O recente sucesso desportivo também tem sido sinônimo de mais dinheiro para os brasileiros, que levam premiações maiores (Eurasia Sport Images /Getty Images)
Repórter da Home e Esportes
Publicado em 2 de abril de 2024 às 08h00.
As fases de grupos da Libertadores e da Copa Sul-Americana terão início nesta terça-feira, 2, e o futebol brasileiro tem grande chance de manter a hegemonia no continente. Afinal, segundo estudo do Transfermarket, plataforma de cobertura de futebol internacional, o país tem oito dos 10 elencos mais valiosos da América do Sul.
O Palmeiras é a equipe mais cara, com valor de mercado estimado em € 209 milhões (R$ 1,136 bilhão), seguida pelo Flamengo (€ 172,6 milhões/ R$ 935,4 milhões) e Corinthians (€ 114,8 milhões / R$ 620 milhões). Os dois “estrangeiros” que estão na lista são argentinos. O River Plate é o quinto mais valioso (€ 97,6 milhões / R$ 527,5 milhões), enquanto o Boca Juniors é o nono na relação (€ 76,8 milhões / R$ 413,3 milhões).
Dentro de campo, esse poderio financeiro tem feito toda a diferença. No principal torneio do continente, por exemplo, os últimos cinco campeões foram brasileiros: Flamengo (2019 e 2022), Palmeiras (2020 e 2021), além do Fluminense em 2023.
O recente sucesso desportivo também tem sido sinônimo de mais dinheiro para os brasileiros, que levam premiações maiores, como os R$ 90 milhões conquistados pelo Fluminense ao vencer a Libertadores em 2023. Já em 2024, as cifras serão na casa dos R$ 117 milhões. Nesse cenário, Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport no Brasil, agência especializada em experiências esportivas e parceira oficial da Conmebol, destaca a influência de a Libertadores ser cada vez mais compreendida como um produto.
“A final única, por exemplo, possibilita engrandecer o espetáculo e potencializar o faturamento, ao facilitar a abordagem comercial com patrocinadores e os direitos de transmissão. Na decisão da Libertadores de 2023, foi registrada a maior bilheteria da história do futebol brasileiro e sou capaz de apostar que esse ano o número será ainda maior - e, tenho certeza que nossas ativações e pacotes de viagem terão cada vez mais relevância para contribuir com o potencial desse resultado financeiro”, afirma.
Em 2024, sete times disputarão a Libertadores (Flamengo, Palmeiras, Fluminense, São Paulo, Atlético-MG, Grêmio e Botafogo). Outros sete estarão na Sul-Americana (Corinthians, Bragantino, Athletico-PR, Internacional, Fortaleza, Cuiabá e Cruzeiro).
Especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Wolf Sports, Fábio Wolff cita a questão econômica como fator preponderante para o recente domínio brasileiro.
“O Brasil tem o maior poderio econômico do continente. Com isso, os clubes conseguem movimentar cifras muito maiores que seus concorrentes e isso acaba se refletindo em campo”, disse.
Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports, empresa de entretenimento norte-americana comandada pelo cantor Jay-Z, seguiu pela mesma linha de raciocínio e ainda lembrou do momento difícil vivido pelos argentinos.
“Vimos a economia argentina ser depreciada ao longo de décadas. Aqui no Brasil, ao contrário, tivemos o benefício do controle inflacionário e outras medidas que fizeram os nossos clubes se afastarem muito dos argentinos. Foi um processo que não foi capitaneado pelos clubes, mas decorrente das reformas estruturais pelas quais passamos, e eles não. Nossos clubes não foram melhor administrados do que os deles”, ressaltou.
Para fechar, Renê Salviano, CEO da Heatmap, lembrou de outro fator para explicar o momento altamente favorável.
“Nos últimos anos, tem acontecido uma profissionalização em todas as camadas do futebol brasileiro. Isso reforça ainda mais a possibilidade de o domínio continuar por muitos e muitos anos. Uma boa gestão fora das quatro linhas resulta em títulos dentro de campo”, analisou o especialista em marketing esportivo.
Com toda essa diferença de poderio financeiro em relação aos vizinhos, o Brasil ainda se destaca, em nível mundial, nas contratações durante a primeira janela de transferências do ano. Também conforme o Transfermarkt, durante o período, os clubes da série A do Brasileirão foram os que mais investiram na aquisição de reforços em todo o mundo, com cerca de R$ 1,1 bilhão gastos.
Entre as ligas sul-americanas, a primeira divisão argentina vem na sequência, em nono lugar no ranking mundial, com investimento de R$ 335 milhões. Fechando o pódio, vem a liga equatoriana, apenas na 39ª colocação global, com aporte na casa dos R$ 16 milhões.
Apesar do cenário econômico ser favorável ao Brasil, na Copa Sul-Americana, por sua vez, o retrospecto é mais equilibrado dentro de campo, com apenas uma vitória brasileira nas últimas três edições. Neste ano, a projeção dos participantes é por uma maior competitividade para o torneio, que terá outras equipes de destaque, principalmente da Argentina, como Defensa Y Justicia, Boca Juniors, Argentinos Juniors e Racing.
“A Copa Sul-Americana tem, cada vez mais, um nível de competitividade crescente. Neste ano, por exemplo, temos uma série de equipes campeãs da Libertadores, casos de Boca Juniors, Racing, Internacional, Corinthians, Cruzeiro e Olímpia. Entramos nesta disputa buscando avançar, com a meta de fazer uma boa campanha e poder seguir tendo um nível de protagonismo dentro da disputa", afirma Marcelo Paz, CEO da SAF do Fortaleza.
“A Copa Sul-Americana, para nós, é mais um objetivo neste ano. Além da premiação, trata-se de um torneio que conta com um peso muito grande, e que neste ano reúne clubes de extrema relevância, muitos deles campeões da Copa Libertadores. Esperamos fazer uma grande campanha”, destaca Felipe Becker, vice-presidente de futebol do Internacional, clube campeão da competição em 2008.
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