Nos últimos anos, o mercado de apostas esportivas no Brasil teve um crescimento acelerado. Entre janeiro e julho de 2024, 25 milhões de pessoas entraram nesse universo, quase metade dos 52 milhões de brasileiros que apostaram nos últimos cinco anos, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva.
Michael Lewis, autor dos livros “A grande aposta” e “Moneyball: O homem que mudou o jogo”, alerta sobre os riscos desse fenômeno. Segundo ele, as plataformas de apostas são desenhadas para atrair novatos e excluir aqueles que realmente sabem jogar. “Isso é um desastre prestes a acontecer”, disse o escritor ao Business Insider.
Nos Estados Unidos, um estudo da Associação Atlética Universitária Nacional (NCAA, na sigla em inglês) revelou que 60% dos estudantes universitários do sexo masculino já apostam em esportes. Para Lewis, a tendência pode trazer consequências graves, pois lugares onde as apostas esportivas se popularizam tendem a registrar aumento no número de falências.
No Brasil, os impactos financeiros também são preocupantes. De acordo com o Instituto Locomotiva, 86% dos apostadores estão endividados e 64% já constam como inadimplentes na Serasa. Além disso, 31% das pessoas endividadas no país jogam em sites de apostas.
Apesar das críticas, Lewis não é contra as apostas esportivas, mas defende uma regulamentação mais rígida. Para ele, a solução pode estar na tributação pesada, como ocorreu com os cigarros. “O que você quer é adicionar um pouco de fricção ao processo, tornando-o um pouco mais difícil de fazer”, afirmou.
Desde 1º de janeiro de 2024, uma nova legislação brasileira entrou em vigor, permitindo apenas a operação de empresas de apostas esportivas autorizadas pela Secretaria de Prêmios e Apostas. Mesmo assim, a preocupação com os impactos sociais e financeiros do setor segue em debate.