Richarlison: medo de corte por lesão afeta atletas às vésperas da Copa (Antonio Borga/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 24 de outubro de 2022 às 09h05.
Durante um jogo do Tottenham na Premier League, Richarlison deixou o gramado lesionado e foi às lágrimas. Após a partida, apareceu de muletas e visivelmente abatido. Falou com a imprensa sobre o medo de ficar de fora da Copa do Mundo e se emocionou.
Dias depois, foi a vez de Lucas Paquetá ser substituído devido a dores no ombro e temer pelo corte. Ambos tiveram lesões constatadas, mas — ao que tudo indica — não graves o suficiente para colocar em risco as suas presenças no Mundial do Catar.
Independentemente dos diagnósticos, Richarlison, Paquetá e tantos outros atletas temem a mesma coisa: o risco de sofrer uma lesão que os faça não ir até o Catar. Esse tom de cautela excessiva tem ditado o ritmo deste início de temporada europeia. No caso dos brasileiros, também há o histórico: estão vivas na memória as lembranças dos vários cortes recentes que a seleção teve em Mundiais.
Em 2006, o volante Edmilson seria convocado, mas uma lesão no menisco lateral do joelho direito o tirou do Mundial. Em 1998, Romário não disputou a Copa por lesão na panturrilha. Ricardo Gomes ficou de fora em 1994.
Emerson, então capitão da seleção em 2002, foi cortado devido a uma luxação no ombro às vésperas da participação na Copa do Mundo. Os sentimentos do ex-volante se misturam com as declarações de Richarlison e Paquetá: além da decepção de ficar de fora do Mundial, há a sensação de que todo o trabalho feito para chegar até lá foi desperdiçado.
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— Por tudo que nós passamos antes de chegar até a Copa. Tudo que aquele time passou e eu passei junto com aquela equipe, nas Eliminatórias, muita crítica do torcedor... Quando eu fiquei sabendo do meu corte, o que mais me deixou chateado foi por saber de tudo aquilo que nós construímos — disse à TV Globo.
A tensão também se mistura com a necessidade de estar 100% fisicamente. Explica o que aconteceu com Daniel Alves, que desmentiu o Pumas-MEX, clube que defende atualmente, após anúncio de lesão no joelho. Dani correu até as redes sociais para mostrar que estava bem e não deixar a comissão técnica preocupada. Foi justamente uma lesão ligamentar no joelho que tirou o lateral-direito da Copa de 2018.
Para auxiliar os atletas, o médico da Seleção, Rodrigo Lasmar, viajará à Inglaterra entre o fim deste mês e o começo do próximo. Na seleção, a grande preocupação é sobre o encaixotado calendário europeu.
— Os times grandes vão estar jogando domingo e quarta. De agora, quando voltarem a seus clubes de origem, vão até a apresentação conosco dia 14 sem parar, não têm uma folga sequer. A performance vai estar muito boa, provavelmente, mas eles vão se apresentar para nós desgastados. Não quero, mas pode ter atleta cortado na véspera por lesão — afirmou o preparador físico da seleção Fábio Mahseredjian durante a última data-Fifa.
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Não são apenas atletas brasileiros que têm esse temor. Lionel Messi talvez seja quem mais abertamente esteja se segurando na temporada europeia para chegar inteiro no Mundial. Ao sofrer uma lesão muscular leve no PSG, pediu para ser poupado de alguns jogos e não quis arriscar voltar antes de ter 100% de certeza de que estava recuperado, mesmo com a liberação.
— É um Mundial diferente, que será jogado em um período diferente dos anteriores. Estão tão pertinho que qualquer mínima coisa que acontecer pode te deixar de fora. Começar a jogar pensando nas lesões pode ser contraproducente. O melhor é atuar com normalidade, como sempre. Jogar é a melhor maneira de estar bem — disse.
Gavi e Varane, por exemplo, viraram preocupações para suas seleções após as partidas deste fim de semana por Barcelona e Real Madrid. O zagueiro francês sofreu uma lesão muscular, mas os exames realizados dão esperanças. Na Espanha, o meia Gavi sofreu uma forte pancada na perna e saiu dos gramados chorando.
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