Gabriel Barbosa, cohecido como Gabigol, joga com apelido Gabi na camisa (Ricardo Moreira/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2022 às 10h43.
Última atualização em 12 de setembro de 2022 às 21h06.
Na transmissão das semifinais da Copa do Brasil, o repórter Edgar Alencar e o narrador Gustavo Villani comentaram sobre os nomes do volante corintiano Fausto Vera, que pediu para ser chamado apenas de Fausto, e do atacante Gustavo Mosquito, que em 2020 chegou a pedir via assessoria de imprensa para não ser chamado pelo apelido. Na transmissão de ontem, no entanto, o próprio repórter revelou que, apesar do pedido anterior, o jogador não ligava se também citassem o apelido 'Mosquito'.
Já no confronto das 21h30, foi a vez do narrador Cléber Machado, em determinado momento da segunda etapa, indagar como Gabigol deveria ser chamado. Se era só de Gabriel, de Gabi, de Gabriel Barbosa. Em dezembro de 2020, Gabigol, como ficou nacionalmente conhecido, anunciou nas redes sociais que passaria a ser chamado de Gabi. Isso aconteceu antes de uma partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano.
"Quando se está no início da carreira, acredito que essa mudança seja mais fácil de ser digerida pelo mercado. Mas em determinados casos é muito improvável que a mesma ocorra. O nome Gabigol já estava consolidado quando ele quis determinar essa mudança", afirma Fábio Wollf, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Wolff Sports.
Na época, o staff ligado ao ídolo flamenguista deixou claro que não havia nenhuma estratégia de marketing por trás dessa transformação. Era meramente algo pessoal, de gosto próprio, pois assim ele era chamado por pessoas próximas. Acontece que, passados quase dois anos, o jogador continua sendo tratado e chamado como Gabigol em transmissões, programas esportivos e até mesmo pelo público e fãs que torcem pelo craque.
"Os apelidos são lúdicos como o futebol, são traços do nosso país. Geralmente, chegam na infância e trazem certa afetividade, vários apelidos são quase impossíveis de sumirem. Acredito que os atletas precisam se sentir à vontade com seu próprio nome, mas, caso queiram mudar, o momento de ter a decisão como quer realmente ser chamado deve ser antes da chegada ao profissional, preferencialmente", opina Renê Salviano, ex-coordenador comercial e ex-diretor de marketing comercial de clubes, e dono da agência de marketing esportivo Heatmap.
Ao longo dos últimos anos, algumas mudanças ficaram bem conhecidas, mas a maioria delas realizadas no começo da carreira. O caso mais emblemático foi o de Lucas Moura, que nas categorias de base era chamado de Marcelinho, justamente pela semelhança com um ex-ídolo corintiano, Marcelinho Carioca. Já Diego Tardelli, quando estava na base do São Paulo, era chamado de Dinei, também por ter semelhança com outro ex-atleta do Timão, o próprio centroavante Dinei.
"Existe uma identidade com os nomes perante aos fãs, especialmente a um público mais jovem, que já cresce ouvindo, falando, colocando nome na camisa, personalizando seu time nos games e por aí vai", aponta Bernardo Pontes, sócio da Alob Sports, agência de marketing de influência focada no esporte.
"Não creio que uma mudança pelo simples fato de querer mudar seja benéfica, ainda mais quando esse nome já se consolidou como marca. Agora, existem casos como o do Vinicius Jr, que virou Vini Jr justamente no momento da mudança do Brasil para a Espanha com o objetivo de se engrandecer neste mercado de fora do país", diz o executivo.
Alguns pedidos de mudanças, no entanto, trazem alguns conceitos interessantes voltados para o campo dos negócios. É o caso principal do atacante Vinicius Jr, do Real Madrid. Também em 2020, ele seguiu uma recomendação 'técnica' de agências de publicidade e pediu para ser chamado de Vini Jr.
Essa alteração seguiu uma linha de estudo de que era difícil pronunciar o nome Vinícius entre os catalões e até mesmo em outros países europeus e até mesmo asiáticos, como China e Japão, mercados em que o estafe do atacante já pensa a longo prazo - e por isso a alteração para Vini.
"Fazendo uma análise do atleta, sem interessar o clube em que ele joga, acho que a mudança pode ser positiva se ela vier trabalhada com uma ideia de sustentação para as redes sociais e imprensa. Não adianta só pedir para mudar o nome. Deve haver por trás uma estratégia de branding, de mudança de marca, que vai vir apoiada em diversas propriedades de comunicação e comerciais que esse atleta dialogue", complementa Renê Salviano.
Jorge Avancini, vice-presidente de marketing do Internacional, destaca o fato de alguns nomes já estarem consolidados como marcas e na relação com fãs e patrocinadores. "Acho que toda mudança de nome causa uma ruptura muito grande, ainda mais quando esse nome já está atrelado a uma marca, um produto, e hoje os jogadores já reconhecidos carregam esse status. Se essa mudança vier atrelada de uma estratégia de marketing bem definida, é válido, mas apenas por gosto pessoal pode ter consequências com os fãs e até mesmo relação com patrocinadores", aponta.
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