clubes brasileiros tem buscado mais atletas nos EUA por conta de apostas que norte-americanos fizeram anos atrás em jovens com menos de 20 anos nos países da América do Sul, e que concluíram sua formação nos Estados Unidos. As franquias da MLS estão agora sendo remuneradas pelos clubes brasileiros por terem buscado o que os brasileiros ignoraram por alguns anos", analisa Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que gerencia a carreira de centenas de atletas.

Alguns clubes, como o Cuiabá, conseguiram trazer atletas da liga norte-americana a custo zero, casos do meia-atacante Yamil Asad (Cincinnati FC) e do zagueiro Nathan Cardoso (Seattle Sounders), ex-Palmeiras, em também do atacante Max Alves (Colorado Rapids), este com valor fixado.

"O nível da MLS cresceu muito, e isso tem a ver com as contratações que os clubes de lá tem feito, a maioria de atletas jovens. Eles têm feito contratações no mercado brasileiro e sul-americano ainda como apostas, e posteriormente os clubes grandes pagam valores altos para trazer de volta", aponta o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch.

Já o Avaí também contratou, a custo zero, o meia Judson (San Jose Earthquakes), ainda no início de 2024, enquanto o Santos trouxe para esta temporada o meia-atacante Álvaro Barreal junto ao FC Cincinnati, por empréstimo até o final desta temporada.

"Eu entendo que as franquias da MLS adotaram meios e métodos para faze-la ainda mais competitiva. Esta estratégia também está refletida na prospecção e no desenvolvimento de jovens talentos de vários países. A exposição da liga e a capacidade de investimento sempre foram marcas da MLS, fato que se conecta com a presença de Lionel Messi no local. Um país que sempre foi reconhecido pela contratação de jogadores mais experientes e no estágio final da carreira, hoje também é visto pelo seu novo posicionamento de mercado", analisa Pedro Martins, CEO do Santos, que complementa.

"Os mercados compradores, como é o Brasil atualmente, precisam ter os EUA como um foco de análise e prospecção para aquisição de jogadores. Não há como negligenciar o trabalho de scouting e desenvolvimento de atletas que vem sendo feito neste país."

Já na temporada 2023/24, foram 15 jogadores negociados da MLS para o Brasil; entre os principais, estão o atacante Luiz Araújo, que deixou o Atlanta United ao Flamengo, por 9 milhões de euros.

Nestes dois últimos anos, quem também olhou com bons olhos o mercado norte-americano foi o Fortaleza, que trouxe três atletas da MLS, sendo eles os meias Dylon Borrero, Caio Alexandre e Luquinhas.

"O nível técnico da MLS cresceu consideravelmente na última década, mas sem rebaixamentos, a competitividade de seus jogos é ainda muito inferior a do resto do mundo, dada que não existe custo relevante de derrotas em sequência, e elencos podem ser mantidos sem qualquer prejuízo mesmo pelo último colocado. Isso ainda tem um peso negativo na determinação do quanto é interessante buscar um atleta no país", pondera Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil.

Para especialistas, essa nova dinâmica de importação de atletas da MLS por clubes brasileiros pode indicar uma melhora no nível competitivo da liga americana, que além de contar com nomes como Lionel Messi, Luis Suárez e Sergio Busquets – estrelas do Inter Miami –, também tem atraído jovens promessas sul-americanas como o brasileiro Gabriel Pec, ex-Vasco e hoje no Los Angeles Galaxy, e o argentino Federico Redondo, ex-Argentinos Juniors e atualmente no Inter Miami.

Com isso, a liga norte-americana tem ganhado também fora dos campos, inclusive com a chegada de Messi ao Inter Miami. Desde que o argentino desembarcou no país, em 2023 a MLS foi a liga esportiva norte-americana que mais cresceu, com receita 18% maior que no ano anterior, segundo estudo da SponsorUnited.

Tal fator também se reflete no ganho de visibilidade da liga e dos clubes norte-americanos pelo mundo, em especial a América Latina, inclusive com iniciativas como a The Messi Experience, uma jornada interativa sobre a carreira do argentino, produzida pela Primo Entertainment, Moment Factory, com produção local no Brasil pela Dançar Marketing, a partir de abril deste ano, após passar também por Buenos Aires na Argentina e, nos Estados Unidos, por Miami.

Com diversas instalações temáticas, a exposição retrata a vida e a carreira do astro argentino, com duração aproximada de 75 minutos, onde os fãs poderão interagir com o craque por meio de inteligência artificial e entrar em contato com a trajetória de Messi, de seu início em Rosário ao título da Copa do Mundo com a Argentina.

"A contratação de jovens promessas na MLS nos últimos anos fez com que acontecesse o movimento contrário, desses mesmos jogadores, após uma ou duas temporadas, despertarem o interesse de clubes dos grandes centros. Coincidentemente a isso, existe o período Messi, o que também provocou uma vitrine ainda maior para o futebol norte-americano deste então", acrescenta Claudio Fiorito, CEO da P&P Sport Management Brasil, especializada no gerenciamento da carreira de atletas, entre eles do zagueiro Vitor Reis

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