Galvão Bueno. (Mauricio Fidalgo/Globo/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2022 às 10h47.
Amigos do mundo do futebol, Galvão Bueno e Cafu possuem algo em comum: estão entre as 'celebridades' que mais fecharam contratos publicitários para a Copa do Mundo. O narrador da TV Globo, aliás, chegou a oito patrocinadores e superou o capitão do pentacampeonato em 2002, com sete parcerias.
Até o momento, Galvão tem contratos fechados com as Lojas Americanas, Visa, Johnny Walker, Petrobrás, Pixbet, Ambev (inclusive foi tema de comercial da Brahma), Tik Tok e o Banco IQI Investimentos. Já o ex-jogador Cafu é hoje responsável por estampar os anúncios de sete marcas: Adidas, Embracon, Toshiba, Havan, UPL, Liberty Seguros e Rivalo.
Quem superou todas as expectativas e está a frente de todos eles - inclusive de Neymar, é Vini Jr. O atual atacante do Real Madrid fechou contrato com 11 marcas e é o líder entre as personalidades brasileiras. São elas: Pepsi, Casas Bahia, Vivo, Nike, EA Sports, Zé Delivery, Golden Concept, BetNacional, Royaltiz e OneFootball.
Segundo profissionais do mercado esportivo, a preferência por esses rostos, nas vésperas do Mundial, é um movimento natural feito pelas marcas e que pode ser explicado pelo objetivo de buscar uma aproximação junto ao público, já que Vini Jr., Cafu e Galvão Bueno são referências para as suas respectivas gerações.
“Buscar o endosso de atletas de renome em tempos de Copa do Mundo é relativamente comum. A escolha é chave, já que envolve muitos fatores: reputação, atributos aderentes às marcas e campanhas, custos envolvidos, tudo pesa e determina o sucesso dessa escolha”, analisa Armênio Neto, especialista em marketing esportivo e em geração de receitas no esporte.
Responsável por fechar importantes contratos em tempos de Copa, como das empresas Semp TCL e Kavak junto à CBF, Armênio Neto explica as diferenças deste montante em relação a Neymar, que já foi o preferido em Copas anteriores. Para o Catar, o atacante do PSG tem acordos fechados com Sadia, Puma e Budweiser.
"Galvão e Vini Jr, cada um com seus atributos e características, são grandes novidades para o mercado publicitário em ano de Copa. Mas dois elementos devem ser considerados numa comparação com Neymar, por exemplo: território e tempo desses contratos. Neymar tem mais de uma década de trabalho sólido, associando sua imagem a mais de uma dezena de marcas, muitas delas de abrangência global e contratos invariavelmente longos. Não estão necessariamente atrelados a um evento específico, mas a sua imagem, alcance e reconhecimento. Mas Galvão e Vini Jr têm, indiscutivelmente, muita força e potencial para irem além de uma Copa", acrescenta.
Para Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e responsável por gerenciar a carreira do atacante Endrick, do Palmeiras, a possibilidade aberta pelo Grupo Globo abriu o leque para as duas partes, mercado e o próprio narrador.
"Com relação ao Galvão, essa é a última Copa do Mundo dele. É um ícone da comunicação brasileira e até pouco tempo atrás não podia fazer esse tipo de contrato. Tornou-se naturalmente uma outra opção do mercado, e muito assertiva", aponta.
Uma das grandes estrelas do Real Madrid e da Seleção Brasileira, Vini Jr. é visto por muitos como a verdadeira face do Brasil. Natural de São Gonçalo, o carioca de apenas 22 anos consegue cativar torcedores em todo o mundo, dentro e fora de campo. E essa contrução de imagem começou já há algum tempo. Em 2020, ele seguiu uma recomendação 'técnica' de agências de publicidade e pediu para ser chamado de Vini Jr - e não mais como Vinicius Jr.
Essa alteração seguiu uma linha de estudo de que era difícil pronunciar o nome Vinícius entre os catalões e até mesmo em outros países europeus e até mesmo asiáticos, como China e Japão, mercados em que o estafe do atacante já pensa a longo prazo - e por isso a alteração para Vini.
"Fazendo uma análise do atleta, sem interessar o clube em que ele joga, acho que a mudança pode ser positiva se ela vier trabalhada com uma ideia de sustentação para as redes sociais e imprensa. Não adianta só pedir para mudar o nome. Deve haver por trás uma estratégia de branding, de mudança de marca, que vai vir apoiada em diversas propriedades de comunicação e comerciais que esse atleta dialogue", opina Renê Salviano, ex-diretor comercial e ex-diretor de marketing comercial de clubes, e dono da agência de marketing esportivo Heatmap.
“Cada vez mais os influenciadores terão suas comunidades muito definidas, cada um com seu público, nível de engajamento e valores. Tenho dito sempre que o segmento digital terá uma crescente muitos anos, onde as marcas terão informações concretas sobre força de conexão e suas métricas de conversão, o que facilita consideravelmente analisar o quanto em quem investir”, acrescente Salviano.
Já Bernardo Pontes, sócio da agência BP Sports, que atua com marketing e patrocínio esportivo, analisa que esse tipo de mobilização ressalta a forte influência que o atacante possui. Isso explicaria o motivo de as marcas apostarem nele, pois estariam o enxergando como uma espécie de espelho para a nova geração.
“Vini Jr representa muito bem o povo brasileiro. A jornada do herói. Um jovem humilde e sonhador que saiu de uma comunidade no Rio, conquistou primeiro o coração da maior torcida do Brasil, para depois brilhar no maior time do mundo. Vini Jr é alegria no rosto e irreverência com os pés. Desde já entendeu seu papel como referência para os mais jovens, construindo e tocando com muito carinho o projeto do Instituto Vini Jr, que apoia escolas públicas através de novos modelos de ensino e aprendizagem”, destaca Pontes.
Mas, afinal, levando em conta as peculiaridades do capitão do Hexa e do craque do Real Madrid, qual seria o melhor nome para as empresas? Armênio Neto, que já fechou acordo de marcas com grandes personagens do esporte, como Neymar e Pelé, por exemplo, explica a diferença entre Cafu e Vini Jr. e dá o seu parecer sobre essa questão.
“Cafu tem imagem positiva, engajamento social, é o capitão eternizado pelo momento do último título, por isso está na memória mais recente dos brasileiros. Vini Jr representa o novo, a irreverência, a energia da juventude e a esperança da vitória. Mas há uma grande diferença quando pensamos no digital. Vini nasceu digital, está em atividade num clube global, por isso cresce vertiginosamente. O que não significa que é uma escolha melhor ou pior do que Cafu. Apenas diferente. Porque ambos apresentam razões de sobra para que grandes marcas se conectem a eles”, finaliza Neto.
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